Felipe Matos Blog

Recém-Formados em TI Trabalham em Fast-Food Enquanto 81% dos Brasileiros Confiam na IA — O Paradoxo Que Define Nosso Futuro

August 13, 2025 | by Matos AI

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Imagine só: você se forma em Ciência da Computação ou Engenharia de Software depois de anos estudando, sonhando com aqueles salários altos que todo mundo falava, e… acaba tentando uma vaga no McDonald’s. Parece piada, mas é exatamente isso que está acontecendo com milhares de jovens nos EUA — e deveria nos fazer refletir profundamente sobre o que está por vir no Brasil.

According to the The New York Times via O Globo, o desemprego entre recém-formados em Ciência da Computação está em 6,1% nos EUA, e em Engenharia da Computação chega a 7,5% — mais que o dobro de cursos como Biologia e História da Arte. Irônico, não?

Enquanto isso, aqui no Brasil, uma pesquisa da NiCE revela que 81% dos brasileiros confiam em empresas que usam IA, superando a média global de 69%. E não para por aí: outro estudo mostra que 73% dos millennials usam IA no trabalho, mais que a própria Geração Z (59%).


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Este paradoxo não é apenas uma curiosidade estatística — é um sinal de alerta que deveria nos fazer repensar completamente nossa abordagem à educação tecnológica.

O Sonho Que Virou Pesadelo

Manasi Mishra, 21 anos, formada na Universidade Purdue em maio, retrata perfeitamente essa frustração. Depois de se formar, não conseguiu nenhuma oferta além de uma entrevista para… uma rede de fast-food. Sua história, infelizmente, não é isolada.

Desde 2010, líderes da indústria e autoridades promoveram programação como “a carreira do futuro”, gerando um boom que dobrou o número de estudantes para mais de 170 mil em 2024. O problema? A IA chegou mais rápido do que esperávamos.

Ferramentas de IA capazes de gerar código automaticamente, combinadas com demissões em massa em gigantes como Amazon, Intel, Meta e Microsoft, criaram uma tempestade perfeita. Os programadores júniores, que tradicionalmente faziam o trabalho mais básico de codificação, estão sendo os primeiros a ser substituídos.

Aqui está o paradoxo: A própria tecnologia que esses jovens estudaram para dominar está os deixando sem trabalho antes mesmo de começarem suas carreiras.

Brasil Abraça a IA Enquanto Mundo Hesita

Mas nem tudo é pessimismo. Os dados brasileiros mostram uma realidade diferente e, de certa forma, mais otimista. Não apenas 81% dos brasileiros confiam na IA, como mais de 70% das empresas brasileiras que adotam IA relataram impactos positivos.

Casos como o da assistente virtual Lais, da startup Lastro, que já realizou 2 milhões de atendimentos via WhatsApp, ou empresas como Zelo Imóveis, que dobrou visitas agendadas com IA, mostram que estamos aprendendo a usar a tecnologia de forma complementar, não substitutiva.

Mais interessante ainda: a brasileira Larissa Ayumi, de 23 anos, foi premiada pela Apple por desenvolver um app sobre IA que enfatiza ética e interpretabilidade. Desenvolvido no programa Apple Developer Academy, presente em dez universidades brasileiras, o projeto destaca o potencial das novas gerações.

A Diferença Está na Abordagem

Vejo uma diferença fundamental na forma como estamos abordando a IA no Brasil. Enquanto lá fora o foco ainda está muito na substituição e automação pura, aqui estamos desenvolvendo uma visão mais humanizada da tecnologia.

THE surgimento de agentes avançados de IA que substituem chatbots tradicionais não está eliminando vendedores — está os liberando para atividades estratégicas. Empresas relatam aumento de até 30% na produtividade.

Esse é o tipo de pensamento que precisamos aplicar à educação tecnológica. Não se trata de ensinar as pessoas a competir com máquinas, mas a trabalhar com elas.

Brasil Se Posiciona na Regulamentação Global

Enquanto isso, o Brasil está assumindo protagonismo na regulamentação da IA. O Projeto de Lei 2.338/2023 está sendo debatido com a participação de parlamentares, especialistas e representantes industriais.

O que mais me chama atenção é o conceito de regulação “tropicalizada” que está sendo defendido pelo MDIC. A ideia é criar um modelo adaptado ao contexto brasileiro, que garanta soberania nacional sem criar barreiras que inibam a inovação.

THE CNI tem suas preocupações, argumentando que a regulação atual pode impor obstáculos excessivos. Mas vejo isso como um debate saudável — estamos buscando o equilíbrio entre proteção e inovação.

O Futuro das Profissões Está Sendo Reescrito

É fascinante observar como o mercado de IA para dispositivos móveis cresce rapidamente, com apps especializados como Guru IA (produtividade empresarial), Socratic (educação) e Cleo (gestão financeira). Esta especialização está democratizando o acesso à IA em diversas áreas.

Também vemos o Meta AI chegando ao Brasil com seu modelo Llama 4, atingindo 500 milhões de usuários globalmente. Isso mostra que a adoção está se acelerando exponencialmente.

E não podemos ignorar o fato de que no Vale do Silício, a IA está acelerando a criação de bilionários. Mais da metade das novas empresas unicórnio em 2025 são de IA. Isso representa uma transformação econômica sem precedentes.

A Educação Precisa Se Reinventar Urgentemente

Como alguém que passou anos trabalhando com educação tecnológica e formação de talentos, vejo que chegamos a um ponto de inflexão. O modelo tradicional de ensinar programação como se fosse 1995 não funciona mais.

Precisamos formar profissionais que entendam não apenas como escrever código, mas como orquestrar sistemas inteligentes, como trabalhar com dados, como pensar em experiência do usuário, como navegar questões éticas da IA.

A história da Larissa Ayumi é inspiradora porque seu app foca exatamente nisso: educação sobre ética e interpretabilidade da IA. É esse tipo de formação que vai fazer a diferença.

Oportunidades Escondidas no Caos

Embora seja preocupante ver jovens formados sem emprego, vejo neste momento uma oportunidade única. O Brasil tem vantagens competitivas importantes:

  • Base robusta de dados: Nossa diversidade e tamanho de mercado geram dados únicos
  • Energia limpa: Diferencial competitivo para data centers e processamento de IA
  • Abertura à inovação: Os 81% de confiança na IA mostram que não temos as resistências culturais de outros países
  • Ecossistema de startups maduro: Temos a infraestrutura para inovar rapidamente

Em meu trabalho com startups e educação tecnológica, tenho visto jovens empreendedores brasileiros desenvolvendo soluções de IA impressionantes. Não estamos apenas consumindo tecnologia — estamos criando.

Reflexões Para o Futuro

Este paradoxo entre desemprego de recém-formados em TI e adoção massiva da IA no Brasil nos ensina algumas lições importantes:

Primeira: A educação tecnológica não pode mais ser sobre ensinar ferramentas específicas, mas sobre desenvolver capacidades de adaptação e aprendizado contínuo.

Segunda: A IA não é o inimigo — é uma ferramenta poderosa que, bem utilizada, pode amplificar nossas capacidades humanas.

Terceira: O Brasil tem a oportunidade de liderar uma abordagem mais humanizada e ética da IA, diferenciando-se de modelos puramente tecnicistas.

Quarta: Regulamentação inteligente pode ser nossa vantagem competitiva, criando um ambiente seguro para inovação.

Não podemos deixar que o medo da automação nos paralise. Como mostram os dados, os brasileiros estão abraçando a IA com mais confiança que o resto do mundo. Isso é um ativo estratégico que devemos aproveitar.

O futuro não será sobre humanos versus máquinas, mas sobre humanos que sabem trabalhar com máquinas versus humanos que não sabem. E nessa corrida, o Brasil está bem posicionado.

Em meus projetos de mentoring e consultoria, tenho ajudado startups e profissionais a navegar exatamente essa transição — não fugindo da IA, mas aprendendo a usá-la como vantagem competitiva. Porque no final das contas, a tecnologia é apenas uma ferramenta. O que faz a diferença é como a usamos para criar valor real para as pessoas.

E você, como está se preparando para esse futuro que já chegou?


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