Blog Felipe Matos

95% dos Projetos de IA Fracassam Enquanto Brasil Busca Liderança em Nichos — Por Que Este Momento Define a Virada da Maturidade Para Geração de Valor Real

novembro 28, 2025 | by Matos AI

BH52QR9hcYgdhxmNn1aFA_f2b0efc82873468588b1ef38443a126f

Você já parou para pensar por que, mesmo com toda a empolgação em torno da inteligência artificial, a maioria esmagadora dos projetos simplesmente não sai do papel? Nas últimas 24 horas, as notícias revelaram um paradoxo que define exatamente onde estamos na jornada da IA: enquanto 95% dos projetos-piloto de IA generativa falham, o Google está dobrando sua capacidade de atendimento a cada seis meses e o Brasil discute tanto regulação quanto nichos estratégicos.

Este não é mais o momento da experimentação ingênua. É o momento da maturidade estratégica — e as empresas que não entenderem a diferença entre ter IA e gerar valor com IA ficarão para trás.

O Elefante na Sala: Por Que 95% dos Projetos de IA Falham

Um dado publicado pela Valor Econômico me chamou particularmente a atenção: o relatório “Estado da IA nas Empresas” do MIT analisou 300 iniciativas de IA generativa e descobriu que 95% dos projetos-piloto falharam em gerar valor de negócio real.


Participe dos meus grupos de WhatsApp sobre IA Atualizações diárias das novidades mais relevantes no universo da IA e uma comunidade vibrante!


Noventa e cinco por cento. Deixe isso afundar por um segundo.

No meu trabalho diário com empresas de todos os portes, vejo esse cenário se repetir constantemente: há entusiasmo, orçamento, equipes dedicadas — mas os resultados simplesmente não aparecem. E aqui está o ponto que a BCG X destaca de forma cirúrgica: 70% dos desafios não são tecnológicos, são ligados a processos e pessoas.

Pense nisso como tentar usar um smartphone de última geração em uma organização que ainda funciona com memorandos em papel. A tecnologia está pronta, mas o sistema ao redor dela não foi redesenhado para aproveitá-la.

O Caso IBM: Como Redesenhar Processos Transforma Números

Enquanto a maioria tropeça, alguns casos mostram o caminho. A IBM gerou US$ 3,5 bilhões em ganhos de produtividade — não apenas implementando IA, mas redesenhando completamente suas cadeias de valor. O resultado? Agentes de IA agora cobrem 80% dos processos de RH da empresa.

No Brasil, o Bradesco implementou a BIA Corporativa e reduziu o tempo médio de atendimento interno em 80%. O Magalu criou uma solução agêntica própria integrada ao WhatsApp, mostrando que a customização para contextos locais faz diferença.

A diferença entre fracasso e sucesso não está na tecnologia escolhida — está na capacidade de reimaginar processos e na coragem de mexer em estruturas estabelecidas. Em muitas organizações com as quais trabalho, percebo que o maior obstáculo não é técnico, é cultural e organizacional.

O Segundo Estágio da IA: Quando a Infraestrutura Muda de Foco

Enquanto empresas lutam com adoção, a própria infraestrutura da IA está mudando de fase — e isso tem implicações profundas para todos nós.

Segundo reportagem do InfoMoney, Amin Vahdat, chefe de infraestrutura de IA do Google, revelou que a meta da empresa é dobrar a capacidade de atendimento a cada seis meses, antecipando um aumento de mil vezes em quatro ou cinco anos.

Aqui está o detalhe crucial que muitos estão perdendo: isso não é sobre poder computacional bruto (GPUs, data centers). É sobre capacidade de atendimento — isto é, quantas requisições a IA pode processar simultaneamente para usuários reais.

Da Computação Para o Atendimento: O Que Isso Significa

Shay Boloor, estrategista da Futurum Equities, define este momento como a entrada no “segundo estágio da IA”. No primeiro estágio, o desafio era ter poder computacional suficiente para treinar modelos gigantescos. Agora, o gargalo está em servir esses modelos para milhões (ou bilhões) de pessoas ao mesmo tempo.

Pense nisso como a diferença entre ter uma cozinha capaz de criar um prato cinco estrelas versus ter um restaurante que consegue servir mil clientes por noite mantendo a mesma qualidade. São problemas completamente diferentes.

Essa mudança de foco tem uma implicação otimista: ela valida que a demanda por IA é real, não especulativa. As preocupações recentes sobre uma possível bolha da IA esbarram neste fato: empresas como o Google não estariam investindo bilhões em infraestrutura de atendimento se não vissem uso massivo e crescente.

Nos meus cursos imersivos, sempre reforço que entender esses movimentos de infraestrutura ajuda executivos a dimensionar o horizonte temporal das mudanças — e a evitar tanto o hype cego quanto o ceticismo paralisante.

O Custo Oculto da IA: Quando ‘Zero Clique’ Derruba Receitas

Mas nem tudo são flores — especialmente para quem depende da visibilidade digital. Uma notícia da Folha de S.Paulo trouxe dados alarmantes: o AI Overviews do Google (aqueles resumos de IA que aparecem no topo da busca) estão causando uma queda de pelo menos 20,6% no tráfego para sites de notícias.

O fenômeno tem até nome: “zero clique”. Os usuários fazem uma busca, leem o resumo gerado pela IA e nem sequer clicam nos links originais. Para sites que estavam na primeira posição, a perda pode chegar a impressionantes 58,3% dos visitantes.

A Tensão Entre Conveniência e Sustentabilidade

O estudo da Authoritas, submetido ao Cade, levanta questões profundas sobre o ecossistema digital. Se a IA treina usando conteúdo jornalístico sem remuneração, e depois usa esse conhecimento para evitar que usuários visitem as fontes originais, como fica a sustentabilidade de quem produz informação de qualidade?

Há ainda a acusação de autofavorecimento: o Google estaria priorizando seu próprio YouTube nos resultados de IA, criando uma vantagem competitiva potencialmente desleal. Com 90% de domínio no mercado de buscas brasileiro, qualquer movimento do Google tem impacto sísmico.

Para empresas e criadores de conteúdo, isso significa que depender exclusivamente do tráfego orgânico do Google é cada vez mais arriscado. É preciso diversificar canais, construir audiências próprias e pensar em modelos de receita que não dependam apenas de cliques. No mentoring executivo que conduzo, frequentemente trabalho estratégias de como navegar essas mudanças estruturais sem perder relevância.

Riscos Reais: Por Que a IA Não é um ‘Estagiário’ Confiável

Enquanto falamos de ganhos de produtividade e novas capacidades, uma voz crítica trouxe o necessário contraponto. Marcelo Finger, do IME-USP e do Centro de Inteligência Artificial da USP (C4AI), foi direto ao ponto em entrevista ao Valor Econômico: “IA traz riscos consideráveis às empresas”.

Finger compara a IA a um “brinquedo complexo ou equipamento potencialmente perigoso”, alertando que aceitar suas respostas sem espírito crítico gera prejuízos, riscos à saúde e até mortes. O problema? A alucinação é estrutural — não é um bug que será corrigido, é uma característica inerente de como esses modelos funcionam.

A IA Como ‘Estagiário Inexperiente’

A analogia que Finger usa é perfeita: trate a IA como um estagiário inexperiente que precisa de supervisão constante. Ela pode fazer muito trabalho braçal, mas você não deixaria um estagiário tomar decisões críticas sozinho, certo?

Isso exige fact-checking permanente e processos de validação. Em setores regulados — saúde, finanças, jurídico — isso é ainda mais crítico. No meu trabalho com empresas, sempre enfatizo: a IA deve aumentar a produtividade humana, nunca substituir completamente o julgamento crítico.

A Questão da Regulação

Finger vai além e toca em um ponto sensível: sem regulação adequada, os custos dos erros da IA recairão sobre as pessoas. Ele sugere medidas como não expor crianças abaixo de 16 anos a IA e redes sociais — uma discussão que está apenas começando no Brasil e que merece atenção urgente.

A Estratégia Brasileira: Focar em Nichos Onde Temos Vantagem

Mas Marcelo Finger não é apenas crítico — ele aponta um caminho estratégico para o Brasil. Em vez de tentar competir frontalmente com gigantes globais em modelos generalistas, deveríamos focar em nichos onde temos dados e conhecimento único.

O exemplo que ele cita é inspirador: IAs preditivas para a indústria brasileira de cimento conseguiram reduzir 7% das emissões de CO2 do setor. Sete por cento pode não parecer muito, mas em uma indústria tão intensiva em emissões, isso representa impacto ambiental e econômico gigantesco.

Por Que Nichos Fazem Sentido

Pense em áreas onde o Brasil tem massa crítica de dados e especialistas: agricultura tropical, biodiversidade amazônica, gestão de recursos hídricos, energia renovável em contextos específicos. São domínios onde um modelo treinado em dados norte-americanos ou chineses simplesmente não terá o mesmo desempenho.

Essa estratégia de verticalização inteligente pode ser aplicada também por empresas. Em vez de usar apenas IAs generalistas, pensar em como treinar modelos especializados para o seu setor, sua região ou seu nicho de atuação. É algo que tenho visto funcionar muito bem nos projetos de consultoria que conduzo.

IA Agêntica: Quando a Tecnologia Começa a Tomar Decisões

Uma fronteira que está sendo cruzada agora mesmo é a da IA agêntica — sistemas que não apenas sugerem, mas executam ações de forma autônoma. E isso traz questões profundas de governança.

O ConJur publicou uma análise sobre o uso de IA com agência em licitações públicas, citando até o caso da Albânia, que nomeou uma IA chamada Diella como “ministra”. Pode soar como ficção científica, mas é real — e levanta questões urgentes.

Rastreabilidade e Responsabilidade

O artigo destaca uma vantagem importante da IA agêntica: maior rastreabilidade. Cada decisão pode teoricamente ser rastreada até os critérios e dados que a informaram. Isso é algo que decisões humanas nem sempre oferecem.

Mas surge a pergunta crucial: quem é responsável quando a IA erra? O artigo é enfático: é fundamental imputar a entrega da IA a um agente público humano responsável. A IA pode executar, mas a responsabilidade final precisa ser de alguém de carne e osso.

Para o setor privado, as lições são as mesmas: você pode automatizar processos decisórios, mas precisa ter clareza absoluta sobre governança, auditabilidade e responsabilização. Em contratos, em compliance, em qualquer área onde decisões têm consequências legais ou financeiras significativas.

IA no Varejo: Da Black Friday ao ‘Personal Shopper’ Digital

Nem tudo são discussões filosóficas — a IA já está transformando comportamentos cotidianos de consumo de forma palpável. A CNN Brasil publicou um guia prático sobre como usar IA nas compras da Black Friday, mostrando aplicações concretas e acessíveis.

A IA pode atuar como um “personal shopper” digital, analisando fichas técnicas, rastreando histórico de preços para identificar “falsos descontos”, detectando sites fraudulentos e filtrando avaliações falsas com ferramentas como o Fakespot.

Democratização Prática

O que me encanta nesse tipo de aplicação é a democratização imediata. Qualquer pessoa com um smartphone pode usar ChatGPT ou Gemini para comparar produtos, entender especificações técnicas e tomar decisões mais informadas. Não é preciso ser especialista em tecnologia.

Isso mostra que, mesmo enquanto empresas lutam com projetos complexos, a adoção individual está acontecendo organicamente — e mudando comportamentos de consumo de forma profunda. Para o varejo, ignorar isso é um risco existencial.

Lançamentos e Capacitação: O Ecossistema em Movimento

Duas notícias complementares mostram o ecossistema da IA em plena movimentação.

O TechTudo testou o Nano Banana Pro, novo modelo do Google para geração e edição de imagens, com resultados impressionantes de fotorrealismo e capacidade de gerar texto legível — algo que modelos anteriores faziam muito mal. O custo? A versão gratuita tem limite diário, mas o plano básico sai por apenas R$ 12,50 mensais.

Simultaneamente, o G1 noticiou que a Amazon, em parceria com a Refuturiza, abriu 150 mil vagas para curso gratuito de IA generativa e computação em nuvem. A meta da Amazon? Treinar 1 milhão de brasileiros até 2027.

O Gap de Talentos e Oportunidades

Esses movimentos refletem tanto oportunidade quanto urgência. Salários na área começam em R$ 3,5 mil e podem chegar a R$ 27,1 mil para engenheiros de IA, segundo a Robert Half. A demanda cresce mais de 20% ao ano — mas ainda há um gap gigantesco entre oferta e demanda de talentos qualificados.

Para profissionais, isso é uma janela de oportunidade clara. Para empresas, é um alerta: se você não estiver formando seu próprio time ou parceirizando estrategicamente, ficará atrás na corrida.

O Momento da Virada: Da Experimentação ao Valor Real

Quando olho para essas notícias em conjunto, vejo um retrato nítido do momento que estamos vivendo: a fase de experimentação ingênua está terminando. O mercado está cobrando resultados reais, não apenas provas de conceito.

Os 95% de projetos que falharam não são um sinal de fracasso da tecnologia — são um sinal de imaturidade organizacional. As empresas que entenderem isso e investirem tanto em tecnologia quanto em redesenho de processos e capacitação de pessoas estão posicionadas para capturar valor massivo.

Ao mesmo tempo, questões de regulação, responsabilidade e impacto econômico (como o caso do tráfego jornalístico) exigem respostas urgentes. Não podemos mais empurrar essas discussões para o futuro — o futuro é agora.

A Estratégia Brasileira: Nichos e Capacitação

Para o Brasil, o caminho não é tentar competir com o Vale do Silício em modelos generalistas. É identificar nichos onde temos vantagens competitivas — dados únicos, contextos específicos, problemas locais — e construir soluções de classe mundial para esses domínios.

Paralelamente, precisamos acelerar a capacitação massiva. Iniciativas como os 150 mil cursos da Amazon são importantes, mas precisam ser complementadas por formação crítica sobre uso responsável, governança e ética — algo que instituições brasileiras podem liderar.

Por Que Este é o Momento Mais Estratégico Para Líderes e Empresas

Se você lidera uma empresa, uma área de inovação ou está tomando decisões estratégicas sobre tecnologia, este é o momento de parar e repensar abordagens.

A IA não é mais uma aposta em tecnologia futurista — é infraestrutura essencial, como foi a internet nos anos 2000 ou a computação em nuvem nos anos 2010. Mas diferentemente dessas ondas anteriores, a janela de vantagem competitiva é menor. A tecnologia se democratiza rápido; o diferencial está em execução, processos e pessoas.

As perguntas que você deveria estar fazendo agora são:

  • Nossos processos foram desenhados para aproveitar IA ou estamos apenas ‘colando’ tecnologia em estruturas antigas?
  • Temos governança clara sobre responsabilidade e auditabilidade das decisões tomadas com IA?
  • Estamos capacitando nossas equipes ou apenas esperando que a tecnologia resolva tudo sozinha?
  • Há nichos ou especializações onde podemos criar vantagens competitivas sustentáveis?

Essas não são perguntas retóricas — são os pilares da transformação real.

Como Posso Ajudar Sua Empresa Nessa Virada

No meu trabalho de consultoria e mentoring executivo, ajudo empresas e líderes a navegarem exatamente esses desafios: sair da experimentação para geração de valor real, redesenhar processos para aproveitar IA, construir governança responsável e identificar nichos estratégicos.

Nos cursos imersivos que conduzo, o foco não é apenas em ferramentas — é em pensamento estratégico, em entender os movimentos estruturais da indústria e em desenvolver a capacidade de tomar decisões informadas sobre tecnologia, mesmo em contextos de incerteza.

Se sua empresa está entre os 95% que estão lutando para gerar valor com IA, ou se você sente que está investindo em tecnologia mas não vendo resultados proporcionais, vamos conversar. O momento de virar esse jogo é agora — e os líderes que agirem estrategicamente hoje estarão à frente amanhã.

Porque, no final das contas, IA não é sobre tecnologia. É sobre transformação de negócio com tecnologia — e isso exige tanto visão estratégica quanto execução impecável.


✨Gostou? Você pode se cadastrar para receber em seu e-mail as newsletters da 10K Digital, curadas por mim, com o melhor conteúdo sobre IA e negócios.

➡️ Acesse aqui a Comunidade 10K


POSTAGENS RELACIONADAS

Ver tudo

view all