Blog Felipe Matos

Pesquisadores Transformam Usuários do Reddit em Cobaias de IA — Por Que Esse Experimento Não Autorizado Revela o Futuro dos Negócios

junho 22, 2025 | by Matos AI

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Imagine descobrir que você foi usado como cobaia em um experimento de inteligência artificial sem seu consentimento. Parece ficção científica? Infelizmente, não é. Pesquisadores da Universidade de Zurique acabaram de ser expostos por conduzir um experimento não autorizado no Reddit, usando milhões de usuários como “cobaias” para testar o poder de persuasão da IA.

Segundo revelação do 404 Media, o experimento focou no subreddit r/changemyview, uma comunidade com mais de 4 milhões de membros dedicada a debates sobre temas polêmicos como traumas, abuso sexual e racismo. O resultado? A IA se mostrou entre 3 e 6 vezes mais persuasiva que os humanos.

Esse não é apenas um caso isolado de má conduta acadêmica. É um vislumbre assustador — e revelador — do poder que a inteligência artificial já possui sobre nossas opiniões e decisões. E as implicações para o mundo dos negócios são enormes.


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Quando a IA se Torna Perigosamente Persuasiva

O experimento suíço usou bots controlados por IA para participar de discussões sobre temas sensíveis, medindo sua capacidade de influenciar opiniões humanas. O resultado de 3 a 6 vezes mais persuasão que humanos não é apenas impressionante — é preocupante.

Por que isso importa para empreendedores e líderes de negócios? Porque revela três realidades fundamentais:

  • A IA já possui capacidades de influência superiores às humanas em contextos específicos
  • Questões éticas estão sendo negligenciadas em nome da pesquisa e inovação
  • A regulamentação não consegue acompanhar a velocidade do desenvolvimento tecnológico

O Reddit, compreensivelmente, tomou medidas legais contra os pesquisadores, classificando o experimento como “impróprio e altamente antiético”. Mas quantas outras experiências similares estão acontecendo agora mesmo, sem nosso conhecimento?

R$ 1 Bilhão em IA: O Brasil Acelera Enquanto Ignora os Riscos?

Enquanto navegamos essas questões éticas complexas, o Brasil não está parado. O BNDES anunciou que aprovou R$ 1 bilhão em crédito para inteligência artificial no último ano, financiando hardware, integradores e desenvolvedores de aplicações.

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028 é ambicioso: transformar o Brasil em referência mundial em inovação e eficiência no uso da IA, com investimento previsto de R$ 23 bilhões em quatro anos. Incluindo a criação de um supercomputador de alta performance.

Mas aqui está a questão que me preocupa: estamos investindo bilhões em tecnologia sem investir proporcionalmente em frameworks éticos e regulatórios? O caso do Reddit nos mostra que a corrida tecnológica pode atropellar considerações fundamentais sobre consentimento, transparência e impacto social.

Em minha experiência acelerando startups e trabalhando com políticas de inovação, vi como a pressão por resultados pode levar a atalhos perigosos. A diferença é que agora os atalhos envolvem tecnologias com poder de influência sem precedentes.

1 em Cada 4 Empregos Será Afetado — E Isso é Só o Começo

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) trouxe mais dados alarmantes: 25% dos empregos mundiais estão potencialmente expostos à IA generativa. Mas o estudo também destaca algo crucial: a maioria dos empregos ainda requer envolvimento humano e supervisão profissional.

Essa nuance é fundamental. A IA não vai simplesmente substituir humanos — ela vai reconfigurar completamente como trabalhamos. E aqui está a oportunidade: empresas que conseguirem navegar essa transição de forma ética e estratégica sairão na frente.

Penso nos conceitos que desenvolvi sobre o futuro do trabalho — CACACA (Criatividade e Autonomia; Colaboração e Adaptabilidade; Conexão e Afeto). Essas habilidades se tornam ainda mais relevantes em um mundo onde a IA domina tarefas persuasivas e analíticas.

A Falsa Automação Que Engana o Mercado

Falando em substituição, um caso revelador: a startup Builder.ai foi à falência após ser descoberta usando 700 engenheiros indianos para desenvolver software manualmente, apresentando o trabalho como se fosse realizado por IA.

Esse caso de “falsa automação” ilustra perfeitamente os riscos de um mercado obcecado por IA sem a devida diligência. Investidores, clientes e parceiros foram enganados por uma narrativa tecnológica que não correspondia à realidade.

Para empreendedores, a lição é clara: transparência e autenticidade são diferenciais competitivos em um mercado cada vez mais cético sobre claims de IA.

Google Treina 1 Milhão de Brasileiros — Mas Para Quê?

Enquanto enfrentamos esses desafios, o Google se comprometeu a treinar 1 milhão de brasileiros em IA com cursos gratuitos. A iniciativa, anunciada no Web Summit Rio, oferece 648 opções de curso, com foco em IA generativa.

É uma oportunidade incrível, mas que levanta questões estratégicas: estamos preparando pessoas para serem usuários sofisticados de IA ou apenas consumidores de ferramentas Big Tech?

A diferença é crucial. Usuários sofisticados entendem as limitações, riscos e oportunidades da tecnologia. Conseguem aplicar IA de forma ética e estratégica em seus negócios. Consumidores apenas seguem tutoriais e reproduzem casos de uso superficiais.

Veo 3 e a Revolução dos Vídeos Realistas

Outro desenvolvimento impressionante: o Veo 3 do Google, que gera vídeos ultrarrealistas a partir de comandos de texto. A ferramenta está causando sensação nas redes, mas também preocupações sobre seu uso em eleições e desinformação.

Paralelamente, o Google lançou o Flow, que cria filmes completos a partir de texto. Estamos entrando na era da criação de conteúdo democratizada — mas também da manipulação visual em massa.

Para criadores de conteúdo e marqueteiros, isso representa oportunidades enormes de produção. Para sociedade como um todo, representa desafios inéditos de verificação da verdade.

Brasil Perde a Corrida dos Data Centers?

Enquanto investimos em aplicações, uma análise preocupante: o Brasil está sendo apontado como “carta fora do baralho” na corrida mundial por data centers de IA.

Fatores como custo de energia, conectividade e segurança jurídica são destacados como obstáculos que dificultam a atração de investimentos massivos no setor. Isso significa que, apesar dos R$ 23 bilhões do PBIA, podemos estar construindo nossa estratégia de IA sobre uma infraestrutura deficiente.

É como construir uma casa inteligente sem ter energia elétrica confiável. Funciona no papel, mas falha na prática.

Terapia com Chatbots: O Futuro da Saúde Mental?

Um desenvolvimento fascinante nas últimas 24 horas: o crescimento da terapia com chatbots como alternativa no suporte emocional. A BBC reporta que essa modalidade está crescendo, embora levante preocupações sobre qualidade e ética dos conselhos dados.

Aqui vemos um exemplo prático de como a IA pode complementar — não substituir — serviços humanos essenciais. Chatbots podem oferecer suporte 24/7, quebrar barreiras de acesso e reduzir custos. Mas não podem substituir a empatia, intuição e experiência de um terapeuta humano.

Para empreendedores na área de saúde, isso ilustra o modelo ideal: IA como ferramenta de potencialização, não substituição.

IA na Arte: Quando Algoritmos Viram Curadores

Por fim, um exemplo inspirador: a artista israelense Shira Barzilay está usando IA para criar designs de mosaicos para piscinas, transformando áreas externas em galerias de arte submersas.

Esse caso mostra como a IA pode ser uma ferramenta de expressão criativa, não apenas de automação. A artista não está sendo substituída — está sendo potencializada. Consegue explorar possibilidades visuais que seriam impossíveis manualmente, mas mantém sua visão criativa e curatorial.

O Que Aprendemos Nessas 24 Horas Intensas

Analisando esse panorama diverso, vejo cinco tendências fundamentais emergindo:

1. Poder Persuasivo Sem Precedentes

A IA já possui capacidades de influência superiores às humanas. Isso muda completamente estratégias de marketing, vendas e comunicação. Mas também exige frameworks éticos rigorosos.

2. Falsa Automação Como Risco Competitivo

O caso Builder.ai mostra que o mercado está ficando mais sofisticado em detectar “teatro de IA”. Transparência se torna vantagem competitiva.

3. Infraestrutura Como Gargalo Estratégico

Investir em aplicações sem garantir infraestrutura é receita para frustração. O Brasil precisa resolver questões de data centers para competir globalmente.

4. Capacitação Massiva Como Oportunidade

1 milhão de brasileiros sendo treinados em IA representa uma oportunidade histórica de qualificação profissional. Mas precisa ser direcionada estrategicamente.

5. Complementaridade Humano-IA Como Modelo Sustentável

Os exemplos mais interessantes — terapia com chatbots, arte com IA — mostram IA potencializando humanos, não substituindo.

Como Navegar Esse Futuro Sem Perder a Alma

Depois de décadas acelerando startups e observando revoluções tecnológicas, uma coisa me chama atenção: as empresas que prosperaram não foram as que adotaram tecnologia mais rapidamente, mas as que a adotaram mais conscientemente.

O experimento não autorizado no Reddit nos lembra que poder tecnológico sem responsabilidade ética é um caminho perigoso. Mas também nos mostra o potencial transformador dessa tecnologia quando aplicada corretamente.

Para empreendedores e líderes de negócios, sugiro cinco princípios:

  • Transparência primeiro: Seja claro sobre como e onde usa IA
  • Potencialização, não substituição: Use IA para tornar humanos melhores, não para eliminar humanos
  • Ética como diferencial: Frameworks éticos rigorosos serão vantagem competitiva
  • Capacitação contínua: Invista em treinar sua equipe, não apenas em ferramentas
  • Experimentação responsável: Teste muito, mas sempre com consentimento e transparência

A IA vai transformar tudo — isso é inevitável. Mas como será transformado depende das escolhas que fazemos hoje. O experimento do Reddit nos mostra o caminho que não devemos seguir. Os investimentos do BNDES, os treinamentos do Google e os exemplos de arte com IA nos mostram possibilidades mais promissoras.

No meu trabalho de mentoring e consultoria, tenho ajudado empreendedores a navegarem exatamente essa transição: como incorporar IA de forma estratégica e ética, potencializando equipes em vez de substituí-las, criando valor real em vez de apenas seguir hype tecnológico.

O futuro da IA não será determinado por algoritmos — será determinado pelas escolhas humanas que fazemos sobre como desenvolver e aplicar essas tecnologias. E essas escolhas estão sendo feitas agora, nas próximas 24 horas, nos próximos meses.

A pergunta não é se a IA vai mudar seu negócio. A pergunta é: você vai liderar essa mudança ou ser liderado por ela?


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