Panorama da IA no Brasil: Entre o Medo de Substituição e a Corrida pela Adaptação
abril 17, 2025 | by Matos AI

O Brasil na fronteira da transformação pela IA
Estamos testemunhando uma das maiores revoluções tecnológicas da história humana. E como toda grande transformação, ela vem acompanhada de sentimentos mistos: esperança e medo, oportunidade e ameaça. É esse o cenário que encontramos hoje no Brasil quando falamos de inteligência artificial.
Uma pesquisa recente da NordVPN, especializada em cibersegurança, revelou um dado que merece nossa atenção: 17% dos brasileiros temem ser substituídos pela IA em seus empregos. É um número significativo, mas o que realmente me chamou a atenção foi outro dado do mesmo estudo: 35% dos entrevistados estão ativamente estudando o tema para se adaptar melhor no futuro.
Isso me diz algo poderoso sobre nós, brasileiros: apesar das incertezas, estamos mais dispostos a nos adaptar do que a simplesmente temer o futuro. Esta mentalidade de adaptação e aprendizado contínuo é exatamente o que tenho defendido há anos no ecossistema de inovação.
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Quem realmente deve se preocupar com a IA?
Um dos mitos que preciso desconstruir é que a IA vai principalmente substituir trabalhos operacionais ou de menor qualificação. A realidade é bem diferente. Segundo especialistas citados pela Exame, os profissionais mais impactados serão justamente os “de colarinho branco, com empregos bem remunerados e em setores como finanças e tecnologia”.
Isso ocorre porque a IA atual é particularmente eficiente em tarefas cognitivas estruturadas – exatamente o tipo de trabalho realizado por muitos profissionais graduados que nunca imaginaram que sua posição pudesse ser automatizada. Pense em analistas financeiros, advogados trabalhando com documentação padronizada, jornalistas que produzem conteúdo informativo básico, e até mesmo programadores de código menos complexo.
A ironia é quase palpável: aqueles que investiram em diplomas, acreditando estar seguros em suas torres de marfim profissionais, podem ser justamente os que precisarão reinventar suas carreiras mais rapidamente.
Por outro lado, muitas funções que exigem destreza física complexa, empatia genuína ou criatividade disruptiva – como encanadores, terapeutas e artistas conceituais – permanecerão relevantes por mais tempo.
O paradoxo brasileiro: campeões em adoção, mas estamos preparados?
Outro dado que me chama atenção é que o Brasil se destaca pela maior taxa de utilização de IA em comparação a outros países, segundo a mesma pesquisa da NordVPN. Este não é um fato isolado – tenho observado em meu trabalho com startups que o brasileiro tem uma notável capacidade de adoção tecnológica.
Somos ávidos por novidades e costumamos abraçar novas tecnologias com entusiasmo – característica que nos diferencia mesmo entre países em desenvolvimento. Enquanto 24% dos brasileiros já usam regularmente chatbots de IA tanto no tempo livre quanto no trabalho, esse número é significativamente menor em muitos países desenvolvidos.
Mas aqui está o paradoxo: alta adoção não significa necessariamente alta preparação. A mesma pesquisa indica que 27% dos brasileiros acreditam que a IA está se desenvolvendo rápido demais – um sinal de que, apesar do entusiasmo, há uma preocupação legítima com o ritmo das transformações.
Casos reais: quando a IA realmente faz diferença
Para além dos temores e estatísticas, precisamos olhar para casos concretos onde a IA já está transformando negócios brasileiros de forma positiva. Temos um exemplo notável na Suzano, uma das maiores empresas de celulose do mundo, que implementou a assistente virtual Ana MarIA.
Esta IA generativa, desenvolvida em colaboração com a Microsoft, conseguiu reduzir o tempo de resolução de problemas na produção de celulose em até 30%. É um ganho extraordinário de produtividade em um setor tradicional da indústria brasileira.
O caso da Suzano é emblemático porque mostra que a IA não está apenas transformando setores obviamente digitais, mas também indústrias tradicionais – e isso é crucial para a economia brasileira, onde temos forte presença nos setores primário e secundário.
A evolução contínua: de chatbots para agentes autônomos
Se você ainda está se acostumando com chatbots como o ChatGPT, prepare-se: o próximo salto já está acontecendo. Executivos do Google Cloud afirmam que os sistemas inteligentes que demonstram raciocínio e planejamento são a próxima etapa da IA.
Estamos falando de “agentes” de IA – sistemas capazes não apenas de responder perguntas, mas de executar tarefas complexas, planejar ações e agir com maior autonomia. Esta evolução promete otimizar fluxos de trabalho complexos e tornar-se crucial para o futuro do trabalho.
Na prática, isso significa que enquanto chatbots como o ChatGPT podem ajudar a redigir um email ou resumir um texto, os agentes poderão gerenciar projetos inteiros, coordenar equipes virtuais e tomar decisões táticas com base em objetivos estratégicos.
Esta transição de ferramentas passivas para agentes ativos marca uma mudança fundamental na relação humano-máquina. E aqui está a questão: estamos preparando nossos profissionais e empresas para este novo paradigma?
Impactos além do trabalho: IA e transformação social
A influência da IA vai muito além do mercado de trabalho. Um relatório destacado pela Forbes sugere que até 2035, a inteligência artificial irá transformar profundamente o desenvolvimento cognitivo e as relações sociais.
Este é um tema que me fascina particularmente. Em minhas palestras sobre o futuro do trabalho, frequentemente falo sobre o conceito CACACA – um acrônimo que criei para as seis habilidades fundamentais para o futuro: Criatividade, Autonomia, Colaboração, Adaptabilidade, Conexão e Afeto. Estas são justamente as capacidades que nos diferenciam das máquinas e que serão ainda mais valorizadas conforme a IA avança.
A notícia sobre IA e religião exemplifica como nenhuma esfera da vida humana permanecerá intocada. Quando até nossa conexão espiritual é mediada pela tecnologia, estamos realmente diante de uma revolução sem precedentes.
Por outro lado, fenômenos como o das “IAs do job” – criação de conteúdo adulto com mulheres virtuais – revelam que, como toda tecnologia poderosa, a IA também pode amplificar problemas sociais existentes, como a objetificação e os estereótipos de beleza.
O que você deve fazer: estratégias práticas para navegar a revolução da IA
Diante deste cenário de transformação acelerada, quais passos práticos devemos tomar? Com base em minha experiência apoiando milhares de startups e trabalhando com inovação, compartilho algumas recomendações:
Para profissionais:
- Conheça as ferramentas: Experimente diferentes sistemas de IA, entenda suas capacidades e limitações. Não basta ouvir falar, é preciso colocar a mão na massa.
- Desenvolva habilidades complementares à IA: Invista em capacidades que as máquinas ainda não dominam bem – pensamento crítico, criatividade não-linear, inteligência emocional e resolução de problemas complexos.
- Aprenda a trabalhar COM a IA, não CONTRA ela: Em vez de temer a substituição, busque formas de utilizar a IA como amplificadora de suas próprias capacidades. Os vencedores serão aqueles que souberem formar equipes eficientes com sistemas inteligentes.
- Cultive redes humanas significativas: Num mundo cada vez mais automatizado, conexões humanas genuínas se tornam diferenciais valiosos.
Para empresas e gestores:
- Invista em capacitação: Crie programas de desenvolvimento que preparem suas equipes para usar ferramentas de IA de forma produtiva. Lembre-se que adoção sem capacitação gera frustração.
- Repense processos, não apenas ferramentas: A IA não é apenas uma substituição 1:1 de tarefas existentes, mas uma oportunidade para redesenhar processos inteiros.
- Desenvolva uma cultura de experimentação responsável: Encoraje sua equipe a testar novas aplicações de IA, mas com processos claros de avaliação e governança.
- Antecipe mudanças estruturais: Algumas funções vão desaparecer, outras serão criadas, e a maioria será transformada. Planeje essas transições de forma humana e estratégica.
Para empreendedores:
- Busque nichos específicos: As oportunidades mais promissoras estão na aplicação de IA em problemas específicos de indústrias ou segmentos particulares.
- Construa com responsabilidade: Considere as implicações éticas e sociais de suas soluções desde o início.
- Combine IA com outros diferenciais: As soluções mais robustas combinam IA com outros tipos de inovação – seja em modelo de negócios, experiência do usuário ou distribuição.
O futuro pertence aos adaptáveis, não aos preocupados
Conforme avançamos nesta revolução tecnológica, uma coisa se torna clara: o futuro não pertence àqueles que temem a mudança, mas aos que a abraçam e a moldam. A pesquisa da NordVPN mostrou que 35% dos brasileiros já estão estudando IA para se adaptar – este é o caminho.
Como tenho observado em meu trabalho com startups, as maiores oportunidades surgem justamente nos momentos de ruptura tecnológica. A questão não é se a IA vai transformar seu trabalho ou setor – isso é inevitável. A questão é como você vai se posicionar nessa transformação.
Será que vamos apenas reagir às mudanças ou seremos protagonistas delas? Como brasileiros, temos demonstrado uma notável capacidade de adaptação tecnológica – agora precisamos complementar essa característica com visão estratégica e investimento em capacitação.
No meu trabalho de mentoria, tenho ajudado empreendedores e empresas a identificar oportunidades concretas neste novo cenário. E o que tenho observado é que aqueles que encaram a IA não como ameaça, mas como ferramenta de transformação, estão encontrando caminhos promissores.
O barco da IA já zarpou, e temos duas opções: podemos ficar na margem, observando com apreensão, ou podemos embarcar e aprender a navegar nessas novas águas. A escolha, como sempre, é nossa.
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