Radar da IA: Da Economia de R$ 90 Milhões aos Agentes Colaborativos — O Panorama do Impacto da IA nos Negócios Brasileiros
abril 13, 2025 | by Matos AI

O Impacto Econômico da IA Ganha Corpo no Brasil
Há alguns anos venho falando sobre como a inteligência artificial deixaria de ser apenas uma promessa para se tornar uma realidade econômica tangível no Brasil. Não precisamos mais especular: os números começam a aparecer e são impressionantes. A IA foi o tema dominante no South Summit Brazil 2025, realizado na semana passada em Porto Alegre, e os casos apresentados ilustram bem o momento que estamos vivendo.
Um exemplo emblemático vem da agricultura: a SLC Agrícola conseguiu economizar nada menos que R$ 90 milhões na última safra utilizando IA e soluções de visão computacional para otimizar a aplicação de defensivos agrícolas. Este é um caso concreto de como a tecnologia está gerando resultados significativos para empresas brasileiras, não apenas reduzindo custos, mas também gerando impacto ambiental positivo ao diminuir o uso de químicos.
Quando analisamos o panorama global, a consultoria McKinsey aponta que a IA poderá gerar uma adição de até US$ 13 trilhões na economia global até 2030. O Brasil tem tudo para capturar uma fatia relevante desse valor, mas isso dependerá de como nossas empresas implementarão estrategicamente essas tecnologias.
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Luiza Trajano e o Magazine Luiza: IA Como Protagonista da Transformação
Outro caso que merece destaque é o do Magazine Luiza. Durante o South Summit, Luiza Trajano, presidente do Conselho da empresa, enfatizou a transformação profunda que a companhia está vivenciando por meio da IA. Segundo ela, a tecnologia está revolucionando a experiência do cliente, sem eliminar postos de trabalho — um contraponto importante ao temor da substituição em massa.
O Magalu está investindo fortemente na assistente virtual Lu, na Magalu Cloud e em outras iniciativas baseadas em IA. O que me chama atenção neste caso é como a empresa soube fazer uma transição gradual, começando com a Lu como um avatar simples há anos, e evoluindo consistentemente para uma assistente verdadeiramente inteligente e capaz de gerar valor para o negócio.
Tenho observado em minha experiência com empresas brasileiras que este tipo de abordagem incremental e estratégica tende a gerar resultados mais sustentáveis do que tentativas de “pular etapas” na adoção de IA. É preciso construir fundações sólidas de dados e transformação digital antes de colher os frutos mais avançados da inteligência artificial.
A2A: Google Apresenta Protocolo que Pode Revolucionar a Interoperabilidade entre IAs
Uma das notícias mais relevantes das últimas 24 horas foi o anúncio do Google sobre o Agent2Agent (A2A), um novo protocolo aberto para facilitar a comunicação entre diferentes agentes de inteligência artificial. Esta é uma movimentação estratégica que pode ter implicações profundas para todo o ecossistema de IA.
Segundo informações veiculadas pela Hardware.com.br, o A2A pretende acabar com a fragmentação de ferramentas, modelos e sistemas de IA que funcionam de forma isolada, principalmente em ambientes corporativos.
Esta iniciativa me remete a uma analogia com a internet: assim como os protocolos HTTP e TCP/IP permitiram que a web se tornasse um ecossistema interconectado, o A2A pode ser o primeiro passo para um ecossistema de IAs interoperáveis. Um sistema nervoso digital onde diferentes agentes de IA poderão colaborar entre si, mesmo vindos de plataformas ou fornecedores diferentes.
Para empresas brasileiras, isso significa que investimentos em soluções específicas de IA poderão ser mais protegidos no futuro, sem o risco de ficarem isolados em silos tecnológicos. A versão estável do A2A está planejada para o final de 2025, mas organizações que desejam se manter à frente da curva deveriam começar a pensar em como essa interoperabilidade poderá beneficiar seus negócios.
IA na Medicina: Revolução na Oncologia Brasileira
A inteligência artificial está transformando a medicina brasileira, com destaque para a oncologia. De acordo com reportagem publicada no O Globo, avanços em ‘machine learning’ e ‘deep learning’ estão permitindo diagnósticos mais rápidos e tratamentos personalizados.
O que considero mais promissor nessa área é a capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados para identificar padrões que seriam impossíveis de detectar para médicos humanos. Num país com dimensões continentais como o Brasil, onde temos severa escassez de especialistas em muitas regiões, a IA pode ser um fator democratizante no acesso a diagnósticos precisos.
Entretanto, persistem desafios como a qualidade dos dados e a necessidade de infraestrutura adequada. Na minha experiência trabalhando com startups de healthtech, vejo que a regulamentação do setor também pode ser tanto um freio quanto um acelerador desse processo, dependendo de como for implementada.
Além do Google: A Diversificação das Ferramentas de Busca com IA
Uma tendência interessante que tenho observado é a proliferação de alternativas ao Google para pesquisas na web utilizando IA. O TechTudo destacou cinco ferramentas que estão ganhando espaço: Perplexity, Arc Search, ChatGPT Deep Research, Gemini Deep Research e iAsk.
O que me parece mais relevante nessa tendência é como essas ferramentas estão redefinindo a própria natureza da busca na internet. Não se trata apenas de encontrar links relevantes, mas de sintetizar informações, cruzar fontes e apresentar conclusões estruturadas. É uma mudança de paradigma que vai alterar profundamente como consumimos informação online.
Para empreendedores brasileiros, isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. Por um lado, otimizar a presença online para essas novas interfaces de busca será fundamental. Por outro, há espaços para soluções locais que entendam as nuances do português brasileiro e as especificidades de nosso mercado.
IA no Varejo de Proximidade: O Poder da Tecnologia no Comércio de Bairro
Uma das aplicações mais interessantes da IA que observo é no varejo de proximidade. Segundo pesquisa da Yalo reportada pelo Estado de Minas, 62,5% do potencial de vendas no setor não é aproveitado, e a IA pode ser uma aliada para aumentar o ticket médio em até 15%.
Este dado me parece especialmente relevante no contexto brasileiro, onde o comércio de bairro representa não apenas uma força econômica significativa, mas também um elemento cultural e social de nossas cidades. A tecnologia pode ajudar a personalizar a experiência do cliente, otimizar estoques e aprimorar a comunicação entre marcas e varejistas.
Um ponto crítico revelado pela pesquisa é que 20% a 25% das lojas de bairro não recebem visitas comerciais, provocando perdas significativas. A implementação da IA pode ajudar a democratizar o acesso a ferramentas de gestão e marketing que antes eram exclusivas de grandes redes.
As 50 Empresas de IA Mais Promissoras do Mundo
A lista anual AI 50 da Forbes, conforme reportado pela Forbes Brasil, destaca as empresas de inteligência artificial de capital fechado mais promissoras do mundo. Entre elas estão a Anysphere e o unicórnio OpenEvidence, que ilustram como startups estão focando em desenvolver IA em diversas áreas.
O que me chama atenção nessa lista é a ausência de empresas brasileiras. Isso não significa que não temos startups promissoras no setor de IA por aqui — tenho acompanhado várias delas em meu trabalho como mentor e investidor. No entanto, reflete a necessidade de maior internacionalização de nossas startups e de um ecossistema mais robusto para apoiá-las.
A lista também evidencia a importância do acesso à infraestrutura para atender à demanda crescente por poder computacional. Este é um ponto crítico para o Brasil: precisamos não apenas de talentos em IA, mas também de infraestrutura computacional acessível para que possamos competir globalmente.
Segurança e Privacidade: O Que Nunca Compartilhar com uma IA
Uma preocupação crescente que tenho observado diz respeito à segurança e privacidade no uso de ferramentas de IA. O Correio Braziliense destacou que a OpenAI alerta que as informações inseridas podem ser utilizadas para treinar modelos, levantando questões importantes sobre privacidade.
É fundamental que usuários compreendam que interações com chatbots de IA não são conversas privadas. Informações sensíveis como logins, senhas, dados pessoais ou financeiros nunca devem ser compartilhadas com essas ferramentas. Trata-se de uma mudança de mentalidade: precisamos desenvolver novos instintos de segurança digital para esta era de IA onipresente.
Para empresas, isso também significa desenvolver políticas claras sobre como seus funcionários podem utilizar ferramentas de IA, especialmente quando envolvem dados corporativos sensíveis ou informações de clientes. No meu trabalho de consultoria, tenho recomendado a criação de guidelines específicos para uso de IA generativa dentro das organizações.
A Transformação do Mercado de Chips pela IA
Segundo reportagem do Terra, as demandas por inteligência artificial transformaram profundamente o mercado de chips de computação, especialmente com o uso de GPUs. Empresas estão criando supercomputadores com até 100 mil chips, e a necessidade de energia é crescente.
Esta é uma transformação que vai muito além da tecnologia, afetando geopolítica, economia global e sustentabilidade. Para o Brasil, representa tanto um desafio quanto uma oportunidade: por um lado, nossa dependência de hardware importado se amplia; por outro, temos condições privilegiadas para a geração de energia limpa que pode abastecer data centers.
O desenvolvimento de data centers dedicados a IA está atraindo investimentos massivos, que podem exceder US$ 400 bilhões até 2028. Acredito que o Brasil pode e deve posicionar-se estrategicamente nesse mercado, aproveitando nossas vantagens competitivas em energia renovável e conectividade internacional.
IA no Mercado Imobiliário: Da Prospecção à Venda
Um caso interessante de uso de IA que surgiu recentemente vem do mercado imobiliário. Segundo o Estadão, a Tecnisa, uma incorporadora brasileira, já vendeu dois apartamentos com ajuda direta de seu sistema de IA chamado Isa, que identifica clientes com maior propensão a adquirir propriedades.
Este exemplo ilustra bem como a IA está evoluindo de simples ferramenta de análise para um sistema que efetivamente contribui para resultados comerciais. A Tecnisa conseguiu otimizar seu processo de vendas usando IA para prever comportamentos de compra e direcionar esforços comerciais de forma mais eficiente.
No setor imobiliário brasileiro, tradicionalmente conservador em termos tecnológicos, esta adoção representa uma mudança significativa. Tenho acompanhado várias proptechs (startups do setor imobiliário) que estão desenvolvendo soluções similares, o que sugere uma transformação mais ampla no horizonte.
Conclusão: O Brasil na Encruzilhada da IA
Analisando o conjunto de notícias das últimas 24 horas, fica evidente que a IA está gerando impactos econômicos concretos no Brasil, desde a agricultura até o varejo, passando pelo mercado imobiliário e a saúde. Não estamos mais no terreno das promessas ou possibilidades: estamos vendo resultados financeiros mensuráveis.
Ao mesmo tempo, inovações como o protocolo A2A do Google e a evolução das ferramentas de busca baseadas em IA mostram que o ecossistema tecnológico segue em rápida transformação. Para empresas brasileiras, isso significa que a adoção de IA não é um projeto com início, meio e fim, mas um processo contínuo de adaptação e evolução.
O desafio para o Brasil não é simplesmente adotar tecnologias de IA, mas fazê-lo de maneira estratégica, sustentável e inclusiva. Precisamos construir capacidades locais, desenvolver talentos e criar um ambiente regulatório que promova a inovação sem abrir mão de valores como privacidade e segurança.
No meu trabalho de mentoria com startups e consultoria com empresas estabelecidas, tenho enfatizado a importância de uma abordagem holística para a adoção de IA, que considere não apenas a tecnologia em si, mas também pessoas, processos e propósito. As organizações que conseguirem integrar esses elementos terão maior chance de capturar o valor que a IA pode gerar.
O momento é de cautela e ao mesmo tempo de ousadia: cautela para não cair em promessas vazias ou implementações superficiais; ousadia para reimaginar negócios e processos aproveitando todo o potencial que a IA oferece. O Brasil tem todas as condições para ser protagonista nessa jornada, mas isso exigirá visão, investimento e colaboração entre diferentes atores do ecossistema.
Continuarei acompanhando de perto essa evolução e compartilhando insights aqui no blog. Se você quer discutir como sua empresa ou startup pode se beneficiar estrategicamente da IA, entre em contato – no meu trabalho de mentoria e consultoria, tenho ajudado organizações a navegar por esse território complexo mas repleto de oportunidades.
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