Especialistas Alertam: IA na Psicoterapia Não Tem Evidências Científicas — Por Que Este Momento Define a Regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil

Nas últimas 24 horas, uma série de notícias revelou um cenário paradoxal: enquanto o Brasil se posiciona como futuro hub global de IA e empresas como o G4 Educação planejam triplicar receitas com inteligência artificial, especialistas brasileiros soam um alerta fundamental sobre os limites e riscos dessa tecnologia.

O Alerta Urgente dos Especialistas Brasileiros

“Não existem evidências de que possa haver psicoterapia realizada por IA”, alertou Alessandra Santos de Almeida, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), em reportagem do رائع. A declaração vem em um momento crítico: uma pesquisa americana indica que metade dos usuários já utiliza robôs para apoio emocional.

Os números são alarmantes. Testes supervisionados pelo psicanalista Christian Dunker revelaram erros graves, como o não reconhecimento de sintomas de infarto quando descritos como ansiedade. Nos EUA, uma família já processa a OpenAI após um suicídio associado ao uso do ChatGPT.

Como alguém que acompanha a evolução da IA há décadas, vejo esse momento como um divisor de águas. A mesma tecnologia que promete transformar positivamente a educação e os negócios também carrega riscos reais quando aplicada inadequadamente em áreas sensíveis como saúde mental.

Os Riscos Além da Terapia: Um Padrão Preocupante

O problema vai além da psicoterapia. Uma investigação da Bloomberg revelou que a Meta criou chatbots simulando celebridades como Taylor Swift e Scarlett Johansson, permitindo até a geração não autorizada de conteúdos sexuais. Casos como deepfakes pornográficos e clonagem de vozes para golpes financeiros demonstram um padrão: a tecnologia avança mais rápido que nossa capacidade de regulamentá-la eticamente.

Mas talvez o mais preocupante seja um estudo da Microsoft e Universidade Carnegie Mellon que revelou como a IA generativa está reduzindo nossa capacidade de pensamento crítico. Os participantes relataram confiar excessivamente em chatbots que frequentemente produzem “alucinações” – informações incorretas apresentadas com confiança.

Por Que Isso Importa Para Empreendedores e Líderes

Esses casos revelam algo fundamental: não se trata de ser contra a IA, mas de entender seus limites. Em minha experiência acelerando startups, sempre observei que as tecnologias mais transformadoras são também as que exigem maior responsabilidade na implementação.

A questão não é “se” a IA será regulamentada, mas “como” isso acontecerá. E o Brasil tem uma oportunidade única de liderar esse processo.

Brasil na Vanguarda: Soberania e Oportunidade

Enquanto enfrentamos esses desafios éticos, o Brasil se posiciona estrategicamente no cenário global. Oliver Parker, vice-presidente de IA generativa do Google, destacou que “soberania digital tornou-se fator estratégico para a adoção de IA”. O país investiu em infraestrutura local com data centers que permitem processamento de dados inteiramente em território nacional.

Thomas Kurian, presidente global do Google Cloud, foi ainda mais direto: o Brasil “tem potencial para se transformar em um polo global de treinamento e operação de IA, apoiado na disponibilidade de energia limpa e econômica”. A instalação dos chips TPU Trillium de sexta geração em São Paulo coloca o país na vanguarda tecnológica.

O Exemplo do G4: Crescimento Responsável com IA

Um case brasileiro exemplar vem do G4 Educação. Prestes a alcançar o primeiro bilhão em faturamento, a empresa planeja triplicar a receita até 2027, impulsionada pelo uso estratégico da IA. O cofundador Tallis Gomes apostou em soluções proprietárias que permitem desenvolver softwares com baixo custo – como a criação do marketplace G4 Tools em 12 horas usando ferramentas de voz.

O interessante é que o G4 Tools, lançado em janeiro de 2025, já responde por um terço da receita da empresa. Isso demonstra como a IA, quando aplicada estrategicamente, pode gerar valor real e sustentável.

Educação: O Caminho Entre Oportunidade e Responsabilidade

A educação emerge como o elo crucial entre oportunidade e responsabilidade. O Conselho Nacional de Educação trabalha em uma resolução para orientar o uso da IA na educação básica, incluindo sua inserção obrigatória em currículos de Pedagogia e Licenciaturas.

O objetivo não é criar uma disciplina específica, mas promover consciência crítica sobre funcionamento, limitações, vieses e oportunidades da IA. Em minhas conversas com educadores, sempre enfatizo: não se trata de substituir a relação professor-aluno, mas de fortalecer a mediação humana.

Privacidade Como Diferencial Competitivo

Nesse contexto, o lançamento do VaultGemma pelo Google ganha relevância especial. Este modelo com 1 bilhão de parâmetros foi treinado integralmente com privacidade diferencial, técnica que protege dados pessoais sem comprometer a utilidade do modelo.

Para setores como saúde, finanças e jurídico – onde a confidencialidade é fundamental – essa abordagem representa um avanço crucial. É exatamente o tipo de inovação que pode posicionar o Brasil como líder em IA responsável.

O Momento da Regulamentação Inteligente

Vivemos um momento único: temos exemplos claros dos riscos (psicoterapia inadequada, deepfakes, redução do pensamento crítico) e das oportunidades (soberania digital, crescimento de negócios, democratização educacional). A questão é como equilibrar esses fatores.

No Brasil, o CFP lidera discussões para regular a IA no setor de saúde mental, enquanto legislações estaduais nos EUA começam a barrar a atuação de IA como terapeuta. A União Europeia avança com o AI Act, estabelecendo marcos regulatórios claros.

Cinco Princípios Para Adoção Responsável

Com base nos casos das últimas 24 horas e minha experiência com startups, identifico cinco princípios fundamentais:

• Transparência sobre limitações: Como o alerta dos psicólogos sobre IA na terapia
• Consentimento informado: Especialmente relevante nos casos de deepfakes com celebridades
• Soberania de dados: A estratégia brasileira de processamento local
• Educação continuada: Preparando profissionais para trabalhar COM IA, não CONTRA ela
• Regulamentação adaptativa: Que evolua junto com a tecnologia

O Paradoxo da Confiança e Competência

Um dado me chamou atenção: enquanto especialistas alertam sobre os riscos da IA na terapia e sua capacidade de reduzir o pensamento crítico, empresas como o G4 demonstram crescimento extraordinário usando essas mesmas tecnologias. O Estadão publicou cinco recomendações para quem usa IA na terapia, reconhecendo que o uso já é uma realidade.

Isso revela algo importante: o futuro não será sobre evitar a IA, mas sobre usá-la conscientemente. As startups e empresas que entenderem isso primeiro terão vantagem competitiva significativa.

A Oportunidade Para Empreendedores

Para empreendedores e líderes empresariais, esse momento representa uma oportunidade única:

• Posicionamento ético diferenciado: Empresas que adotarem IA responsável ganharão confiança
• Vantagem regulatória: Quem se preparar agora estará à frente quando as regras chegarem
• المواهب المتخصصة: A demanda por profissionais que entendam IA E ética crescerá exponencialmente
• Mercados emergentes: Soluções de IA com privacidade e transparência são o próximo blue ocean

Reflexões Para o Futuro

As notícias das últimas 24 horas pintam um quadro fascinante: estamos no momento exato em que a IA deixa de ser uma promessa futurística para se tornar realidade presente, com todos os benefícios e desafios que isso implica.

O Brasil tem todos os ingredientes para liderar esse processo: infraestrutura tecnológica avançada, energia limpa abundante, ecossistema de startups maduro e, principalmente, a consciência de que regulamentação não é obstáculo, mas diferencial competitivo.

Em minha jornada apoiando o desenvolvimento de milhares de startups, sempre observei que os momentos de maior incerteza regulatória são também os de maior oportunidade para empreendedores visionários. Este é um desses momentos.

O Papel dos Líderes

Líderes empresariais e empreendedores têm uma responsabilidade especial neste momento. Não se trata apenas de adotar IA para ganhar eficiência ou reduzir custos – embora isso seja importante. Trata-se de moldar مثل essa adoção acontecerá em nossa sociedade.

Quando vejo o alerta dos psicólogos sobre IA na terapia, não penso “vamos evitar IA na saúde”. Penso “como podemos usar IA para amplificar o trabalho dos profissionais de saúde mental, mantendo a centralidade da relação humana?”

Essa mudança de perspectiva – de substituição para amplificação – pode definir se a IA será uma força de fragmentação social ou de fortalecimento das capacidades humanas.

Conclusão: O Momento da Escolha

As últimas 24 horas nos ofereceram um retrato completo do momento atual da IA no Brasil: riscos reais que exigem atenção urgente, oportunidades econômicas extraordinárias, e um país posicionado para liderar a próxima fase dessa revolução tecnológica.

Não é coincidência que esses temas surgiram simultaneamente. Estamos no ponto de inflexão onde escolhas feitas hoje definirão se a IA será uma força de democratização ou concentração, de empoderamento ou dependência, de transparência ou opacidade.

Para empreendedores, gestores e líderes, a mensagem é clara: o momento de definir sua estratégia de IA responsável é agora. Não apenas pela vantagem competitiva, mas pela oportunidade de contribuir para um futuro onde tecnologia e humanidade se complementem, em vez de competirem.

No meu trabalho de mentoring com startups e empresas, tenho observado que aquelas que conseguem equilibrar inovação tecnológica com responsabilidade social não apenas crescem mais sustentavelmente, mas também atraem os melhores talentos e a confiança dos consumidores mais exigentes.

O futuro da IA no Brasil será escrito por quem entender que regulamentação não é limitação – é diferencial competitivo. E esse futuro começa agora.