95% das Iniciativas de IA Não Geram Receita Enquanto Salários Sobem 323% Para Quem Domina a Tecnologia — Por Que Esta Tensão Define o Momento da Maturidade Organizacional
December 20, 2025 | by Matos AI

As últimas 24 horas trouxeram um retrato contraditório, mas revelador: enquanto 95% das iniciativas de IA nas empresas não geram impacto direto na receita, segundo o MIT, a procura por profissionais com competências em IA cresceu 323% entre 2018 e 2024, de acordo com a Microsoft e o LinkedIn. Ao mesmo tempo, negociações globais de datacenters atingiram recorde de US$ 61 bilhões, e o Brasil hesita entre oportunidade e insegurança regulatória.
Esse paradoxo não é acidente. Ele expõe o momento exato em que estamos: a IA saiu da fase experimental, entrou na fase de infraestrutura crítica, mas ainda patina na geração de valor real porque muitas organizações confundem ferramenta com estratégia.
Vou explicar por que essa tensão importa, o que os dados revelam sobre o futuro do trabalho e da infraestrutura digital, e o que você precisa fazer para não ficar do lado errado dessa virada.
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O Paradoxo Central: Investimento Recorde, Retorno Medíocre
Vamos começar pelo elefante na sala. O relatório do MIT citado pela Terra report é claro: 95% das iniciativas de IA nas empresas não geram impacto direto na receita. E o estudo da BCG complementa: apenas 5% das organizações geram valor significativo com IA.
Por quê? A resposta é simples, mas dolorosa: a maioria das empresas trata IA como se fosse um eletrodoméstico. Compram a ferramenta, plugam na tomada e esperam que ela resolva problemas sozinha. Não funciona assim.
A maior barreira não é tecnológica. É humana. Falta conhecimento para aplicação consistente. As organizações focam na ferramenta e negligenciam o preparo de pessoas. E isso tem um custo enorme: dinheiro jogado fora, tempo perdido, descrédito interno e frustração generalizada.
Eu vejo isso de perto no meu trabalho com empresas de diferentes portes e setores. A tentação é grande: contratar uma consultoria, implementar uma solução pronta, fazer um piloto de dois meses e declarar vitória. Mas aí a solução não escala, os times não sabem usar, os dados estão bagunçados, e a conta não fecha.
Quem Está Do Lado Certo da Virada: Salários e Competências
Agora, o outro lado da moeda. Enquanto as empresas falham, os profissionais que dominam IA estão colhendo frutos reais. Segundo o Guia Salarial da Robert Half, baseado em 500 gestores e 1.000 profissionais no Brasil, competências em IA lideram as habilidades com remuneração acima da média em 2026.
Mais ainda: 83% dos empregadores estão mais propensos a pagar mais a quem tem competências especializadas. E 47% dão preferência a competências em IA sobre experiência prévia. Isso é uma virada de jogo. A experiência sempre foi o grande diferencial no mercado de trabalho. Agora, ela compete com a capacidade de usar IA de forma estratégica.
E os números globais impressionam: a procura por profissionais com IA cresceu 323% entre 2018 e 2024, segundo dados da Microsoft e LinkedIn.
O que isso significa na prática? Que o mercado está pagando um prêmio altíssimo para quem consegue traduzir a tecnologia em valor de negócio. Não estamos falando de quem sabe usar o ChatGPT para escrever e-mails. Estamos falando de quem entende como treinar modelos, construir pipelines de dados, desenhar arquiteturas de sistemas e, principalmente, alinhar tudo isso com objetivos de negócio.
Infraestrutura: A Corrida Silenciosa Que Está Definindo o Futuro
Enquanto isso, uma corrida silenciosa está acontecendo nos bastidores: a disputa por datacenters de capacidade avançada para IA. As negociações globais de datacenters atingiram um recorde até novembro, totalizando quase US$ 61 bilhões, segundo a S&P Global Market Intelligence. Foram mais de 100 transações, superando o recorde de 2024.
Datacenters para IA exigem muito mais do que os convencionais: mais investimento, mais refrigeração, mais energia. E a disponibilidade de ativos de alta qualidade é escassa. Os atuais proprietários relutam em vender porque sabem que o ativo está se valorizando rapidamente. É o equivalente digital a campos de petróleo.
E o Brasil? Está hesitando. A MP n° 1.318/2025 criou o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter (Redata1), mas sua consolidação jurídica ainda é incerta, aguardando o PL da IA (PL 2338/23). Enquanto isso, vizinhos aceleram: Chile lançou Plano Nacional de Datacenters; Uruguai recebeu investimento do Google (US$ 850 milhões) e Chile da AWS (US$ 4 bilhões).
Por que isso importa? Porque infraestrutura local é crucial para soberania digital e compliance com a LGPD. Processar dados sensíveis fora do país traz riscos jurídicos, operacionais e estratégicos. Sem datacenters robustos por aqui, ficamos dependentes de infraestrutura estrangeira, vulneráveis a flutuações geopolíticas e sem controle sobre ativos estratégicos.
O Trabalho Está Mudando — E Não Do Jeito Que Você Imagina
Agora, um tema que me preocupa profundamente: o impacto da IA nas relações de trabalho. O artigo da Jota sobre gestão algorítmica é um dos textos mais importantes que li recentemente.
A gestão algorítmica com IA está moldando profunda e transversalmente o poder empregatício. E isso acontece em três fases:
- Antes da admissão: Riscos de vieses e discriminação, pois sistemas de IA treinados com históricos de contratação podem reproduzir desigualdades. Falta de transparência sobre a avaliação algorítmica.
- Durante a relação: Monitoramento intenso (ritmo de digitação, cliques, desvio de olhar), gerando pressão métrica e penalizando condições específicas (neurodivergentes, mães). Redução da autonomia e intensificação da assimetria empregador-empregado.
- Depois do encerramento: Risco de dispensa algorítmica baseada em desempenho, podendo ser abrupta e discriminatória. Risco de manutenção de “Listas Sujas” que dificultam a reinserção profissional.
O artigo cita até um caso de acusação de que o Google criou ferramenta de espionagem trabalhista. E os desafios judiciais são complexos: como contestar decisões automatizadas que operam como “caixas-pretas” protegidas por segredos de empresa?
A conclusão é dura: a gestão algorítmica agudiza o desnível socioeconômico. O Direito do Trabalho deve buscar transparência, explicabilidade, segurança de dados e o primado da proteção humana para frear os efeitos nocivos da tecnologia na dignidade laboral.
Eu defendo IA. Trabalho com IA. Ajudo empresas e governos a implementarem IA. Mas defendo IA responsável. IA que amplia, não que substitui. IA que libera tempo para o estratégico, não que desumaniza. IA que serve às pessoas, não às métricas cegas.
A Dependência Silenciosa e o Empobrecimento do Pensamento
E tem outro ângulo preocupante nessa história toda. A pesquisa da Página 3 revealed that 63% dos brasileiros já pediram a uma IA para escrever mensagens pessoais. E 49% já receberam mensagens geradas por IA.
O cenário é interpretado como “terceirização mental”, reduzindo o exercício de formular opiniões próprias. 76% dos brasileiros dizem que está mais difícil conversar e se relacionar. E 60% acreditam que os mais valorizados no futuro serão os que souberem analisar criticamente as informações trazidas pelas IAs.
Isso me lembra de uma metáfora que uso sempre: IA é como uma calculadora poderosíssima. Ela resolve contas complexas em milissegundos. Mas se você não entende matemática, não sabe nem que pergunta fazer. E se delegar todo o pensamento para a calculadora, perde a capacidade de raciocinar.
O empobrecimento do debate público e a delegação do pensamento são preocupações reais. Precisamos resgatar “o tempo humano da reflexão”, como sugere o estudo.
O Que Explica o Gap Entre Investimento e Resultado?
Voltando ao paradoxo inicial: por que 95% das iniciativas de IA falham, mas os investimentos explodem?
A resposta está na falta de liderança preparada and capacitação das equipes. O relatório da Earth é categórico: organizações que capacitam suas equipes para trabalhar lado a lado com a IA dobram as chances de gerar valor de negócio, segundo a McKinsey.
E os especialistas (CFC, Orleans) apontam que muitas empresas focam na ferramenta e negligenciam o preparo de pessoas. É como comprar um jato particular sem saber pilotar. A ferramenta é poderosa, mas sem conhecimento, vira peso morto.
Liderar IA exige clareza estratégica e criar condições para experimentação. Não dá para implementar de cima para baixo, sem envolver os times, sem testar, sem iterar. E não dá para esperar resultado imediato. IA é investimento de médio prazo. Quem quer resultado em 30 dias vai se frustrar.
Onde o Brasil Está Nessa História Toda?
O Brasil está em uma posição curiosa. Temos adoção crescente, talentos excelentes, casos de uso inovadores (como a reportagem da GZH mostra sobre líderes gaúchos usando IA em gestão de risco, análise preditiva, marketing e eficiência operacional), mas temos também insegurança regulatória and falta de infraestrutura consolidada.
A IA já opera como infraestrutura no setor econômico, gerando valor ao automatizar processos e liberar tempo das equipes para atividades estratégicas e relacionamento. Mas o valor final depende das escolhas humanas, exigindo governança e ética.
Em 2026, a diferença estará em as a IA é usada. E isso exige três coisas:
- Clareza estratégica: saber onde a IA faz diferença e onde não faz.
- Continuous training: treinar times, criar cultura de experimentação, investir em educação.
- Governança rigorosa: transparência, explicabilidade, proteção de dados, respeito à dignidade humana.
O Desafio da Alfabetização em IA: “Prompt” e “LLM” Viraram Bichos de Sete Cabeças
E por falar em capacitação, um dado curioso: o levantamento da Adapta com 500 usuários mapeou 90 expressões de IA pouco compreendidas. O termo que mais gerou dúvidas foi “Prompt” (12,6%).
Prompt! O comando básico que você envia para a IA. Se isso confunde, imagina conceitos mais complexos como “machine learning”, “deep learning”, “redes neurais”, “LLM” (Large Language Models) e “tokens”.
Esse dado expõe a urgência de alfabetização em IA. Não estou falando de transformar todo mundo em cientista de dados. Estou falando de garantir que as pessoas entendam o básico: como a IA funciona, o que ela pode e não pode fazer, como interagir com ela de forma eficaz.
E tem outro termo que apareceu no estudo: “alucinação de IA”. A confusão com esse conceito evidencia a necessidade crítica de supervisão humana e verificação de conteúdos gerados. IA não é infalível. Ela “alucina”, inventa dados, comete erros. Delegar decisões críticas para IA sem supervisão é receita para desastre.
O Lado B: Deepfakes, Fraudes e o Caso da “Monja Coen de IA”
E enquanto a IA avança, surgem usos indevidos que exigem vigilância constante. O caso da “Monja Coen de IA” é emblemático: uma liminar da Justiça de São Paulo mandou remover um canal no TikTok (@misteriosdelastrologia, com mais de 4 milhões de seguidores) que usava deepfakes para gerar vídeos com voz e imagem da Monja Coen falando sobre astrologia, tema alheio ao budismo.
A juíza citou violação de direitos de personalidade e a confusão induzida pela indistinguibilidade dos vídeos autênticos. A advogada da monja ressaltou que as denúncias à plataforma foram ignoradas.
Este caso demonstra a crescente preocupação com deepfakes para fins de fraude e monetização. E não é caso isolado: há relatos similares envolvendo o médico Drauzio Varella e outros.
Sem regulação, sem ferramentas de verificação, sem responsabilização de plataformas, vamos ver isso se multiplicar. E o custo será enorme: credibilidade corroída, desinformação massiva, violação de direitos fundamentais.
O Que Vem Por Aí: Três Movimentos Inevitáveis
Olhando para frente, vejo três movimentos inevitáveis:
1. Consolidação da IA Como Infraestrutura Crítica
A IA vai deixar de ser “projeto inovador” para ser “infraestrutura essencial”. Assim como internet, energia elétrica e água. Quem não tiver acesso vai ficar para trás. E isso inclui não só empresas, mas países. A disputa por datacenters é, no fundo, uma disputa por soberania digital.
2. Separação Entre Quem Usa IA de Forma Estratégica e Quem Só Brinca Com Ela
O mercado já está fazendo essa separação. Os 5% que geram valor real com IA vão dominar seus setores. Os 95% que só “implementam IA” vão continuar patinando. E a distância entre esses dois grupos vai aumentar.
3. Regulação Mais Rigorosa e Governança Obrigatória
Casos como o da Monja Coen, o monitoramento abusivo de trabalhadores, a discriminação algorítmica na seleção de candidatos — tudo isso vai forçar marcos regulatórios mais rígidos. E isso é bom. Tecnologia sem governança vira arma.
O Que Fazer Agora: Três Ações Práticas
Se você é líder, empreendedor, executivo ou profissional querendo se posicionar melhor nessa virada, três ações práticas:
1. Invista em Alfabetização em IA da Sua Equipe
Não espere que as pessoas entendam sozinhas. Promova treinamentos, workshops, imersões. Crie uma cultura de experimentação segura. E garanta que todo mundo saiba o básico: o que é prompt, como funciona um LLM, o que é alucinação de IA.
2. Estabeleça Governança Desde o Início
Transparência, explicabilidade, proteção de dados, supervisão humana. Não dá para implementar IA e só depois pensar em governança. Governança vem primeiro. E isso inclui políticas claras sobre uso, limites, verificação de vieses, auditoria contínua.
3. Contrate Quem Entende de IA Para Posições Estratégicas
Se você quer fazer parte dos 5% que geram valor real, precisa de gente que sabe fazer isso acontecer. E o mercado está pagando prêmios altíssimos por esses profissionais. Não economize aí. O custo de contratar errado é muito maior do que o investimento em talento de ponta.
Por Que Este Momento Define Tudo
Voltando ao paradoxo inicial: 95% das iniciativas de IA não geram receita, mas salários sobem 323% para quem domina a tecnologia. Esse gap não é bug. É feature. Ele expõe exatamente onde estamos: na fase de maturidade organizacional da IA.
A tecnologia está pronta. A infraestrutura está sendo construída agressivamente. O mercado está pagando caro por quem sabe fazer acontecer. Mas a maioria das organizações ainda não entendeu que IA não é ferramenta. É transformação cultural, estratégica e operacional.
E transformação exige liderança, capacitação, governança, paciência e investimento de longo prazo. Quem entender isso agora vai dominar sua categoria. Quem continuar tratando IA como projeto de TI vai continuar nos 95%.
No meu trabalho de mentoring e consultoria, ajudo executivos, empreendedores e empresas a atravessarem essa virada. Não vendendo ilusão, mas construindo estratégia clara, capacitando times, desenhando governança robusta e implementando IA que gera valor real, mensurável e sustentável. Se você quer fazer parte dos 5%, não dos 95%, vamos conversar.
Porque o momento é agora. E a janela de oportunidade é menor do que parece.
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