Brasil Lidera Declaração Global dos BRICS Sobre Governança da IA Enquanto Ecossistema Nacional Se Reorganiza — O Panorama das Últimas 24h

Enquanto o mundo discute quem vai dominar a inteligência artificial, o Brasil acaba de assumir um papel de liderança global na definição de como essa tecnologia deve ser governada. A declaração do BRICS sobre IA, divulgada ontem no Rio de Janeiro, não é apenas mais um documento diplomático — é um manifesto que pode redefinir as regras do jogo tecnológico mundial.

BRICS Propõe Nova Ordem Mundial para IA

A declaração específica sobre inteligência artificial divulgada pelos líderes do BRICS vai muito além de boas intenções. O documento estabelece princípios fundamentais que podem influenciar como a IA será desenvolvida e implementada globalmente.

Os pontos centrais da declaração incluem:

• Governança baseada na Carta da ONU: Uma abordagem multilateral que prioriza a soberania nacional
• Proteção da propriedade intelectual: Mecanismos para evitar o uso não autorizado de dados para treinamento de IA
• Inclusão de mercados emergentes: Garantia de participação efetiva dos países em desenvolvimento
• Sustentabilidade ambiental: Foco na minimização do impacto ambiental da IA
• Proteção dos direitos trabalhistas: Especial atenção aos impactos no mercado de trabalho

O que me chama atenção é a abordagem equilibrada. Não se trata de frear a inovação, mas de garantir que ela aconteça de forma mais justa e sustentável. Em minha experiência com startups, vejo que as empresas que crescem considerando impacto social desde o início tendem a ser mais resilientes e valiosas a longo prazo.

Lula Confronta o Monopólio Tecnológico Global

A declaração mais impactante veio do presidente Lula, que afirmou que a IA “não pode ser instrumento de manipulação na mão de bilionários”. Esta frase resume uma preocupação global que vai além da diplomacia: a concentração de poder tecnológico.

Lula defendeu um modelo de governança “justo, inclusivo e equitativo”, confrontando diretamente a resistência das big techs como Google e OpenAI aos mecanismos de remuneração justa por conteúdos usados no treinamento de IA. É uma posição corajosa que pode abrir precedentes importantes.

O que isso significa para o ecossistema brasileiro? Estamos vendo o país se posicionar como líder na definição de regras que podem influenciar como startups de IA se desenvolvem globalmente. Isso pode criar vantagens competitivas significativas para empreendedores brasileiros que já nascem alinhados com essas diretrizes.

Impacto na Inovação Nacional

O timing não poderia ser melhor. Enquanto o Brasil lidera discussões globais, nosso ecossistema interno está se reorganizando para aproveitar as oportunidades da IA.

UnB Lança Primeiro Curso de Bacharelado em IA do País

A Universidade de Brasília anunciou a criação do primeiro bacharelado em IA do Brasil, com início previsto para 2026. Essa iniciativa representa um marco na formação de talentos especializados.

O que me impressiona é a abordagem estratégica da UnB. Eles não apenas criaram um curso, mas estabeleceram o Centro Integrado de Pesquisa em Inteligência Artificial (CenIA) e o Comitê de Inteligência Artificial e Supercomputação. É uma visão sistêmica que combina formação, pesquisa e infraestrutura.

Para empreendedores, isso significa um pipeline futuro de talentos especializados. Em minha experiência acelerando startups, a disponibilidade de talentos técnicos qualificados é frequentemente o gargalo principal para o crescimento. Essa iniciativa pode ser um game-changer para o ecossistema brasileiro.

Setor Jurídico Enfrenta Paradoxo da Eficiência

Enquanto isso, o setor jurídico brasileiro vive um paradoxo interessante. Segundo relatório da Thomson Reuters, apenas 22% das organizações jurídicas possuem uma estratégia clara de IA, mesmo com ganhos evidentes de eficiência.

Os dados são reveladores: profissionais podem economizar cinco horas semanais com IA, mas a maioria das organizações ainda não sabe como aproveitar isso estrategicamente. É uma oportunidade enorme para startups que desenvolvem soluções específicas para o setor.

O que vejo aqui é um padrão comum: a tecnologia avança mais rápido que a capacidade organizacional de absorvê-la. Isso cria janelas de oportunidade para empreendedores que conseguem fazer a ponte entre a tecnologia e a necessidade real dos negócios.

Startups Brasileiras Mostram Aplicações Práticas

Duas iniciativas chamaram minha atenção por mostrar como a IA pode ser aplicada de forma inovadora e com propósito:

IA a Serviço da Saúde e Causas Sociais

A startup IAcolabora está revolucionando a gestão de clínicas e hospitais com ganhos impressionantes: 27% de aumento na conversão de consultas e redução de 31% no retrabalho. Mais importante ainda, respeitando a LGPD e normas do CFM.

Paralelamente, o Instituto Sou da Paz lançou uma campanha inovadora usando IA para conscientizar sobre violência armada, criando a personagem MarIA a partir de traços de mulheres que perderam entes queridos.

Esses exemplos mostram algo fundamental: a IA não é apenas sobre eficiência operacional, mas sobre criar impacto social significativo. É exatamente o tipo de inovação que o Brasil precisa para se diferenciar globalmente.

Democratização das Ferramentas de IA

A CNN Brasil destacou cinco ferramentas de IA para edição de fotos que estão democratizando capacidades antes restritas a profissionais especializados. Adobe Photoshop, Canva, Remini, Cleanup.Pictures e Luminar Neo estão tornando edição profissional acessível a qualquer pessoa.

Essa democratização cria tanto oportunidades quanto desafios. Para empreendedores, significa que barreiras técnicas estão diminuindo rapidamente. Para profissionais estabelecidos, significa que precisam evoluir para atividades de maior valor agregado.

O Que Isso Significa Para Empreendedores Brasileiros

Estamos vivendo um momento único na história da tecnologia brasileira. O país está assumindo liderança global na governança da IA, criando infraestrutura educacional especializada e desenvolvendo aplicações práticas inovadoras.

Para startups, isso representa algumas oportunidades específicas:

• Advantage regulatório: Empresas brasileiras que já nascem alinhadas com as diretrizes do BRICS podem ter vantagens competitivas globais
• Talentos especializados: O investimento em formação criará um pipeline de profissionais qualificados
• Mercado interno forte: Setores como saúde e jurídico mostram demanda reprimida por soluções específicas
• Propósito como diferencial: O foco em impacto social pode ser um fator de diferenciação global

O desafio é executar. Como bem destaca o Estadão, dominar comandos eficazes (prompts) é essencial para aproveitar a IA. Mas vai além: é preciso entender como integrar essas ferramentas em estratégias de negócio consistentes.

O Futuro é Colaborativo, Não Competitivo

Uma reflexão interessante apareceu no Instituto Humanitas Unisinos sobre o lugar da espiritualidade na era da IA. O artigo propõe uma abordagem ecológica onde “inteligências humanas, artificiais e outras entidades se interrelacionam em ecossistemas híbridos”.

Essa visão conectiva é fundamental para empreendedores. A IA não vai substituir humanos, mas vai exigir novas formas de colaboração. As startups que conseguirem criar essas pontes colaborativas terão vantagens significativas.

Conclusão: O Momento Brasileiro da IA

As últimas 24 horas mostram o Brasil em uma posição única: liderando discussões globais sobre governança da IA enquanto constrói capacidades internas sólidas. É um momento que pode definir nossa posição no cenário tecnológico mundial.

Para empreendedores, o recado é claro: não se trata apenas de usar IA, mas de fazê-lo de forma estratégica, ética e com propósito. As oportunidades estão aí, mas exigem visão sistêmica e execução consistente.

No meu mentoring, ajudo startups a entender como posicionar suas soluções de IA não apenas para o mercado brasileiro, mas para um contexto global onde nosso país está assumindo protagonismo. É um momento histórico que não podemos desperdiçar.