Blog Felipe Matos

Radar da IA: Da Apresentadora Virtual ao Futuro do Trabalho — O Panorama Brasileiro em 24h

junho 9, 2025 | by Matos AI

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O cenário da inteligência artificial no Brasil ganha contornos cada vez mais definidos. Nas últimas 24 horas, testemunhamos desde fenômenos virais até iniciativas que podem redefinir o futuro tecnológico do país. De um lado, a indústria do entretenimento experimenta com avatares hiper-realistas; de outro, estados brasileiros avançam na corrida por infraestrutura de ponta. Enquanto isso, o mercado de trabalho continua sua transformação acelerada, levantando questões urgentes sobre como nos preparamos para esse novo mundo.

Goiás: O Novo Polo de IA do Brasil?

A notícia mais promissora para o ecossistema de inovação brasileiro vem do Centro-Oeste. Goiás se prepara para se tornar o primeiro estado brasileiro a receber supercomputadores de inteligência artificial da Nvidia na América Latina. Os oito equipamentos começarão a operar na Universidade Federal de Goiás (UFG) no segundo semestre deste ano, representando um marco histórico para a pesquisa nacional em IA.

O Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da UFG, que já conta com 800 pesquisadores desde sua instalação em 2019, chamou a atenção do CEO da Nvidia, Jensen Huang. Não é para menos — estamos falando de supercomputadores equipados com chips Blackwell B200, capazes de realizar cálculos e processamentos de dados em velocidade muito superior à de aparelhos convencionais.


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Acompanho há anos a evolução da infraestrutura tecnológica brasileira, e posso afirmar com convicção: essa iniciativa representa uma oportunidade única para o desenvolvimento de ferramentas em diversas áreas, desde o agronegócio até a indústria 4.0, passando pela saúde e outras áreas estratégicas.

O mais interessante é observar como esse movimento combina pesquisa acadêmica, investimento privado e políticas públicas. Na semana passada, os equipamentos foram apresentados a representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsáveis por implementar o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial. É exatamente essa convergência de esforços que venho defendendo há anos nos meus trabalhos sobre ecossistemas de inovação.

Marisa Maiô: O Fenômeno Virtual que Conquistou as Redes (e os Anunciantes)

No campo do entretenimento, uma figura virtual capturou a atenção nacional: Marisa Maiô, uma apresentadora totalmente criada por IA que se tornou um fenômeno nas redes sociais. Utilizando o modelo Veo3 do Google, que permite a criação de vídeos ultrarrealistas de até oito segundos, a personagem simula um auditório e faz piadas humorísticas que já acumularam mais de 3 milhões de visualizações entre Instagram, TikTok e X.

O mais surpreendente é que Marisa já firmou um contrato de merchandising com o Magazine Luiza, participando de uma campanha para o Dia dos Namorados. Isso marca um momento significativo: personagens virtuais estão começando a assumir papéis tradicionalmente humanos no marketing e na comunicação.

A produção dos vídeos, liderada por Raony Phillips (criador da websérie ‘Girls in The House’), levanta questões importantes sobre as consequências dessa tecnologia para o mercado audiovisual. Como empreendedor que sempre esteve na interseção entre tecnologia e negócios, vejo tanto oportunidades quanto desafios nessa tendência.

Por um lado, abre-se um campo imenso para criadores de conteúdo que dominam essas novas ferramentas. Por outro, precisamos discutir questões éticas fundamentais: como identificar claramente o que é gerado por IA? Quais os impactos para profissionais do audiovisual? Como evitar manipulação e desinformação?

Apple: A Gigante que Tropeça na Corrida da IA

Enquanto algumas empresas avançam rapidamente, outras enfrentam obstáculos significativos. A Apple está tendo dificuldades para atualizar a Siri, sua assistente virtual, gerando pessimismo entre investidores sobre potenciais anúncios relacionados à IA em seu principal evento anual.

Segundo fontes da indústria, a empresa tem tentado construir seus próprios modelos de linguagem sobre a tecnologia de aprendizado de máquina que alimenta a Siri, mas isso tem resultado em problemas técnicos consideráveis. Ex-executivos chegaram a afirmar que essa abordagem é problemática e que a Apple pode estar perdendo a oportunidade de se tornar líder no campo da IA.

O caso da Apple ilustra um ponto que sempre discuto em minhas mentorias: mesmo gigantes tecnológicos enfrentam o desafio da inovação disruptiva. A empresa que revolucionou smartphones e criou um ecossistema de produtos interconectados agora se vê pressionada a demonstrar sua capacidade de inovação em IA, especialmente enquanto concorrentes como Google e Microsoft avançam rapidamente.

O futuro da Apple dependerá não apenas da atualização da Siri, mas também da sua capacidade de monetizar sua iniciativa recente, o Apple Intelligence, para competir com rivais como Google e OpenAI. É um lembrete de que, no mundo da tecnologia, a posição de liderança nunca está garantida — algo que empreendedores de startups já sabem muito bem.

O Impacto da IA no Mercado de Trabalho: Desafios e Oportunidades

A área que mais me preocupa — e que também vejo como fonte de enormes oportunidades — é o impacto da IA no trabalho. Duas notícias das últimas 24 horas ilustram perfeitamente esse paradoxo.

A primeira revela que a IA está afetando significativamente as carreiras de recém-formados e profissionais em níveis iniciais. Segundo Dario Amodei, CEO da Anthropic, a IA deve eliminar até 50% dos empregos de nível júnior em apenas 5 anos. Setores como advocacia e programação, que dependem de tarefas repetitivas, já começam a usar IA para automatizar essas funções.

Ao mesmo tempo, outra notícia aponta que agentes de IA estão se tornando “colegas digitais” no ambiente de trabalho, exigindo que as organizações reavaliem suas estratégias e desenvolvam novas formas de integrar talentos humanos e máquinas.

Em meu trabalho com centenas de startups e organizações, tenho visto essa transformação em tempo real. As empresas que prosperam são aquelas que não pensam em termos de “humanos versus máquinas”, mas sim “humanos aumentados por máquinas”. Isso requer um novo conjunto de habilidades que sempre enfatizo em minhas palestras sobre o futuro do trabalho: o que chamo de CACACA — Criatividade e Autonomia; Colaboração e Adaptabilidade; Conexão e Afeto.

IA e Recrutamento: Seu Currículo Está Pronto para Algoritmos?

Uma tendência preocupante que merece nossa atenção é o uso crescente de IA na seleção de currículos. Sistemas automatizados estão analisando candidaturas antes mesmo que olhos humanos as vejam, otimizando o processo de contratação, mas também levantando questões sobre vieses e diversidade.

Como alguém que sempre defendeu a diversidade como motor da inovação, vejo com preocupação o risco de sistemas de IA perpetuarem ou até amplificarem vieses existentes no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, reconheço o potencial dessas ferramentas para criar processos mais eficientes e objetivos — desde que projetados com consciência ética.

Para candidatos, o recado é claro: adapte seu currículo pensando não apenas em recrutadores humanos, mas também em algoritmos. Isso significa utilizar palavras-chave relevantes, estruturar informações de forma clara e quantificar realizações sempre que possível.

IA e Sustentabilidade: Uma Aliança Promissora

Uma notícia particularmente interessante destaca como a IA pode ajudar no fluxo de capital sustentável para o Brasil. Com a crescente urgência de investimentos para transições sustentáveis, algoritmos de aprendizado de máquina podem agilizar o processamento de dados dispersos e automatizar análises, permitindo identificar projetos sustentáveis com maior eficiência.

A convergência entre IA e outras tecnologias, como blockchain, promete facilitar a implementação de sistemas transparentes e auditáveis, promovendo o acesso a financiamento para comunidades e pequenos empreendedores tradicionalmente excluídos do sistema financeiro.

Este é um exemplo perfeito do que sempre defendi: a tecnologia como ferramenta de inclusão e transformação social positiva. No meu trabalho com startups, tenho visto um número crescente de empreendedores desenvolvendo soluções que usam IA não apenas para gerar lucro, mas para resolver problemas sociais e ambientais complexos.

O Alerta Ético: Cuidado com Conexões Íntimas com IA

Não poderia deixar de mencionar o alerta feito por Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, sobre os riscos associados a conexões íntimas com IA. Em entrevista ao Estadão, ele enfatizou a necessidade de um equilíbrio entre inovação e ética, destacando os perigos potenciais de relações demasiado próximas entre humanos e máquinas.

Suleyman também ressaltou a importância da colaboração entre empresas de tecnologia e governos para regular o campo da IA de forma responsável. Este é um ponto crucial que tenho abordado em minhas palestras e mentorias: a governança da IA não pode ser deixada apenas nas mãos das big techs ou apenas dos reguladores — precisa ser um esforço conjunto que envolva múltiplos atores sociais.

Reflexões Finais: O Brasil na Encruzilhada da IA

As notícias das últimas 24 horas pintam um quadro fascinante e complexo do cenário da IA no Brasil. Estamos diante de uma encruzilhada tecnológica que definirá nosso futuro econômico e social.

Por um lado, temos iniciativas promissoras como o polo de IA em Goiás, que pode posicionar o Brasil como um player relevante na pesquisa e desenvolvimento de IA na América Latina. Por outro, enfrentamos desafios significativos no mercado de trabalho, onde precisamos preparar nossa força laboral para uma realidade radicalmente diferente.

Como empreendedor que vivenciou diversas ondas de transformação tecnológica, minha mensagem é clara: precisamos abraçar a mudança com responsabilidade. Isso significa investir em educação tecnológica, promover debates éticos sobre o uso da IA e criar políticas públicas que maximizem os benefícios dessas tecnologias enquanto mitigam seus riscos.

Em meus programas de mentoria, tenho ajudado empresas e profissionais a navegar essa transição, identificando oportunidades para usar a IA como aliada, não como ameaça. A chave está em desenvolver uma abordagem estratégica que combine o melhor da tecnologia com o que nos torna humanos: criatividade, empatia e propósito.

O futuro da IA no Brasil será determinado pelas escolhas que fazemos hoje. E você, como está se preparando para essa transformação?


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