62% dos Trabalhadores Querem Automatizar Tarefas com IA — Por Que Isso Revela o Futuro do Trabalho
julho 19, 2025 | by Matos AI

Enquanto debates sobre deepfakes e bolhas especulativas dominam as manchetes, uma pesquisa reveladora passa quase despercebida: 62% dos trabalhadores americanos querem usar IA para automatizar tarefas repetitivas. Esse dado, aparentemente simples, esconde uma transformação profunda que está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes.
A Dualidade da IA: Entre Promessas e Armadilhas
As últimas 24 horas foram um retrato perfeito da dualidade que marca nossa relação com a inteligência artificial. De um lado, a IA da Apple detecta gravidez com 92% de precisão usando apenas dados comportamentais dos dispositivos. Do outro, um casal na Malásia viaja 300 km para visitar um teleférico que nunca existiu, criado inteiramente por IA generativa.
Essa contradição não é acidental — ela revela o momento exato em que vivemos. A tecnologia avança em velocidade exponencial, mas nossa capacidade de discernir entre uso produtivo e manipulação ainda está em formação.
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Em minha experiência acelerando startups, sempre observei que as tecnologias mais disruptivas passam por essa fase de “adolescência turbulenta”. A IA não é diferente.
O Que os Trabalhadores Realmente Querem
A pesquisa da Grammarly com 2.000 profissionais americanos revela insights fascinantes sobre como a IA está sendo recebida no ambiente de trabalho:
- 53 tarefas repetitivas por semana — é o que cada profissional executa em média
- 35% querem automatizar e-mails, 34% a organização de dados em planilhas
- 49% priorizam facilidade de uso nas ferramentas de IA
- 76% acreditam que IA será indispensável nas empresas em três anos e meio
Mas aqui está o paradoxo revelador: apenas 38% das organizações desses profissionais possuem uma política clara sobre o uso de IA. Isso cria um vácuo perigoso entre demanda e governança.
Como alguém que já viu muitas transformações tecnológicas, posso dizer que essa defasagem entre adoção e regulamentação sempre gera oportunidades para quem se posiciona corretamente.
Deepfakes e a Erosão da Confiança
Enquanto isso, os casos de manipulação se multiplicam. Um vídeo falso de Neymar apoiando as tarifas de Trump alcançou 160 mil visualizações antes de ser desmascarado. A ferramenta Hive Moderation apontou 99,9% de chances de que fosse deepfake, mas quantas pessoas verificaram essa informação?
Cecilia Danesi, diretora do mestrado em Governança Ética da IA da Universidade de Salamanca, fez uma observação certeira: “embora fraudes digitais existissem antes, as capacidades atuais permitem replicar voz e imagem de forma quase perfeita”.
Isso não é apenas um problema tecnológico — é um desafio de literacia digital que afeta a base da nossa comunicação social.
O Jogo Geopolítico em Movimento
Paralelamente, Trump se prepara para anunciar diretrizes que flexibilizam regras de IA, transferindo supervisão do nível estadual para o federal. A medida, apoiada por gigantes como OpenAI, Meta e Google, busca “reduzir barreiras regulatórias desnecessárias”.
Do outro lado do mundo, os BRICS discutem cooperação na comunicação e IA, com o Brasil propondo “criar um instituto dedicado à inteligência artificial”. Como Braúlio Ribeiro, diretor-geral da EBC, destacou: “a inteligência artificial pode ser extremamente benéfica desde que tenha uma governança global”.
Esta polarização entre abordagens regulatórias — EUA flexibilizando, BRICS buscando governança — criará oportunidades distintas para diferentes mercados.
A Bolha que Preocupa Wall Street
Enquanto isso, analistas alertam que a bolha de IA pode ser maior que a dos anos 1990. Torsten Slok, da Apollo Global Management, aponta que as 10 maiores ações do S&P 500 estão sendo negociadas com relação preço/lucro de 12 meses, enquanto a média do índice é de 25.
As “Sete Magníficas” — Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Tesla e Nvidia — valem US$ 14 trilhões, representando 31% do S&P 500. No pico da bolha pontocom, as maiores empresas correspondiam a apenas 22%.
Mas será mesmo uma bolha? As previsões para o segundo semestre sugerem consolidação: ascensão da Answer Engine Optimization (AEO), agentes de IA assumindo tarefas de compra, e maior integração da IA nas operações empresariais.
O Que Isso Significa Para Empreendedores
Essa confluência de fatores cria um cenário único para quem está construindo negócios:
Primeiro, a demanda por automação inteligente é real e urgente. 62% dos trabalhadores não estão pedindo por ficção científica — querem soluções práticas para problemas cotidianos.
Segundo, a questão da confiança se tornou um diferencial competitivo. Empresas que conseguirem combinar eficiência com transparência terão vantagem significativa.
Terceiro, a fragmentação regulatória global está criando mercados distintos. O Brasil, com sua posição nos BRICS e tradição em regulamentação equilibrada, pode se posicionar como líder em IA ética.
Em minha experiência apoiando milhares de startups, momentos de incerteza como este sempre revelam as maiores oportunidades. A pergunta não é se a IA vai transformar tudo — ela já está transformando. A pergunta é: você vai surfar essa onda ou ser arrastado por ela?
Navegando Entre Hype e Realidade
Como disse Fredi Vivas, da Universidade de San Andrés: “a maioria dos deepfakes ainda apresentam imperfeições visíveis, como rostos borrados ou desalinhados, porém a tecnologia avança rapidamente”.
Isso nos lembra que estamos em uma corrida entre nossa capacidade de criar e nossa capacidade de discernir. Quem desenvolver o “pensamento crítico” sobre IA — tanto para aproveitar seus benefícios quanto para evitar suas armadilhas — terá vantagem competitiva duradoura.
A IA não é uma tecnologia como as outras. Ela é uma meta-tecnologia que amplifica nossa capacidade de criar, mas também nossa capacidade de nos enganarmos. E nesse paradoxo reside tanto o risco quanto a oportunidade.
No meu trabalho de mentoring, tenho visto empreendedores que conseguem equilibrar essa equação prosperarem de forma extraordinária. Eles não tratam IA como mágica nem como ameaça — tratam como uma ferramenta poderosa que exige responsabilidade proporcional à sua potência.
O futuro pertence a quem souber navegar essa complexidade com sabedoria, criatividade e, acima de tudo, propósito claro sobre o impacto que deseja gerar no mundo.
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