Médicos Reais, Vendas Falsas: Como Golpes com IA Revelam o Paradoxo da Confiança Digital Enquanto 62% das Empresas Admitem Supervalorizar a Tecnologia
setembro 6, 2025 | by Matos AI

Imagine descobrir que sua imagem e voz estão sendo usadas, sem sua autorização, para vender produtos falsos de emagrecimento para milhões de pessoas. Foi exatamente isso que aconteceu com o Dr. Robert H. Lustig, renomado endocrinologista, cujo caso exemplifica um fenômeno global que está redefinindo nossa relação com a inteligência artificial.
Nas últimas 24 horas, uma série de notícias revelaram um paradoxo fascinante: enquanto golpistas usam IA para criar fraudes cada vez mais sofisticadas, 62% dos profissionais globais acreditam que a IA está supervalorizada pelas empresas, com 43% dos brasileiros compartilhando essa visão. Como chegamos a esse ponto de desconfiança justamente quando a tecnologia se torna mais poderosa?
O Lado Sombrio da IA: Quando a Tecnologia Se Volta Contra a Confiança
O caso do Dr. Lustig não é isolado. Segundo reportagem do The New York Times publicada no InfoMoney, golpistas estão usando ferramentas de IA desenvolvidas por grandes empresas tecnológicas para criar vídeos falsos altamente convincentes que “sequestram” a credibilidade de médicos renomados.
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O que me chama atenção nessa história não é apenas a sofisticação técnica dos golpes, mas o impacto social devastador. Pacientes estão abandonando terapias legítimas baseados em recomendações falsas de “médicos” que nunca disseram aquelas palavras. Isso vai muito além de uma simples fraude financeira – estamos falando de riscos diretos à saúde pública.
Plataformas como YouTube, TikTok, Amazon e Walmart têm agido para remover conteúdos fraudulentos, mas apenas após exposição da imprensa. Isso revela uma realidade preocupante: nossos sistemas de detecção e prevenção ainda estão correndo atrás dos golpistas, não à frente deles.
A Geração Testada: Como a IA Está Redefinindo o Futuro do Trabalho Jovem
Enquanto alguns usam IA para enganar, outros enfrentam suas consequências no mercado de trabalho. Análise da Folha de S.Paulo baseada em estudo do FMI revelou um fenômeno que tenho observado em meu trabalho com startups: cerca de 40% dos empregos globais estão expostos à IA, chegando a 60% nas economias avançadas.
O mais interessante – e preocupante – é o impacto desproporcional nos jovens. A IA substitui facilmente o conhecimento codificado dos iniciantes, mas protege trabalhadores experientes que detêm conhecimento tácito. Em outras palavras: quem está começando a carreira enfrenta maior pressão competitiva da automação.
No Brasil, esse desafio é amplificado por nosso baixo nível de qualificação e sistema assistencialista que não promove inserção produtiva. Como resultado, corremos o risco de criar um desemprego estrutural que aumenta ainda mais nossa desigualdade histórica.
A Resposta Está na Educação e Requalificação
Países como Singapura já saíram na frente com programas como o SkillsFuture Credit, que oferece créditos para requalificação profissional. No Brasil, precisamos urgentemente de iniciativas similares que preparem nossa força de trabalho para um mundo onde humanos e IA trabalham em parceria, não em competição.
Brasil na Vanguarda Regulatória: Entre INPI, Anatel e Proteção Social
Apesar dos desafios, o Brasil está se posicionando de forma inteligente no cenário regulatório global. O INPI abriu consulta pública para diretrizes de patentes relacionadas à IA, alinhando-se às melhores práticas internacionais da Europa, Reino Unido e Estados Unidos.
Simultaneamente, a Anatel manifestou interesse em se tornar a agência reguladora de IA no Brasil, propondo uma estrutura que equilibre proteção dos usuários com fomento ao desenvolvimento tecnológico.
Essa abordagem me parece acertada. Em vez de criar burocracias desnecessárias, estamos construindo um framework que pode dar segurança jurídica aos inovadores enquanto protege a sociedade dos riscos que vemos emergindo.
Inspiração Internacional: O Modelo Chinês de Transparência
As redes sociais chinesas como WeChat e Douyin passaram a adotar selos visíveis para identificar conteúdos gerados por IA, cumprindo nova regulamentação que entrou em vigor em setembro. Essa medida de transparência pode inspirar regulamentações similares globalmente.
Imaginem se tivéssemos esse tipo de sinalização nos vídeos fraudulentos dos médicos? A transparência não elimina os riscos, mas dá às pessoas o poder de escolha informada.
A Realidade das Empresas: Entre o Hype e a Aplicação Prática
Talvez o dado mais revelador das últimas 24 horas seja este: pesquisa com 2,5 mil profissionais em dez países indica que 62% acreditam que a IA está supervalorizada pelas empresas. No Brasil, 43% compartilham essa visão.
Isso não me surpreende. Em meu trabalho de mentoria com empresas, vejo constantemente a diferença entre o discurso sobre IA e sua aplicação real. Muitas organizações investem em tecnologia sem entender claramente como ela pode gerar valor para seus negócios específicos.
A IA não é uma solução mágica – é uma ferramenta poderosa que precisa ser aplicada estrategicamente. Como bem disse Manoela Mitchell, CEO da Pipo Saúde, a IA está transformando setores como o de corretoras, permitindo escalar serviços sem perder qualidade.
IA na Saúde: O Potencial Transformador Responsável
Nem tudo são desafios. No 78º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, especialistas destacaram avanços significativos no uso da IA para diagnóstico de câncer de pele, com algoritmos oferecendo acurácia superior ao exame clínico isolado.
Essa aplicação exemplifica o que chamo de “IA responsável”: tecnologia que aumenta capacidades humanas sem substituir o julgamento profissional. É especialmente importante para um país continental como o Brasil, onde a teledermatologia pode levar expertise especializada para regiões remotas.
Cuidado com as Crianças: O Risco da “Adultização Digital”
Um aspecto que merece atenção especial é o impacto da IA nas crianças. Especialistas alertam sobre o risco da “adultização digital”, onde crianças são expostas precocemente a informações e responsabilidades do mundo adulto através de ferramentas como ChatGPT e Alexa.
No Brasil, cerca de 40% dos pais relatam que seus filhos usam IA para apoio emocional e companhia. O uso não mediado pode prejudicar habilidades essenciais como imaginação e criatividade, além de gerar ansiedade e dependência cognitiva.
Tensões Geopolíticas: Quando a IA Vira Instrumento Diplomático
As implicações da IA vão além do âmbito corporativo e social. A Venezuela acusou os Estados Unidos de usar IA para fabricar um vídeo como “prova” de ataque militar, baseando-se em análise que apontou características artificiais no conteúdo.
Independentemente da veracidade da acusação, isso ilustra como deepfakes podem se tornar instrumentos para desestabilizar relações diplomáticas e justificar ações militares. Estamos entrando em uma era onde a autenticidade de evidências digitais precisará ser constantemente questionada.
O Futuro Que Já Chegou: Ferramentas que Democratizam a Criação
Em meio aos desafios, também vemos inovações empolgantes. O “Nano Banana” do Google viralizou por sua capacidade de manter consistência visual de personagens em múltiplas cenas, abrindo caminho para criadores produzirem narrativas visuais complexas de forma democrática.
Essa é a face positiva da democratização da IA: ferramentas que antes exigiam equipes especializadas e orçamentos milionários agora estão ao alcance de qualquer pessoa com uma ideia criativa.
Reflexões e Caminhos Futuros
As notícias das últimas 24 horas pintam um retrato complexo da IA em 2025: uma tecnologia simultaneamente supervalorizada e subutilizada, capaz de gerar tanto fraudes sofisticadas quanto diagnósticos médicos salvadores de vidas.
O que isso nos ensina? Primeiro, que precisamos urgentemente de literacia digital e frameworks regulatórios que protejam a sociedade sem frear a inovação. Segundo, que o impacto da IA no trabalho é real e exige respostas proativas em educação e requalificação profissional.
Terceiro, e talvez mais importante: a IA não é boa nem má por si só. É uma ferramenta que amplifica intenções humanas. Se queremos que ela contribua para um futuro mais justo e próspero, precisamos ser intencionais sobre como a desenvolvemos, regulamos e aplicamos.
O Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como líder em IA responsável. Temos diversidade, criatividade e, agora, começamos a ter o framework regulatório necessário. O que precisamos é de mais iniciativas que conectem tecnologia com propósito social.
No meu trabalho de mentoria com empresas e startups, ajudo organizações a navegar exatamente essa complexidade: como implementar IA de forma estratégica, ética e geradora de valor real. Porque no final das contas, a melhor resposta aos riscos da IA não é evitá-la, mas aprender a usá-la de forma inteligente e responsável.
A revolução da IA já começou. A questão não é se ela vai transformar nossa sociedade, mas como vamos direcionar essa transformação para beneficiar a todos, não apenas alguns poucos.
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