Wall Street Antecipa Bolha de IA Enquanto Brasil Avança em Regulação — Por Que Estas 24 Horas Revelam a Virada da Euforia Para a Maturidade Institucional
December 17, 2025 | by Matos AI

Três anos após o lançamento do ChatGPT, Wall Street começa a questionar a sustentabilidade da euforia em torno da inteligência artificial. Enquanto isso, o Brasil finaliza seu marco regulatório de IA e lança plataformas públicas de orientação profissional. Este contraste entre especulação financeira e construção institucional revela algo fundamental: estamos deixando para trás a era das promessas e entrando na fase da entrega de valor real — com todos os riscos e oportunidades que isso implica.
A Bolha Que Wall Street Já Enxerga
Segundo reportagem da Bloomberg via InfoMoney, sinais de ceticismo proliferam no mercado financeiro americano. A recente queda nas ações da Nvidia e o sentimento negativo em torno da Oracle — que viu suas ações despencarem após reportar gastos crescentes em IA sem retorno proporcional — ilustram um dilema central: a borracha finalmente encontrou a estrada.
Jim Morrow, CEO da Callodine Capital Management, resume: “Foi uma boa história, mas agora estamos apostando para ver se o retorno sobre o investimento vai ser bom.”
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Os números impressionam e assustam. A OpenAI planeja gastar US$ 1,4 trilhão nos próximos anos e espera queimar US$ 115 bilhões até 2029 antes de gerar fluxo de caixa positivo em 2030, segundo o The Information. Enquanto isso, gigantes como Alphabet, Microsoft, Amazon e Meta devem investir coletivamente mais de US$ 400 billion em capital nos próximos 12 meses, majoritariamente em data centers.
O problema? O crescimento de receita relacionado à IA nessas empresas ainda está longe de cobrir os custos. Pior: as despesas de depreciação dos data centers criados na febre da IA subiram de US$ 10 bilhões para US$ 22 bilhões trimestrais em menos de um ano, com projeção de atingir US$ 30 bilhões. Meta e Microsoft devem ter fluxo de caixa livre negativo em 2026 após considerar retornos aos acionistas.
Trabalhei com empresas que investiram pesado em tecnologia sem validar retorno real. Vi de perto como a pressão por “estar na onda” pode levar a decisões arriscadas. A diferença agora é a escala: não estamos falando de startups — estamos falando das maiores corporações do planeta apostando trilhões sem garantia de retorno.
Brasil Constrói Infraestrutura Enquanto o Mundo Especula
Enquanto Wall Street questiona a bolha, o Brasil avança em outra direção: institucionalização. Segundo o Economic Value, o texto do Projeto de Lei nº 2.338/2023 que cria o marco regulatório da inteligência artificial deve ir a plenário na Câmara ainda este ano.
O deputado Aguinaldo Ribeiro, relator do projeto, confirmou que o texto incorporará o PL que cria o Sistema Nacional de IA (SIA) — proposto pelo governo federal — e também o Redata, regime especial de tributação para data centers no Brasil. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou um dado crítico: 60% dos dados brasileiros são processados fora do país.
Este número não é apenas técnico — é estratégico e soberano. Processar dados localmente significa proteger informação, gerar empregos qualificados e criar valor econômico aqui. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê investimento de R$ 23 bilhões até 2028 focado em soluções que melhorem a vida da população e inovem no serviço público.
Em paralelo, o SENAI lançou uma plataforma gratuita de IA desenvolvida com tecnologia do Google Cloud para orientação profissional e empregabilidade. A ferramenta, chamada Nai, analisa currículos, histórico profissional e aspirações de carreira, cruzando essas informações com demandas reais do mercado para recomendar capacitações personalizadas e identificar oportunidades de emprego.
Esta é IA aplicada com propósito claro: reduzir a brecha de competências, conectar pessoas a oportunidades e democratizar acesso à qualificação. Não é hype — é infraestrutura social.
Meta Avança Sobre Dados de Usuários: Confiança em Jogo
Enquanto o Brasil constrói governança, a Goal avança sobre os dados de seus usuários. Segundo o G1, a partir de 16 de dezembro, interações de usuários com a IA da Meta passam a ser usadas para direcionar anúncios e sugerir posts no Instagram, Facebook, Threads e WhatsApp.
A empresa também vai usar informações públicas do Threads para treinar seus sistemas de IA. Usuários podem se opor ao uso de seus dados, mas poucos sabem como ou sequer têm ciência da mudança. O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) criticou a medida por falta de transparência. A preocupação é legítima: a Meta consegue inferir interesses culturais, econômicos, sociais e até aspectos sensíveis a partir das conversas com seus chatbots.
THE Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já havia suspendido a medida no passado, liberando apenas após ajustes. Agora, a Meta expande novamente o escopo de coleta. Confiança, como disse várias vezes, é o ativo mais escasso na era digital. E uma vez perdida, raramente retorna.
Gestoras Brasileiras Usam IA Para Decisões de Investimento — Com Supervisão
Enquanto alguns especulam e outros legislam, gestoras de investimentos brasileiras já operam com IA no cotidiano. Segundo o Estadão E-Investidor, casas como Itaú Asset, BB Asset, Santander Asset e Bradesco Asset usam IA para analisar relatórios corporativos, captar sentimentos de mercado em redes sociais e até escrever cartas de gestão.
Mas há um detalhe fundamental: a supervisão humana continua no centro das decisões. Guido Chagas, da Santander Asset, alerta: “Se você deixá-la tomar decisões sozinhas, em questão de tempo, a ferramenta vai cometer uma bobagem grande.” Juliano Santos, da BB Asset, estima que apenas 10% a 20% dos modelos testados são aprovados para uso efetivo em gestão de portfólios.
No meu trabalho com empresas e governos, observo que a verdadeira vantagem competitiva não está em ter IA — está em saber como usá-la com critério, governança e supervisão adequada. IA sem julgamento humano não é eficiência — é roleta-russa institucional.
Regulação Baseada em Risco: O Caminho Para IA Confiável
THE Softex lançou seu terceiro policy brief, intitulado “Regulação que Compete: IA Confiável para Escalar a Produtividade do Brasil”. O documento propõe que a regulação atue como vetor de produtividade e confiança, adotando um modelo baseado em níveis de risco.
Entre as recomendações prioritárias para os próximos dois anos estão a criação do Sistema Nacional de Avaliação de IA, o lançamento do Selo IA Confiável – Brasil e um pacote de competitividade para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), incluindo vouchers de conformidade e kits de implementação regulatória.
A confiança é fundamental para escalar adoção de IA, especialmente em setores sensíveis como Saúde e Governo Digital, que exigem rastreabilidade, supervisão humana e transparência. Regular a IA não é freio ao progresso — é proteção contra a barbarie.
O Risco do Shadow AI no Direito
Um fenômeno preocupante começa a emergir no Judiciário brasileiro: o Shadow AI. Segundo artigo do CONJUR, este termo descreve o uso de ferramentas de IA sem conhecimento, controle ou autorização formal das instituições — praticado por magistrados, servidores ou advogados que recorrem a plataformas como ChatGPT ou Claude para elaborar decisões ou documentos sem rastreabilidade institucional.
Uma pesquisa do CNJ/PNUD de 2024 revelou dados alarmantes: mais de 45% dos tribunais e conselhos brasileiros declararam utilizar ferramentas de IA generativa. Em 57,6% dos casos, o acesso é feito por contas pessoais, sem centralização institucional. Apenas 5,9% dos órgãos possuem diretrizes bem definidas para o uso dessas tecnologias.
Os riscos são graves: vazamento de dados sigilosos, propagação de vieses, erros factuais (alucinações) em documentos jurídicos e compromisso da imparcialidade de decisões. A responsabilidade civil, administrativa e penal por esse uso irregular ainda é uma zona cinzenta, gerando insegurança jurídica.
A solução passa por três eixos: Education (compreender limites e riscos), Regulation (estabelecer padrões mínimos de uso e responsabilidade) e Infrastructure (disponibilizar sistemas auditáveis e seguros). Governança não é burocracia — é responsabilidade.
Quando os Juros Globais Ficam Mais Sensíveis à IA
Os investimentos massivos em IA já provocam tremores no mercado de crédito privado. Segundo o Economic Value, especialistas apontam que o boom do capex em IA pode deixar os juros de longo prazo mais sensíveis à dívida pública.
A razão: há maior “concorrência” pela captação de recursos em meio a emissões massivas das big techs para bancar investimentos na tecnologia. A Oracle, por exemplo, viu os spreads de seus contratos de credit default swap (CDS) dispararem após reportar gastos crescentes sem retorno proporcional.
Este é um sinal de alerta para economias emergentes como o Brasil. Se os juros globais sobem por causa da corrida da IA, países fora do epicentro tecnológico pagam a conta na forma de maior custo de crédito e fuga de capitais. É mais um motivo para investir em soberania digital e capacidade local.
O Que Estas 24 Horas Revelam
Três movimentos simultâneos definem este momento:
- Wall Street antecipa o estouro de uma bolha de IA baseada em gastos insustentáveis de trilhões sem retorno proporcional. A euforia dá lugar ao ceticismo — mesmo que tardiamente.
- Brasil constrói infraestrutura institucional com marco regulatório, sistema nacional de governança (SIA), plataformas públicas de empregabilidade e regime tributário para data centers. Não é coincidência — é estratégia.
- Meta avança sobre dados de usuários enquanto Shadow AI prolifera no Judiciário, revelando a tensão entre eficiência e governança, entre velocidade e responsabilidade.
Em trabalhos com empresas e governos, observo que a verdadeira maturidade em IA não vem de quem investe mais — vem de quem investe com propósito, governança e capacidade de supervisão. A diferença entre hype e valor real está na disciplina institucional, na transparência e na coragem de dizer “não” quando a tecnologia é usada de forma irresponsável.
Este momento histórico separa especuladores de construtores, euforia de maturidade, promessa de entrega. E o Brasil, pela primeira vez, está do lado certo dessa linha.
What to do now
Se você lidera uma empresa, não basta “ter IA”. É preciso:
- Estabelecer governança clara sobre quais sistemas podem ser usados, por quem, com qual finalidade e com que grau de validação humana.
- Capacitar equipes não apenas para usar ferramentas, mas para entender seus limites, riscos e vieses.
- Auditar uso de Shadow AI: ferramentas não autorizadas usadas por colaboradores sem supervisão institucional representam risco legal, operacional e reputacional.
- Alinhar investimento em IA com retorno mensurável — não com promessas ou pressão de mercado.
No meu trabalho de mentoring com executivos e empresas, ajudo a desenhar estratégias de IA que equilibram inovação e responsabilidade, velocidade e governança, promessa e entrega. Não se trata de frear a tecnologia — trata-se de usá-la com inteligência (humana) para gerar valor real, sustentável e ético.
Este é o momento de escolher de que lado da história você quer estar: do lado da especulação ou do lado da construção.
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