Brasil Pode Ser o Primeiro a Regular Agentes de IA Enquanto 80% das Empresas Ainda Subutilizam a Tecnologia — O Paradoxo da Inovação
junho 27, 2025 | by Matos AI

Vivemos um momento fascinante e contraditório no cenário brasileiro de inteligência artificial. Enquanto nosso país se posiciona para ser potencialmente o primeiro do mundo a regular “agentes de IA” — uma definição que pode mudar completamente como pensamos sobre responsabilidade tecnológica — descobrimos que 80% das empresas brasileiras já adotaram IA generativa, mas 75% ainda a utilizam muito pouco.
Esse paradoxo revela algo profundo sobre nossa relação com a inovação: somos rápidos para abraçar o novo, mas lentos para extrair seu verdadeiro potencial. Nas últimas 24 horas, as notícias sobre IA no Brasil pintaram um quadro que mistura pioneirismo regulatório, desafios práticos e oportunidades inexploradas.
O Brasil na Vanguarda Regulatória Mundial
Segundo reportagem do Poder360, o projeto de lei para regular IA no Brasil, que já passou pelo Senado e tramita na Câmara, mantém uma definição inovadora de “agentes de IA” que engloba desenvolvedores, distribuidores e aplicadores envolvidos na cadeia de valor dos sistemas de IA.
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Essa abordagem é revolucionária porque trata a IA não como uma ferramenta isolada, mas como um ecossistema de responsabilidades compartilhadas. É como olhar para um carro e perceber que a responsabilidade não é apenas do motorista, mas também do fabricante, da concessionária e até da oficina que faz a manutenção.
Contudo, como destaca o artigo, essa definição pode gerar preocupações práticas significativas, especialmente considerando que o Brasil é um país que importa substancialmente tecnologia. A questão é: como aplicar essa responsabilidade compartilhada em um mercado onde muitas vezes somos apenas consumidores da tecnologia desenvolvida no exterior?
O Desafio da Definição
Em minha experiência apoiando startups e empresas em suas jornadas de inovação, sempre observei que definições imprecisas são o maior inimigo da implementação eficaz. O termo “agentes de IA” pode rapidamente se tornar antiquado, especialmente em um campo que evolui na velocidade da luz.
A urgência legislativa, embora compreensível, pode estar levando a uma exploração insuficiente das implicações práticas dessas definições. É como tentar regulamentar a internet em 1995 — você sabe que é importante, mas ainda não compreende completamente o que está regulamentando.
O Paradoxo da Adoção Empresarial
Enquanto discutimos regulamentação, a realidade do mercado brasileiro revela um paradoxo fascinante. A 36ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia mostra que a IA generativa está presente em 80% das médias e grandes empresas brasileiras, mas ainda é pouco utilizada por 75% delas.
Isso me lembra os primeiros dias da internet corporativa, quando as empresas tinham websites apenas para “marcar presença digital”, sem compreender verdadeiramente o potencial transformador da tecnologia. Hoje, vejo o mesmo padrão se repetindo com a IA.
Por que isso acontece? Na minha experiência, três fatores principais explicam essa subutilização:
- Falta de capacitação das equipes: Ter acesso à ferramenta não significa saber como usá-la efetivamente
- Ausência de estratégia clara: Muitas empresas adotam IA sem entender onde ela pode gerar mais valor
- Resistência cultural: A mudança de processos estabelecidos sempre encontra resistência organizacional
Essa realidade representa uma oportunidade gigantesca para empresas que conseguirem acelerar sua curva de aprendizado e implementação efetiva da IA.
Quando a IA Cria Problemas Onde Deveria Resolver
Um dos casos mais emblemáticos das últimas 24 horas foi relatado pelo Estadão: a IA está criando um grande problema tanto para quem procura emprego quanto para quem quer contratar.
O cenário é quase cômico se não fosse trágico: candidatos usando IA para gerar currículos automaticamente, resultando em mais de 1.200 candidaturas para uma única vaga. O LinkedIn registra agora 11 mil candidaturas por minuto, e o crescimento foi de 45% no último ano.
Do outro lado, empresas como o Chipotle relatam que usar chatbots de IA para triagem reduziu o tempo de contratação em 75%. Mas isso gerou uma corrida armamentista: IA gerando currículos enfrentando IA fazendo triagem.
A Lição da Autenticidade
Esse caso ilustra perfeitamente um princípio que sempre defendo: a tecnologia amplifica tanto as virtudes quanto os vícios humanos. Se já tínhamos problemas com candidaturas em massa e processos de seleção ineficientes, a IA apenas escalou esses problemas.
A solução não está em resistir à tecnologia, mas em redesenhar os processos considerando a nova realidade. Empresas que conseguirem equilibrar eficiência tecnológica com avaliação humana autêntica terão vantagem competitiva significativa.
Sucessos Inesperados: IA na Saúde
Nem tudo são desafios. Uma das notícias mais inspiradoras veio da Folha de S.Paulo: estudos apresentados em Dublin mostram que tecnologias baseadas em IA estão aumentando significativamente o sucesso de programas para parar de fumar, com taxas de até 50%.
Isso demonstra o poder da IA quando aplicada com propósito claro e contexto adequado. Os algoritmos simulam conversas humanas, oferecem incentivo personalizado e desenvolvem estratégias específicas para lidar com o desejo de fumar.
No Reino Unido, o aplicativo Quit Genius mostrou que 45% dos usuários permaneceram sem fumar após seis meses. No Brasil, as taxas médias de sucesso são de 46%, com potencial de alcançar 70% em grupos específicos.
Esse caso me faz refletir sobre algo fundamental: a IA funciona melhor quando complementa, não substitui, a experiência humana. Os especialistas são claros ao afirmar que a tecnologia deve ser uma aliada, não uma substituta de tratamentos validados que envolvem apoio psicológico e medicamentos.
O Que Aprendemos com os Desafios Globais
Enquanto enfrentamos nossos desafios locais, vale observar o que acontece globalmente. A notícia sobre os problemas da Apple com IA no iPhone 17 é emblemática: mesmo gigantes tecnológicos enfrentam dificuldades para entregar promessas de IA no prazo.
Analistas do JP Morgan apontam que atrasos nos recursos de IA, especialmente relacionados à nova Siri, podem prejudicar as vendas do iPhone 17. A Apple reduziu sua previsão de produção em 9% comparado ao iPhone 16.
Isso nos ensina que a IA ainda é uma tecnologia em desenvolvimento, e até mesmo as empresas mais avançadas do mundo estão aprendendo como implementá-la efetivamente.
A Decisão Histórica do STF
Uma notícia que passou despercebida por muitos, mas que considero fundamental, foi a análise da CNN Brasil sobre a decisão do STF incluir chatbots na responsabilidade das plataformas digitais.
Carlos Affonso Souza, especialista em direito digital, destaca que essa inclusão é significativa porque chatbots não se enquadram como conteúdo gerado por terceiros, mas como ação própria das plataformas. Essa decisão estabelece um precedente importante sobre responsabilidade civil em IA.
É interessante observar como o Brasil está simultaneamente criando regulamentação específica para IA e definindo precedentes jurídicos através de casos concretos. Estamos construindo um arcabouço legal robusto que pode nos posicionar como referência global.
Reflexões Sobre o Futuro do Trabalho
O artigo do Infomoney traz uma perspectiva que, embora polarizante, merece reflexão: “A IA vai tomar seu emprego. Aceite isso – e adapte-se”.
O autor faz uma analogia histórica interessante, comparando o momento atual com a transição da sociedade rural para a industrial. Sua mensagem é clara: a resistência à mudança leva ao sofrimento, enquanto a adaptação proativa gera oportunidades.
Concordo parcialmente com essa visão, mas com nuances importantes. Em minha experiência trabalhando com milhares de startups e profissionais, observo que a IA não está simplesmente substituindo empregos, mas redefinindo o valor do trabalho humano.
Os trabalhos que dependem de energia humana, emoção e interação em tempo real continuarão em alta demanda. A chave está em integrar a IA ao fluxo de trabalho, não resistir a ela.
Oportunidades no Meio do Caos
Analisando todas essas notícias em conjunto, vejo um padrão claro: estamos vivendo um momento de transição onde as oportunidades pertencem a quem conseguir navegar a complexidade com sabedoria.
Para empresas brasileiras, isso significa:
- Capacitar equipes rapidamente: Não basta ter acesso à IA, é preciso saber usá-la efetivamente
- Desenvolver estratégias claras: Definir onde a IA pode gerar mais valor específico para seu negócio
- Preparar-se para o ambiente regulatório: Entender as implicações da nova legislação
- Investir em processos híbridos: Combinar eficiência tecnológica com toque humano
Para profissionais, as oportunidades estão em:
- Desenvolver habilidades complementares à IA: Criatividade, empatia, pensamento crítico
- Aprender a trabalhar com IA: Não contra ela, mas como amplificador de capacidades
- Focar em interações humanas autênticas: Onde a IA ainda não consegue competir
- Construir intuição sobre IA: Entender quando usar e quando não usar
O Caminho à Frente
As notícias das últimas 24 horas revelam que o Brasil está em uma posição única: somos pioneiros em regulamentação, mas ainda estamos aprendendo a implementação prática. Essa combinação pode ser nossa maior vantagem competitiva.
Enquanto outros países ainda discutem como regular IA, nós estamos construindo um framework legal. Enquanto muitos ainda resistem à adoção, nós já temos 80% das empresas com acesso à tecnologia. O que falta é a ponte entre esses dois mundos: implementação efetiva dentro de um ambiente regulatório claro.
Vejo paralelos com a revolução móvel no Brasil. Fomos um dos primeiros países a adotar massivamente smartphones, mas demoramos para desenvolver um ecossistema robusto de aplicativos e serviços. Com a IA, temos a chance de fazer diferente.
No meu trabalho de mentoria com startups e empresas, percebo que as organizações que conseguem equilibrar experimentação ágil com responsabilidade ética estão saindo na frente. Elas não esperam a regulamentação ficar perfeita, mas também não ignoram as implicações éticas e legais de suas escolhas.
A chave está em construir capacidades internas enquanto contribuímos para moldar o ambiente regulatório. É participar do jogo sendo jogado, não esperar que as regras sejam escritas por outros.
Se você é líder de uma empresa que faz parte dos 80% que já adotaram IA mas ainda a subutilizam, este é o momento de acelerar. Se você é profissional preocupado com o futuro do trabalho, este é o momento de se capacitar. Se você é empreendedor vislumbrando oportunidades, este é o momento de construir soluções que aproveitem nossa posição regulatória única.
A janela de oportunidade está aberta, mas não ficará assim para sempre. Como sempre digo em meus mentorios: o futuro pertence não a quem prevê as mudanças, mas a quem se adapta a elas com rapidez e sabedoria.
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