IA no Brasil: Entre Avatares Adultos e Subaproveitamento Corporativo – O Paradoxo da Inovação
março 25, 2025 | by Matos AI

O ecossistema de inteligência artificial no Brasil revela um fascinante paradoxo: enquanto vemos casos inovadores de aplicação e monetização da tecnologia, muitos profissionais e empresas ainda subutilizam seu potencial transformador. As notícias das últimas 24 horas ilustram essa dicotomia e mostram como estamos em um momento decisivo para definir que tipo de país seremos na revolução da IA.
O fenômeno dos avatares virtuais e a economia paralela da IA
Um dos temas mais comentados da semana é a ascensão do que está sendo chamado de “IA do job” – mulheres virtuais criadas por inteligência artificial para produção de conteúdo adulto em plataformas como OnlyFans e Privacy. O fenômeno, que já se popularizou nos EUA e Europa, chegou com força ao Brasil em 2025.
Segundo reportagem do Olhar Digital, já existem brasileiros ganhando dinheiro não apenas com a criação desses avatares, mas também com cursos ensinando outros a entrar nesse mercado. Uma criadora mencionada na matéria, Elaine Pasdiora, de 35 anos, afirma ter faturado mais de R$ 20 mil em apenas três meses vendendo cursos sobre o tema.
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Este caso ilustra uma característica que tenho observado há anos no ecossistema de inovação brasileiro: nossa capacidade de adaptação rápida a novas tecnologias, especialmente quando apresentam oportunidades claras de monetização. No entanto, também levanta importantes questões éticas e jurídicas sobre o uso da IA.
Questões éticas e a falta de regulamentação
A criação de conteúdo adulto por IA se insere em um panorama mais amplo de desafios éticos associados à tecnologia. O filósofo Luciano Floridi, referência na ética da informação, identifica quatro grandes riscos associados à IA, conforme reportagem da VEJA:
- A responsabilidade em casos de erros no uso de sistemas de IA
- Os efeitos sobre nossa identidade e singularidade humana
- O impacto socioeconômico e potencial uso como instrumento de opressão
- O impacto ambiental devido ao alto consumo de energia
Ao mesmo tempo, vemos artistas e criadores de conteúdo em Hollywood se mobilizando para proteger seus direitos autorais contra o uso não autorizado por sistemas de IA. Mais de 400 personalidades assinaram uma carta direcionada ao governo americano pedindo proteções mais efetivas.
No jornalismo, preocupação semelhante levou à declaração final do 8º Congresso de Editores da União Europeia, América Latina e Caribe a solicitar proteções para conteúdos jornalísticos recentes, propondo um período de 48 horas após a publicação inicial em que o conteúdo não poderia ser usado para treinar IAs generativas, segundo a Folha de S.Paulo.
O caso Pix Force: IA brasileira conquistando o mundo
Em meio a tantas questões desafiadoras, há motivos para otimismo quando vemos casos como o da Pix Force, startup gaúcha que tem se destacado globalmente com sua aplicação de inteligência artificial e visão computacional. Segundo a Época Negócios, a empresa já conquistou clientes de peso como Petrobras e Hitachi, expandindo suas operações para Europa e Estados Unidos.
O sucesso da Pix Force exemplifica o que sempre defendo em minhas mentorias e palestras: o potencial das startups brasileiras para criar soluções inovadoras com tecnologia de ponta. A combinação de visão computacional e IA para solucionar problemas complexos em setores tradicionais, como óleo e gás e energia elétrica, mostra como a aplicação estratégica da tecnologia pode gerar valor e conquistar mercados internacionais.
O grande paradoxo: investimentos recorde e uso limitado da IA
Enquanto as big techs planejam investir coletivamente US$ 325 bilhões em IA em 2025 (o equivalente a 15% do PIB brasileiro!), segundo reportagem da Época Negócios, o uso efetivo da tecnologia por trabalhadores e empresas ainda está muito aquém do seu potencial.
Uma reportagem do Valor Econômico indica que poucos profissionais estão aproveitando o potencial das ferramentas de IA generativa, e as empresas não estão fazendo o suficiente para capacitá-los. Este é um problema que tenho observado de perto em meu trabalho com startups e inovação corporativa.
Há um descompasso evidente entre o investimento em tecnologia e a preparação das pessoas para utilizá-la. Em minhas mentorias para startups e empresas, frequentemente enfatizo que a transformação digital não é apenas sobre adquirir ferramentas, mas principalmente sobre desenvolver uma cultura e mindset que permitam aproveitar seu potencial.
Os agentes de IA como colegas de trabalho
Outro tema que merece atenção é a emergência dos agentes de IA como “colegas de trabalho”. Segundo o GZH, o mercado global de inteligência artificial foi avaliado em US$ 233,46 bilhões em 2024 e deve alcançar US$ 294,16 bilhões em 2025, com projeção de atingir US$ 1,77 trilhão até 2032.
Essa tendência dialoga diretamente com o que venho estudando sobre o futuro do trabalho e as habilidades CACACA (Criatividade e Autonomia; Colaboração e Adaptabilidade; Conexão e Afeto). A emergência de sistemas autônomos capazes de executar tarefas, tomar decisões e aprender continuamente transformará profundamente as organizações e o mercado de trabalho.
Até 2025, estima-se que 25% das organizações terão implementado agentes de IA em suas rotinas. As empresas que souberem integrar essas ferramentas aos seus times humanos, potencializando as capacidades de cada um, estarão melhor posicionadas para prosperar neste novo cenário.
A qualidade dos dados e o risco da desinformação
Um alerta importante sobre o uso da IA vem de Demi Getschko, que em seu artigo no Estadão ressalta que “tudo o que a IA produz é um catado de dados”. Getschko nos lembra que, por trás da aparente sofisticação da IA, existe uma dependência de dados que podem estar desatualizados ou ser imprecisos.
Esta questão é fundamental para empreendedores e inovadores. Em minha experiência apoiando mais de 10 mil startups, percebi que o diferencial competitivo muitas vezes está na qualidade dos dados utilizados e na capacidade de interpretá-los corretamente. A IA é uma ferramenta poderosa, mas seu valor depende diretamente da qualidade dos dados que a alimentam.
O futuro da IA no Brasil: oportunidades e desafios
O panorama que se desenha a partir dessas notícias é de um Brasil que caminha em múltiplas velocidades na adoção e aproveitamento da inteligência artificial. De um lado, vemos iniciativas inovadoras como a Pix Force conquistando mercados internacionais. De outro, enfrentamos desafios significativos em termos de capacitação, regulamentação e uso ético da tecnologia.
Para empreendedores e empresas que desejam navegar com sucesso neste cenário, alguns pontos são fundamentais:
- Capacitação contínua: Investir no desenvolvimento de habilidades para utilizar efetivamente as ferramentas de IA
- Ética e responsabilidade: Considerar as implicações éticas e sociais do uso da tecnologia
- Foco na qualidade dos dados: Garantir que os sistemas de IA sejam alimentados com dados de alta qualidade
- Integração humano-máquina: Desenvolver modelos de trabalho que aproveitem o melhor das capacidades humanas e da IA
- Visão estratégica: Entender como a IA pode gerar valor específico para seu negócio e mercado
Conclusão: preparando-se para um futuro impulsionado pela IA
As notícias das últimas 24 horas mostram que a IA está transformando todos os aspectos da sociedade brasileira, desde o entretenimento adulto até o trabalho corporativo, passando pela inovação industrial e questões éticas. O Brasil tem o potencial para ser um protagonista nesta revolução, mas isso dependerá da nossa capacidade de desenvolver habilidades, criar regulamentações adequadas e aplicar a tecnologia de forma ética e estratégica.
No meu trabalho de mentoria com startups e empresas em transformação digital, tenho focado em ajudar os empreendedores a encontrar este equilíbrio: aproveitar as oportunidades da IA enquanto navegam pelos desafios éticos e práticos que ela apresenta. Este é um momento crítico para definirmos que tipo de futuro queremos construir com estas poderosas ferramentas.
E você, como está utilizando a inteligência artificial em seu negócio ou carreira? Está preparado para trabalhar lado a lado com agentes de IA? Como está se qualificando para um mercado cada vez mais impactado por esta tecnologia?
Se quiser discutir mais sobre como implementar estratégias de IA em seu negócio ou preparar sua equipe para este futuro, entre em contato para uma mentoria personalizada ou para conhecer minhas palestras sobre o tema.
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