A Dupla Face da IA no Brasil: De Pesquisadores Barrados a Avatares no OnlyFans – O Que Aconteceu nas Últimas 24h
março 23, 2025 | by Matos AI

O cenário da inteligência artificial no Brasil está cada vez mais dinâmico e revela contrastes fascinantes. Por um lado, vemos pesquisadores brasileiros de ponta sendo barrados em viagens internacionais; por outro, a tecnologia avança em áreas inesperadas como conteúdo adulto. Enquanto isso, estudos mostram que nós, brasileiros, estamos entre os mais otimistas do mundo quanto ao uso de IA. Mas será que estamos aproveitando esse potencial de forma estratégica?
A análise das últimas 24 horas mostra um panorama complexo que merece nossa atenção. Vamos examinar as principais notícias e entender o que realmente importa para empreendedores, empresas e para o futuro da inovação no Brasil.
Geopolítica da IA: Quando um Brasileiro de Ponta é Barrado nos EUA
Uma das notícias mais preocupantes da semana foi o caso de Rodrigo Nogueira, fundador da Maritaca AI e especialista em modelos de linguagem, que teve seu visto de entrada nos EUA negado. De acordo com reportagem do Poder360, Nogueira iria ministrar uma palestra em Harvard, mas agora precisará fazê-la remotamente.
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Este episódio não é isolado. Um pesquisador francês também passou pela mesma situação recentemente. O próprio Nogueira atribuiu o problema à sua área de atuação, refletindo “o momento atual das tensões em torno da IA”.
O que vemos aqui é um claro indicativo da crescente tensão geopolítica no campo da inteligência artificial. Em meus anos trabalhando com startups de tecnologia e inovação, tenho observado como a IA deixou de ser apenas uma questão tecnológica para se tornar uma peça central na disputa por poder global.
Este tipo de barreira não afeta apenas os indivíduos, mas todo o ecossistema brasileiro de inovação. Quando nossos talentos enfrentam obstáculos para colaborar internacionalmente, acabamos reduzindo nossa capacidade de absorver e contribuir com conhecimento na fronteira tecnológica.
A IA em Áreas Inusitadas: OnlyFans e a Nova Economia Virtual
Em contraste com as barreiras acadêmicas, vemos a IA avançando rapidamente em setores comerciais – inclusive em áreas inesperadas. Segundo reportagem do Olhar Digital, avatares de IA estão ganhando espaço em plataformas de conteúdo adulto como OnlyFans e Privacy.
O especialista Cleber Zanchettin, da UFPE, aponta que essa tendência começou nos EUA e Europa no início do ano passado, mas só agora chegou com força ao Brasil. E os números são impressionantes: há relatos de pessoas faturando mais de R$ 20 mil em apenas três meses com estes avatares.
Este fenômeno levanta questões importantes sobre:
- A ética e regulamentação de conteúdo gerado por IA
- As novas formas de trabalho e geração de renda na economia digital
- O impacto socioeconômico dessas tecnologias emergentes
Mais do que o lado polêmico, o que me chama atenção como observador de tendências é como a IA está reconfigurando cadeias de valor em praticamente todas as indústrias – das mais convencionais às mais disruptivas.
E não se engane: essa não é uma questão marginal. Estamos falando de um segmento bilionário da economia digital que, querendo ou não, impulsiona inovações tecnológicas que acabam transbordando para outras áreas.
Brasileiros e a IA: Um Povo Otimista e Ávido por Tecnologia
Enquanto debatemos os limites éticos e geopolíticos da IA, é importante entender como os brasileiros estão se relacionando com essa tecnologia no dia a dia. E os dados são surpreendentes.
Segundo pesquisa recente divulgada pelo TechTudo, realizada pela Ipsos e Google, 60% dos brasileiros acreditam que a IA pode trazer benefícios profissionais, superando a média mundial de 57%.
Os principais usos da IA pelos brasileiros são:
- Busca por informações online (81%)
- Assistência pessoal (75%)
- Apoio aos estudos (74%)
- Assistência de escrita (85%)
- Encontrar soluções inovadoras (88%)
Esses números revelam uma abertura cultural à tecnologia que é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio. Por um lado, temos uma população receptiva à inovação; por outro, precisamos garantir que essa adoção seja consciente e traga benefícios reais.
No meu trabalho com startups e empresas em transformação digital, tenho visto como essa receptividade dos brasileiros à IA pode acelerar processos de inovação – desde que acompanhada de visão estratégica e foco em valor real, não apenas em novidade tecnológica.
Educação e IA: CAPES Investe em Projetos Inovadores
Uma notícia especialmente positiva vem do campo educacional. De acordo com comunicado oficial da CAPES, a instituição selecionará até 30 projetos que apresentem soluções tecnológicas inovadoras em inteligência artificial para a educação.
O edital InovaEDUCAÇÃO aceitará propostas de 15 de abril a 16 de maio, com foco em nove áreas estratégicas:
- Plataformas de aprendizado
- Sistemas de tutoria inteligente
- Assistentes virtuais
- Sistema de avaliação automatizada
- Análise de desempenho e aprendizado
- Games e simulações interativas
- Ferramentas de acessibilidade
- Realidade aumentada e virtual
- Retenção de discentes
Esta iniciativa representa um avanço importante em políticas públicas voltadas para inovação educacional. Em minha trajetória como empreendedor e fundador da primeira neo-universidade da América Latina, tenho defendido que a educação é o campo onde a IA pode gerar os impactos mais profundos e duradouros.
As startups brasileiras de edtech têm aqui uma oportunidade valiosa não apenas de captar recursos, mas de contribuir para a transformação do nosso sistema educacional, criando soluções que possam escalar e beneficiar milhões de estudantes.
A Revolução Silenciosa: IA Que “Pensa” Antes de Responder
Por fim, uma das notícias mais interessantes sobre evolução tecnológica vem de reportagem do UOL Tilt sobre uma mudança fundamental na forma como os modelos de IA estão sendo desenvolvidos.
Diferentemente da abordagem tradicional de simplesmente aumentar o poder computacional e a quantidade de dados (“IA com esteroides”), a nova tendência é desenvolver modelos com capacidade de “raciocínio” – sistemas que “pensam” antes de responder.
Essa mudança representa um paradigma importante: não basta apenas processar mais dados, mas processá-los de forma mais inteligente e reflexiva.
Como observa a reportagem: “É uma tendência da própria indústria pensar nessa ideia do raciocínio, que não é o humano, mas fazer o modelo refletir sobre o processo antes de dar a resposta.”
Essa evolução tem implicações profundas para startups e empresas de tecnologia, pois sugere que o diferencial competitivo não estará apenas no volume de dados ou no poder computacional, mas na qualidade dos algoritmos e na capacidade de simular processos cognitivos mais sofisticados.
O Que Tudo Isso Significa para o Ecossistema Brasileiro de Inovação?
Analisando o conjunto dessas notícias, percebo algumas tendências claras e oportunidades para o ecossistema brasileiro:
1. A IA está se difundindo rapidamente em todos os setores
Das plataformas de conteúdo adulto à educação pública, a inteligência artificial está penetrando em todos os setores da economia e da sociedade. Isso cria demanda por especialistas que compreendam não apenas a tecnologia em si, mas suas aplicações específicas em cada contexto.
Para empreendedores, isso significa buscar nichos onde a IA pode resolver problemas reais com vantagens competitivas claras, em vez de apenas aplicar a tecnologia de forma genérica.
2. A geopolítica da IA afeta diretamente nossa capacidade de inovação
O caso do pesquisador brasileiro barrado nos EUA é um alerta: precisamos desenvolver estratégias que reduzam nossa dependência de centros internacionais e fortaleçam nossa própria capacidade de pesquisa e desenvolvimento em IA.
Nas minhas conversas com líderes do setor público e privado, tenho defendido a importância de programas nacionais de fomento à IA que vão além de aplicações pontuais, investindo em pesquisa fundamental e formação avançada de talentos.
3. Há um descompasso entre otimismo e preparação
Os brasileiros são otimistas em relação à IA, mas será que estamos realmente preparados para aproveitar seu potencial e mitigar seus riscos? A adoção acelerada precisa vir acompanhada de letramento digital, ética e governança adequadas.
Em meu trabalho de mentoria com startups, costumo enfatizar que não basta incorporar IA aos produtos – é preciso pensar em toda a experiência do usuário, nas questões éticas e na sustentabilidade do modelo de negócio.
4. A qualidade supera a quantidade
A evolução dos modelos de IA para sistemas que “raciocinam” antes de responder sugere um movimento da indústria em direção à qualidade e sofisticação, não apenas ao volume de dados e processamento.
Isso abre oportunidades para startups que talvez não possam competir em escala com gigantes tecnológicos, mas podem desenvolver soluções de nicho com abordagens mais inteligentes e eficientes.
Desafios e Oportunidades para Startups Brasileiras
Vejo pelo menos cinco grandes oportunidades para startups brasileiras no cenário atual:
1. Soluções de IA para Educação
O edital da CAPES é apenas um exemplo do crescente interesse em aplicações educacionais da IA. Startups que consigam desenvolver ferramentas de aprendizado personalizado, tutoria inteligente e avaliação automatizada têm um mercado potencial enorme – não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina.
Durante minha experiência na fundação da primeira neo-universidade da América Latina, pude constatar o imenso potencial transformador de tecnologias educacionais quando bem aplicadas. O momento atual é particularmente propício para empreendedores nesse setor.
2. Verticais Específicas com IA “Pensante”
A tendência de modelos de IA com capacidade de “raciocínio” abre espaço para aplicações em setores onde a qualidade da decisão é mais importante que a velocidade ou volume – como saúde, finanças e direito.
Startups que consigam adaptar esses avanços para resolver problemas específicos dessas indústrias podem criar soluções de alto valor agregado.
3. IA para Conteúdo e Criatividade
O caso dos avatares no OnlyFans é um exemplo extremo, mas ilustra o potencial da IA para criar conteúdo. Há oportunidades muito mais amplas e menos controversas em áreas como marketing, design, produção audiovisual e desenvolvimento de produtos.
Em minhas mentorias com startups de mídia e criatividade, tenho visto resultados extraordinários quando a IA é usada para potencializar (e não substituir) a criatividade humana.
4. Ferramentas de Governança e Ética de IA
Com a rápida adoção da IA, cresce a demanda por ferramentas que garantam seu uso ético, transparente e alinhado a valores humanos. Startups que desenvolvam soluções para auditoria de algoritmos, detecção de vieses e explicabilidade de modelos têm um mercado crescente.
Como defensor da inovação responsável, vejo que as empresas que construírem confiança através de práticas éticas terão vantagem competitiva sustentável.
5. IA para Inclusão e Acessibilidade
O Brasil, com suas desigualdades históricas, tem muito a ganhar com aplicações de IA voltadas para inclusão social, acessibilidade e redução de barreiras. Startups nesse espaço não apenas atendem a uma necessidade social, mas podem acessar recursos específicos de impacto.
Em meu trabalho com ecossistemas de inovação, tenho observado como empreendimentos com propósito social conseguem atrair não apenas investimentos, mas talentos excepcionais motivados por causas maiores.
Construindo um Ecossistema Brasileiro de IA
Para além das oportunidades para startups individuais, precisamos refletir sobre como fortalecer todo o ecossistema brasileiro de IA. Em minha experiência apoiando mais de 10 mil startups, identifiquei alguns elementos críticos para esse desenvolvimento:
1. Formação Acelerada de Talentos
Precisamos urgentemente ampliar e democratizar a formação em IA, tanto em nível técnico quanto superior. O edital da CAPES é um passo importante, mas ainda insuficiente diante da demanda crescente por profissionais qualificados.
Iniciativas como bootcamps, programas de residência tecnológica e parcerias entre academia e indústria podem ajudar a reduzir esse gargalo.
2. Infraestrutura Computacional Acessível
O desenvolvimento de modelos avançados de IA ainda requer poder computacional significativo. Precisamos de políticas que democratizem o acesso a clusters de GPU e serviços de computação em nuvem para startups e pesquisadores brasileiros.
Em minha atuação junto a políticas públicas de inovação, tenho defendido a criação de infraestruturas compartilhadas que possam ser acessadas por empreendedores e pesquisadores a custos subsidiados.
3. Dados Abertos e Colaboração Público-Privada
A qualidade dos dados é tão importante quanto a sofisticação dos algoritmos. Precisamos de mais iniciativas de dados abertos e colaboração entre setor público, privado e academia para criar conjuntos de dados relevantes para os desafios brasileiros.
4. Marco Regulatório Equilibrado
A regulação da IA é inevitável e necessária, mas precisamos de um marco que proteja direitos fundamentais sem sufocar a inovação. O Brasil tem a oportunidade de criar um modelo equilibrado, aprendendo com os erros e acertos de outras jurisdições.
Como ex-presidente da Associação Brasileira de Startups e VP da Associação Dínamo, participei ativamente de discussões sobre regulação tecnológica, e acredito que o diálogo construtivo entre reguladores e inovadores é o único caminho viável.
5. Internacionalização e Cooperação Global
Apesar dos desafios geopolíticos ilustrados pelo caso do pesquisador barrado, não podemos nos isolar. Precisamos de estratégias inteligentes de cooperação internacional que nos permitam participar das redes globais de conhecimento em IA sem comprometer nossa autonomia tecnológica.
O Futuro da IA no Brasil: Uma Visão Pessoal
Analisando o conjunto dessas notícias e tendências, vejo tanto razões para otimismo quanto alertas importantes para o futuro da IA no Brasil.
Por um lado, temos uma população receptiva à tecnologia, iniciativas governamentais promissoras como o edital da CAPES, e um ecossistema de startups cada vez mais maduro. Por outro, enfrentamos desafios significativos em termos de formação de talentos, infraestrutura computacional e tensões geopolíticas.
Minha visão é que o Brasil tem condições de se tornar um protagonista em nichos específicos de IA – especialmente em áreas como agritech, edtech, govtech e soluções para inclusão social – desde que consigamos articular esforços públicos e privados de forma mais coerente e estratégica.
O que me preocupa, contudo, é a velocidade dessa evolução. As notícias das últimas 24 horas mostram um cenário tecnológico que se move em ritmo acelerado, enquanto nossas estruturas educacionais, regulatórias e de fomento operam em ciclos muito mais lentos.
Precisamos urgentemente acelerar nossa capacidade de resposta como país, criando mecanismos mais ágeis de adaptação e aprendizado coletivo.
Conclusão: Navegando a Revolução da IA no Brasil
As notícias das últimas 24 horas no campo da IA refletem um cenário de rápida transformação, com oportunidades extraordinárias e desafios significativos para o Brasil.
Como empreendedor que acompanha o ecossistema de inovação há mais de duas décadas, posso afirmar com convicção: estamos vivendo um momento definidor para o futuro tecnológico do país.
As escolhas que fizermos agora – como empreendedores, investidores, formuladores de políticas e cidadãos – determinarão se seremos protagonistas ou meros consumidores da revolução da IA.
Em meu trabalho de mentoria com startups e empresas em transformação digital, tenho ajudado líderes a identificar oportunidades concretas nesse cenário e a desenvolver estratégias que combinam visão tecnológica com propósito humano.
Acredito firmemente que a IA só cumprirá seu verdadeiro potencial quando for desenvolvida e aplicada com foco em resolver problemas reais, reduzir desigualdades e ampliar o potencial humano – não apenas em gerar lucros ou substituir trabalho.
As notícias de hoje – do pesquisador barrado ao edital da CAPES, dos avatares virtuais à evolução dos modelos de “raciocínio” – são peças de um quebra-cabeça maior que estamos todos construindo. E cabe a nós, como comunidade de inovação, garantir que esse quebra-cabeça forme uma imagem de progresso inclusivo e sustentável.
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