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Europa Emerge como 3ª Força Global da IA: O Brasil Está Preparado ou Será Engolido?

março 12, 2025 | by Matos AI

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O cenário global da inteligência artificial está mudando rapidamente, e as últimas 24 horas trouxeram novidades significativas que merecem nossa atenção. Enquanto a Europa dá um salto estratégico com investimentos bilionários, a China apresenta uma IA totalmente autônoma que promete revolucionar a forma como interagimos com a tecnologia. Estamos vendo uma aceleração sem precedentes no desenvolvimento dessas tecnologias – e o Brasil precisa urgentemente definir seu posicionamento neste novo mundo.

Europa: de reguladora a potência da IA

A notícia mais impactante dos últimos dias vem da União Europeia, que anunciou investimentos de 200 bilhões de euros em IA, consolidando-se como a terceira força global no setor, atrás apenas de Estados Unidos e China. É uma mudança significativa de postura para um bloco que até agora era visto principalmente como regulador.

Durante o AI Action Summit, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, destacou que a IA pode impulsionar a competitividade e democratizar o acesso ao conhecimento. Interessante notar que 60 países, incluindo Brasil, Índia e China, assinaram um acordo de cooperação, enquanto Reino Unido e Estados Unidos se abstiveram, citando preocupações com segurança nacional e temores de que a regulação excessiva possa “matar” a indústria em crescimento.

Segundo reportagem do UOL, a Europa busca agora questionar como sua ênfase anterior na regulação impactou a inovação no bloco. É um dilema que tenho discutido há anos: como equilibrar regulação responsável com a necessidade de fomentar inovação?

Manus AI: a autonomia digital chinesa avança

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a China demonstra sua capacidade de inovação com o lançamento da Manus AI, apresentada como o “primeiro agente geral de inteligência artificial” totalmente autônomo. Desenvolvida pela startup Butterfly Effect, esta tecnologia realiza tarefas complexas de maneira independente, combinando diferentes modelos de IA para executar variadas atividades sem intervenção humana.

De acordo com o TecMundo, a Manus AI supera as funções convencionais de bots, gerenciando informações em tempo real e tomando decisões por conta própria. O acesso à tecnologia é restrito a convites, o que aumenta ainda mais a curiosidade sobre suas reais capacidades.

Este desenvolvimento não é isolado. Como observado pelo colunista Pedro Doria no O Globo, a IA está avançando mais rapidamente do que o esperado, com pequenas empresas lançando modelos especializados que competem diretamente com gigantes como OpenAI e Google. Além do Manus, temos o Sesame dos EUA (modelo de conversação por voz) e o Mistral Saba da França (focado em árabe), demonstrando uma tendência de modelos mais acessíveis e especializados.

O dilema brasileiro: hub de data centers ou protagonista tecnológico?

E onde está o Brasil neste cenário? Infelizmente, nossa posição é delicada. Sem uma Big Tech nacional, corremos o risco de enfrentar imposições das empresas estrangeiras e ficarmos à margem das decisões que definirão o futuro da tecnologia.

O Brasil pretende se estabelecer como um hub de data centers, com investimentos estimados em R$ 50 bilhões. É uma estratégia interessante, mas precisamos ir além da infraestrutura. Como venho defendendo em minhas mentorias e consultorias, precisamos desenvolver competências locais em IA, formar talentos e criar um ambiente propício para startups tecnológicas que possam competir globalmente.

A verdade é que enfrentamos um dilema complexo: como equilibrar regulação e inovação quando não temos empresas nacionais de peso no setor? Como superar as rivalidades internas e criar um planejamento assertivo?

Amy Webb, do Future Today Strategy Group, reforçou essa preocupação em recente apresentação coberta pelo Valor Econômico, destacando que o Brasil enfrenta desafios estruturais que dificultam sua posição no cenário global de IA. Ela introduziu o conceito de ‘inteligência viva’, pedindo uma evolução contínua nas abordagens tecnológicas das empresas.

Regulamentação: o caso espanhol

Enquanto debatemos nosso posicionamento, a Espanha avança com medidas concretas. O governo espanhol aprovou um projeto de lei que impõe multas pesadas a empresas que utilizem conteúdo gerado por IA sem rotulá-lo adequadamente. Segundo reportagem da ISTOÉ Dinheiro, o projeto visa coibir o uso de deepfakes e garantir transparência em sistemas de IA de alto risco.

É um exemplo de regulamentação que busca proteger os cidadãos sem necessariamente impedir a inovação. Para o Brasil, esse tipo de abordagem pode ser um caminho interessante, mas precisamos adaptá-la à nossa realidade e necessidades específicas.

IA e sociedade: impactos além do trabalho

Um ponto fascinante destacado no SXSW 2025 por Scott Galloway, e reportado pelo Meio & Mensagem, é que o maior impacto da inteligência artificial pode não ser a substituição de empregos, mas sim o aumento da solidão. Galloway discutiu como a tecnologia está transformando as interações sociais e prevê uma crescente preocupação com o vício tecnológico.

Essa perspectiva nos lembra que precisamos olhar para a IA não apenas como uma força econômica ou tecnológica, mas como algo que transforma profundamente nosso tecido social. Em meu trabalho com empresas e startups, tenho enfatizado cada vez mais a importância de desenvolver tecnologias que ampliem, e não substituam, as conexões humanas.

A segurança digital em risco

Outro aspecto preocupante revelado nas últimas 24 horas vem de uma investigação da Consumer Reports, reportada pelo Tecnoblog, mostrando que ferramentas populares de clonagem de voz por IA falham em adotar medidas adequadas para prevenir fraudes. O relatório levanta alertas sobre o alto potencial de uso indevido dessas tecnologias.

Este é um lembrete de que, enquanto corremos para adotar e desenvolver IA, precisamos simultaneamente criar salvaguardas e protocolos de segurança que protejam indivíduos e organizações.

O futuro da IA: colaboração homem-máquina

Bill Gates e Jensen Huang, conforme reportado pelo Correio Braziliense, defendem uma colaboração mais forte entre humanos e máquinas, onde a IA atua como ferramenta para complementar habilidades humanas. A visão inclui a transformação do ambiente de trabalho, com IA especializada redefinindo tarefas e criando novas oportunidades.

Esta perspectiva alinha-se com o que venho chamando de CACACA – um acrônimo que criei para descrever as seis principais habilidades necessárias aos trabalhadores do futuro: Criatividade e Autonomia; Colaboração e Adaptabilidade; Conexão e Afeto. São justamente essas capacidades humanas que as máquinas terão mais dificuldade em replicar.

O caminho à frente para o Brasil

Diante deste cenário, o que podemos fazer? Com base em minha experiência acelerando milhares de startups e construindo ecossistemas de inovação no Brasil, sugiro algumas direções:

  • Investimento em educação tecnológica: Precisamos formar mais programadores, cientistas de dados e especialistas em IA, não apenas para usar ferramentas estrangeiras, mas para criar nossas próprias soluções.
  • Políticas públicas assertivas: O governo precisa criar incentivos para P&D em IA, sem sufocá-la com regulações excessivas.
  • Foco em nichos estratégicos: Em vez de tentar competir em todas as frentes, podemos focar em áreas onde o Brasil já tem vantagens competitivas, como agronegócio, energia renovável e saúde.
  • Parcerias internacionais inteligentes: Precisamos colaborar com potências tecnológicas, mas mantendo nossa soberania digital.
  • Desenvolvimento de ecossistemas locais: Fortalecer os hubs de inovação nas diversas regiões do país, criando massa crítica para o surgimento de soluções inovadoras.

No meu trabalho de mentoria com empreendedores e empresas, tenho observado que aqueles que conseguem entender esse cenário complexo e se posicionar estrategicamente estão colhendo resultados extraordinários. A janela de oportunidade está aberta, mas não permanecerá assim indefinidamente.

Conclusão: o momento é agora

As notícias das últimas 24 horas nos mostram que o desenvolvimento da IA está acelerando, com novos players emergindo e as potências tradicionais reposicionando-se. O Brasil está em uma encruzilhada – podemos nos contentar em ser meros consumidores de tecnologia estrangeira ou podemos ambicionar um papel mais relevante nesta nova economia.

Na minha visão, temos todos os ingredientes para sermos protagonistas: talentos criativos, mercado interno significativo e experiência em resolver problemas complexos com recursos limitados. O que precisamos agora é de visão estratégica e execução disciplinada.

Se você lidera uma empresa ou startup e quer se posicionar adequadamente neste cenário de transformação acelerada, nos meus programas de mentoria ajudo organizações a navegarem por essas mudanças, identificando oportunidades concretas e desenvolvendo estratégias efetivas para aproveitar o potencial da IA de forma ética e sustentável.

O futuro da IA está sendo escrito agora, e o Brasil tem a chance de ser autor, não apenas espectador, dessa história. A escolha é nossa.

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