Recém-Formados em TI Trabalham em Fast-Food Enquanto 81% dos Brasileiros Confiam na IA — O Paradoxo Que Define Nosso Futuro
August 12, 2025 | by Matos AI

A ironia é brutal: enquanto universidades americanas registram boom histórico em matrículas de ciência da computação, engenheiros recém-formados estão trabalhando em fast-food. Ao mesmo tempo, 81% dos brasileiros confiam em empresas que usam IA — um índice acima da média mundial.
Como alguém que apoiou mais de 10 mil startups ao longo de 25 anos, nunca vi um paradoxo tecnológico tão revelador. A IA está simultaneamente criando desemprego estrutural em uma área e gerando confiança massiva em outra. E isso nos conta uma história fascinante sobre o futuro do trabalho.
O Drama Silencioso da Geração Código
Os números são impiedosos. Taxa de desemprego de 6,1% em Ciência da Computação e 7,5% em Engenharia da Computação, segundo o Federal Reserve Bank de Nova York. Ferramentas que geram código automaticamente tornaram programadores júniores quase redundantes overnight.
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Manasi Mishra, formada pela Universidade Purdue em 2025, simboliza essa geração. Depois de centenas de rejeições na área tech, ela só consegue entrevistas fora do setor. A promessa de salários altos que motivou sua escolha profissional virou frustração sistemática.
Gigantes como Amazon, Intel, Meta e Microsoft implementaram demissões e congelaram contratações. O ciclo vicioso é perverso: candidatos usando IA para aplicar, recrutadores filtrando currículos automatizadamente. O processo virou uma dança robótica onde humanos perderam o protagonismo.
A Dura Realidade por Trás dos Algoritmos
Mo Gawdat, ex-diretor de negócios do Google, denuncia a narrativa oficial otimista sobre IA e empregos: “Estão nos mentindo sobre o emprego do futuro”. Ele destaca que a automação já substituiu milhares de trabalhadores em tradução e atendimento, enquanto empresas como Duolingo, Workday e Klarna enfrentam demissões devido ao avanço da IA.
“A busca por eficiência da IA coloca em risco até cargos de alta direção”, alerta Gawdat. É uma crítica vinda de dentro do Vale do Silício, de quem ajudou a construir essas tecnologias.
Mas o Brasil Conta uma História Diferente
Enquanto isso acontece nos EUA, o Brasil apresenta uma realidade contrastante. 81% dos brasileiros confiam em empresas que usam IA — um número que supera a média mundial. O estudo “Global Happiness Index” da NiCE revela que 41% dos consumidores relatam melhora global no atendimento com IA.
O que mais me chama atenção: o Brasil lidera em disposição a pagar por serviços baseados em IA. Isso sugere que nossa relação com a tecnologia é menos de medo e mais de oportunidade.
Cases Brasileiros Que Mostram o Caminho
A Pier, insurtech brasileira, usa IA para reembolsar 30% dos sinistros de roubo de celular em menos de um segundo. Com 150 mil clientes e faturamento superior a R$ 150 milhões em 2024, projeta superar R$ 200 milhões em 2025.
O mercado imobiliário ainda engatinha, mas mostra potencial. Apenas 19% das imobiliárias brasileiras usam IA, contra 85% nos EUA. Mas startups como a Lastro, com sua assistente virtual Lais, conseguem até 60% de aumento na conversão de leads.
Na advocacia, a IA modifica a profissão exigindo novas competências — alfabetização tecnológica, capacidade analítica avançada e ética digital. Mas permite focar em atividades estratégicas como negociações complexas e dilemas éticos.
O Paradoxo Que Define Nosso Momento
Aqui está o paradoxo fascinante: a mesma tecnologia que está jogando programadores americanos no McDonald’s está sendo abraçada pelos brasileiros como solução para melhorar serviços e gerar confiança.
Por que essa diferença?
Primeiro, timing. O Brasil ainda está na curva ascendente de adoção, enquanto os EUA já enfrentam as consequências da saturação tecnológica em certas áreas.
Segundo, mentalidade. Brasileiros historicamente são mais adaptáveis a mudanças. Nossa resiliência cultural nos torna menos resistentes e mais criativos na adoção de novas tecnologias.
Terceiro, oportunidade. Enquanto mercados maduros enfrentam substituição, mercados emergentes veem complementaridade.
A Guerra Geopolítica dos Chips Mostra a Importância
Não é coincidência que Trump sinalize abertura para Nvidia vender chips de IA para a China, mediante taxa ao governo americano. Ou que a China pressione por flexibilização dos controles de exportação de chips HBM.
A IA virou questão de soberania nacional. E como destaca análise do NeoFeed, “a verdadeira vantagem da China em IA não pode ser embargada” — está na formação massiva de talentos desde os seis anos de idade.
As Lições Para o Brasil
Em 25 anos apoiando startups, aprendi que crises tecnológicas são sempre oportunidades disfarçadas. O drama dos recém-formados americanos nos ensina três lições cruciais:
1. Não basta saber programar. É preciso saber o que programar. A IA gera código, mas não define propósito, estratégia ou impacto social.
2. Soft skills são o diferencial. Criatividade, colaboração, adaptabilidade — as habilidades que chamo de CACACA — são impossíveis de automatizar.
3. Timing é estratégico. O Brasil tem uma janela única para posicionar profissionais como orquestradores de IA, não competidores.
O Futuro Não É Substituição, É Composição
THE indústria brasileira já debate o Marco Legal da IA, enquanto eventos discutem impactos da regulamentação no desenvolvimento econômico. Isso mostra maturidade estratégica.
O futuro não será de humanos versus máquinas, mas de humanos com máquinas. Os profissionais que prosperarão serão aqueles que entenderem essa composição, não essa competição.
Como Navegar Esta Transição
Para profissionais da área tech:
- Foque em problemas, não em código. IA resolve sintaxe, você resolve estratégia.
- Desenvolva visão de negócios. Entenda como tecnologia gera valor, não apenas como funciona.
- Invista em comunicação. Traduzir complexidade técnica em impacto de negócios é insubstituível.
- Abrace a IA como ferramenta. Use-a para amplificar sua criatividade, não competir com ela.
For companies:
- Veja IA como acelerador de talento, não substituto.
- Invista em upskilling dos times existentes.
- Crie culturas de experimentação segura com IA.
- Focus on specific use cases antes de estratégias genéricas.
A Oportunidade Histórica do Brasil
Enquanto mercados maduros enfrentam disruption, o Brasil pode fazer leapfrogging — saltar etapas do desenvolvimento tecnológico. Nossa alta confiança na IA (81%) combinada com baixa adoção corporativa (19% no imobiliário) cria uma janela única.
Podemos formar uma geração de profissionais nativos em IA-humano collaboration, enquanto outros mercados ainda processam o trauma da substituição.
O Paradoxo Como Vantagem Competitiva
O paradoxo de hoje — desemprego tech nos EUA, confiança massive no Brasil — não é problema a ser resolvido, mas vantagem a ser explorada.
Temos a chance de construir um modelo brasileiro de adoção de IA: mais humano, mais colaborativo, mais focado em complementaridade que substituição.
No meu mentoring com startups e empresas, vejo essa oportunidade diariamente. Organizações que adotam IA como amplificador de talento humano, não como substituto, estão criando vantagens competitivas sustentáveis.
O futuro não pertencerá nem aos que resistem à IA nem aos que se rendem completamente a ela. Pertencerá aos que aprendem a dançar com ela — mantendo humanidade, propósito e impacto social no centro da equação.
E o Brasil, com sua característica resiliência e criatividade, está perfeitamente posicionado para liderar essa dança.
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