Blog Felipe Matos

Ex-Google Fatura R$ 120 Bilhões com Dados de IA Enquanto Brasil Avança em Casos de Uso — Por Que Este Momento Define a Maturidade da Inteligência Artificial

setembro 20, 2025 | by Matos AI

txU_K_kheMaMhGNdPedUM_aa0440d343f64ab09dbdc4ca2010e412

Imagine por um momento: enquanto o mundo debate se a IA vai substituir empregos, um ex-funcionário do Google acabou de se tornar o mais jovem bilionário da lista Forbes 400 simplesmente rotulando dados para treinar modelos de inteligência artificial. Edwin Chen, fundador da Surge AI, construiu uma fortuna de US$ 18 bilhões focando no que realmente importa: a qualidade dos dados.

Enquanto isso, aqui no Brasil, vemos um mosaico fascinante de como a IA está sendo aplicada na prática — desde a Receita Federal detectando R$ 11 bilhões em fraudes até uma estudante do interior de São Paulo impressionando Tim Cook da Apple. Mas também testemunhamos os riscos de um uso irresponsável, como advogados usando IA para inventar decisões judiciais.

Este panorama das últimas 24 horas revela algo crucial: estamos vivendo o momento da maturidade da IA no Brasil. Não mais sobre hype ou promessas futuristas, mas sobre aplicações concretas, resultados mensuráveis e, principalmente, sobre a necessidade urgente de capacitação e uso responsável.


Participe dos meus grupos de WhatsApp sobre IA Atualizações diárias das novidades mais relevantes no universo da IA e uma comunidade vibrante!


A Lição Bilionária dos Dados de Qualidade

A história de Edwin Chen da Surge AI é reveladora. Fundada em 2020, sua empresa fornece serviços de rotulagem de dados para gigantes como Google (Gemini) e Anthropic (Claude). Em 2024, a Surge gerou US$ 1,2 bilhão em receita — e isso nos ensina algo fundamental sobre o ecossistema de IA.

Chen evitou o capital de risco tradicional, financiando a empresa com economias pessoais e mantendo 75% da propriedade. Sua abordagem inovadora? Contratar anotadores altamente qualificados para criar dados de qualidade, em vez de explorar trabalho mecânico. “O trabalho humano é crucial para alcançar a inteligência artificial geral”, afirma Chen.

Essa filosofia ecoa diretamente com o que vejo em meus projetos de consultoria com empresas brasileiras: a qualidade dos dados é o que separa projetos de IA bem-sucedidos dos fracassados. Não adianta ter a melhor tecnologia se os dados de entrada são ruins, enviesados ou mal estruturados.

Brasil na Vanguarda da Aplicação Prática

Enquanto alguns mercados ainda debatem teoricamente a IA, o Brasil está aplicando. E os resultados são impressionantes:

Receita Federal: R$ 11 Bilhões em Fraudes Detectadas

A auditoria apresentada por Sônia Accioli durante o Seminário LIDE mostra como a IA permite fiscalizar operações digitalizadas, identificar transações suspeitas — especialmente envolvendo criptomoedas — e mapear redes complexas de empresas, antecipando irregularidades antes que se consolidem como fraudes.

O mais interessante? A tecnologia não apenas detecta problemas, mas estimula a conformidade voluntária de contribuintes. É um exemplo perfeito de como a IA pode ser usada para melhorar a eficiência do Estado sem ser punitiva por natureza.

Detran-SP: Inteligência Artificial como Polícia Preventiva

O Detran de São Paulo usa IA para identificar “superinfratores” — veículos que concentram alto volume de infrações e débitos. Um exemplo? Um Chevrolet Astra com dívida superior a R$ 160 mil e mais de 1.160 multas.

A IA cruza dados de infrações e circulação para mapear veículos reincidentes com baixa perspectiva de regularização. É eficiente? Sim. Mas também levanta questões importantes sobre privacidade e direitos fundamentais que precisam ser endereçadas.

Larissa da Unicamp: Democratizando o Conhecimento sobre IA

A história que mais me emociona é a de Larissa Ayumi Okabayashi, de 23 anos. Ela desenvolveu um aplicativo educacional que simplifica o funcionamento de grandes modelos de linguagem, abordando também aspectos éticos importantes.

Larissa foi selecionada entre os 50 melhores estudantes globais para apresentar na Apple Developer Academy, diretamente para Tim Cook. Seu percurso inclui superar dificuldades em um curso predominantemente masculino e ausência inicial de conhecimentos em programação.

Esta é a democratização do conhecimento em IA que tanto defendo. Quando jovens do interior conseguem criar soluções que impressionam líderes globais, sabemos que estamos no caminho certo.

A Infraestrutura Invisível: O Crescimento dos HDs

Um dado que passou despercebido mas é fundamental: a demanda por discos rígidos voltou a crescer por causa da IA. A Western Digital registrou aumento de 32% no volume de armazenamento enviado, atingindo 190 exabytes.

Por que isso importa? Porque revela a infraestrutura necessária para sustentar a revolução da IA. O Google Flow criou 100 milhões de vídeos em três meses — imagine o armazenamento necessário. O Gartner projeta receita global de HDs chegando a US$ 24 bilhões em 2026.

Para empresas brasileiras, isso significa que investir em IA não é só sobre software. É sobre toda uma infraestrutura de dados que precisa ser planejada e dimensionada adequadamente.

Os Riscos do Uso Irresponsável

Mas nem tudo são flores. Os casos das últimas 24 horas também revelam os perigos do uso irresponsável da IA:

Advogada Usa IA para Inventar Decisões Judiciais

Uma ex-funcionária foi condenada por litigância de má-fé após sua advogada inserir decisões judiciais falsas criadas por IA. A multa? 5% sobre o valor da causa (R$ 125 mil).

O juiz foi claro: “não é razoável culpar a IA, pois ela depende de comandos humanos”. Este caso destaca a necessidade urgente de regulamentação do uso da IA na advocacia e a importância da conferência humana rigorosa.

Clonagem de Voz: Inovação ou Risco?

Reinaldo Azevedo usou IA para clonar sua voz durante licença médica, permitindo que continuasse produzindo conteúdo. É inovador? Sim. Mas levanta questões sobre autenticidade, controle da identidade digital e riscos de falsificação.

Estes exemplos mostram por que regulamentação e educação são tão importantes quanto a tecnologia em si.

Automação Inteligente: Os 5 Passos que Realmente Funcionam

Adriano Silveira, da Flap Tecnologia, compartilhou cinco passos essenciais para automação com IA que valem ser destacados:

  • Entenda o problema antes da tecnologia: Não comece pela solução, comece pelo problema real que precisa ser resolvido
  • Mapeie os processos reais: Como as coisas funcionam na prática, não no papel
  • Defina prioridades: Use frameworks como ICE Score para escolher o que atacar primeiro
  • Escolha tecnologias adequadas: RPA, Machine Learning, soluções SaaS — cada caso é um caso
  • Monitore rigorosamente: Use metodologias como RAG para minimizar erros e “alucinações”

Estes passos refletem exatamente o que vejo funcionar nos projetos que acompanho. A tecnologia é importante, mas o processo é fundamental.

O Momento da Maturidade Responsável

O que mais me chama atenção neste panorama das últimas 24 horas é como ele revela diferentes estágios de maturidade no uso da IA:

Maturidade Técnica: Casos como da Receita Federal e Detran-SP mostram aplicações sofisticadas que geram resultados concretos

Maturidade Educacional: O exemplo de Larissa da Unicamp demonstra como estamos formando uma nova geração que entende IA de forma nativa

Maturidade Ética: Os casos problemáticos da advogada e questões sobre clonagem de voz mostram que ainda temos muito a aprender sobre uso responsável

Maturidade de Negócios: A Surge AI prova que há modelos de negócio sustentáveis e lucrativos focados em qualidade

Por Que Este É o Momento Mais Estratégico

Estamos saindo da fase do hype e entrando na fase da aplicação responsável. Isso significa que:

  • Empresas que investirem em IA com foco na qualidade dos dados terão vantagem competitiva sustentável
  • Profissionais que se capacitarem adequadamente encontrarão oportunidades em um mercado em expansão
  • Organizações que ignorarem aspectos éticos e regulatórios enfrentarão problemas sérios
  • Instituições que combinarem inovação com responsabilidade liderarão o próximo ciclo

O mercado de dados para IA pode movimentar até US$ 1 trilhão no futuro, segundo projeções citadas no caso da Surge AI. No Brasil, temos competência técnica, casos de uso relevantes e uma população disposta a adotar novas tecnologias.

O Que Isso Significa Para Você

Se você é executivo ou empreendedor, este momento pede uma estratégia clara: invista em dados de qualidade, capacite sua equipe e estabeleça governança adequada. A IA não é mais uma aposta no futuro — é uma necessidade do presente.

Se você é profissional, o recado é claro: capacite-se, mas faça isso de forma estruturada. Entenda não apenas como usar as ferramentas, mas como aplicá-las de forma ética e eficiente.

Se você é gestor público, os casos da Receita Federal e Detran-SP mostram o potencial transformador, mas também a necessidade de equilibrar eficiência com direitos fundamentais.

A história de Edwin Chen nos ensina que o valor está nos dados e na qualidade. A história de Larissa nos mostra que o talento brasileiro pode competir globalmente. Os casos problemáticos nos lembram que tecnologia sem responsabilidade é perigosa.

Em meus projetos de mentoring e consultoria, ajudo executivos, empresas e organizações a navegar exatamente esta transição — combinando inovação tecnológica com aplicação responsável, sempre focando no que realmente gera valor: pessoas capacitadas, processos bem estruturados e dados de qualidade.

Porque no final, a IA é sobre amplificar nossa capacidade humana, não substituí-la. E este momento de maturidade é exatamente a oportunidade de fazer isso da forma certa.


✨Gostou? Você pode se cadastrar para receber em seu e-mail as newsletters da 10K Digital, curadas por mim, com o melhor conteúdo sobre IA e negócios.

➡️ Acesse aqui a Comunidade 10K


POSTAGENS RELACIONADAS

Ver tudo

view all
pt_BRPortuguês do Brasil