Radar da IA: O Abismo Tecnológico Entre Potências Globais e América Latina – Como Evitar Ficar Para Trás
abril 20, 2025 | by Matos AI

Estamos vendo em tempo real o aprofundamento de uma divisão global que definirá o futuro das nações por décadas. A velocidade com que a Inteligência Artificial avança está criando um fosso cada vez maior entre os países tecnologicamente avançados e aqueles que estão à margem desta revolução – e a América Latina, infelizmente, está do lado mais vulnerável deste abismo.
Eduardo Viola, cientista político e professor de Relações Internacionais da FGV e USP, traz um alerta contundente: “A aceleração da combinação inteligência artificial, computação quântica e biologia está criando uma nova dinâmica de poder global”. De acordo com Viola, China e Estados Unidos estão no epicentro desta corrida tecnológica, enquanto nossa região observa à distância.
Mas o que isso realmente significa para nós? E mais importante: o que podemos fazer a respeito?
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O Abismo Tecnológico e o Novo Mapa de Poder Mundial
Quando falamos sobre disparidade tecnológica, estamos falando, na prática, sobre soberania nacional, empregabilidade e competitividade econômica. As nações que dominam a IA hoje estarão ditando as regras do jogo amanhã – não apenas nas relações comerciais, mas em praticamente todos os aspectos da sociedade.
O duopólio EUA-China em tecnologias avançadas não é acidente. É resultado de investimentos massivos em pesquisa, desenvolvimento de talento e infraestrutura computacional. Enquanto isso, aqui na América Latina, ainda debatemos questões básicas de inclusão digital e conectividade.
A questão não é se este abismo afetará nossas economias, mas quando e quão profundamente. As evidências sugerem que será mais cedo e mais intensamente do que muitos imaginam.
O Impacto da IA em Setores Diversos – Do Entretenimento Adulto à Linguagem
A capacidade da IA de transformar setores tradicionais está se manifestando em áreas surpreendentes. Segundo o Estadão, a indústria de conteúdo adulto já enfrenta disrupção pela pornografia gerada por IA, levantando questões sobre direitos autorais, deepfakes não consensuais e modelos de negócio.
Enquanto isso, até mesmo a lexicografia – a arte e ciência de compilar dicionários – está sendo reinventada. O Globo relata que nos 50 anos do dicionário Aurélio, estamos testemunhando como a IA pode transformar a forma como documentamos e interagimos com nossa própria língua.
A ironias não escapam: a mesma tecnologia que ameaça empregos também está preservando e evoluindo elementos culturais como a língua portuguesa. O paradoxo da IA sempre me fascina: ela simultaneamente ameaça tradições e as reinventa para o futuro.
O Grande Debate: Quais Profissões Sobreviverão?
Talvez nenhum assunto relacionado à IA seja tão debatido quanto seu impacto no mercado de trabalho. A revista Veja projeta um cenário em que até mesmo profissões anteriormente consideradas “seguras”, como radiologistas, podem enfrentar substituição.
Vejo muita ansiedade entre profissionais de todos os setores quando discuto este tema em minhas palestras. A verdade incômoda é que trabalhos repetitivos, previsíveis e que não exigem alto nível de criatividade ou inteligência emocional estão, sim, sob ameaça.
Mas existe outro lado desta história: novas profissões estão surgindo, e habilidades híbridas (que combinam domínio técnico com capacidades exclusivamente humanas) se tornarão cada vez mais valiosas. No meu trabalho com startups e empresas em transformação digital, tenho observado uma demanda crescente por “tradutores” – pessoas que conseguem navegar entre o mundo da tecnologia e os desafios humanos e de negócios.
A Capacitação como Resposta à Disrupção
Diante do cenário de transformação, a capacitação emerge como resposta evidente. A Catraca Livre destaca um curso gratuito com certificação IBM que busca democratizar o conhecimento sobre fundamentos da IA.
Iniciativas como esta são vitais, mas precisamos ser honestos: cursos isolados não serão suficientes para fechar o abismo de talentos. Precisamos de uma abordagem sistêmica que combine:
- Reformulação dos currículos educacionais desde o ensino fundamental
- Parcerias público-privadas para desenvolvimento de talentos
- Incentivos para empresas investirem na requalificação de seus colaboradores
- Programas de atração de talentos internacionais em áreas estratégicas
Em minha experiência formando e acelerando startups, vejo claramente que o acesso a talentos qualificados é frequentemente o maior gargalo para o crescimento. O país que solucionar este desafio terá vantagem competitiva significativa.
IA, Política e Controle Social: Um Equilíbrio Delicado
A aplicação da IA em governos levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre eficiência e liberdades individuais. O Lance reporta como o governo Trump nos EUA está explorando a IA para aumentar a eficiência governamental, mas enfrenta críticas sobre segurança e privacidade.
Este debate não é exclusivo dos EUA. No Brasil, vemos iniciativas de digitalização do governo que, embora promissoras, raramente consideram questões como vieses algorítmicos e exclusão digital. Quando sistemas automatizados tomam decisões sobre benefícios sociais, por exemplo, quem responde pelos erros?
A linha entre inovação e vigilância é tênue. O uso da IA no judiciário brasileiro, como discutido pelo Consultor Jurídico, exemplifica este dilema. Busca-se eficiência, mas a que custo para o devido processo legal?
Reputação e Confiança na Era da IA
A percepção pública sobre tecnologia está se tornando cada vez mais crítica para empresas. Segundo pesquisa citada pelo Brasil 247, a associação com Elon Musk e o uso inadequado de IA são vistos como riscos significativos para a reputação das marcas.
Este dado revela algo importante: a tecnologia não é neutra na percepção pública. Consumidores estão cada vez mais conscientes sobre como suas informações são utilizadas e como a tecnologia pode impactar a sociedade.
Empresas que adotam IA sem considerar questões éticas e sociais enfrentarão crescente resistência do mercado. Em contrapartida, aquelas que adotam abordagens transparentes e centradas no humano têm oportunidade de se diferenciar positivamente.
Já não distinguimos mais o que é real do que é sintético. O G1 relata como um vídeo genuíno de um cardume de dourados-do-mar foi confundido com criação artificial. Esta confusão ilustra como a IA está borrando as fronteiras entre o autêntico e o artificial, criando desafios para nossa percepção da realidade.
O Brasil na Encruzilhada: Estratégias para Não Ficar Para Trás
Onde está o Brasil neste cenário global? Infelizmente, ainda estamos mais como observadores do que protagonistas. Apesar de termos talentos excepcionais e algumas iniciativas promissoras, falta-nos uma estratégia nacional coerente para IA.
O que podemos fazer? Com base em minha experiência trabalhando com ecossistemas de inovação em diversos países, vejo alguns caminhos possíveis:
- Definir áreas de foco estratégico – Não podemos competir em todas as frentes, mas podemos nos tornar referência em nichos específicos como agtech, fintech ou healthtech, onde já temos diferenciais competitivos
- Ampliar investimentos em pesquisa básica e aplicada – Universidades e centros de pesquisa precisam de recursos consistentes e autonomia para desenvolver tecnologias proprietárias
- Criar incentivos para retenção de talentos – Precisamos estancar a fuga de cérebros e atrair brasileiros que estão no exterior
- Promover parcerias internacionais estratégicas – Buscar colaborações com potências tecnológicas que nos permitam acelerar nossa curva de aprendizado
- Desenvolver marco regulatório equilibrado – Que proteja direitos fundamentais sem sufocar a inovação
O Caminho à Frente: Preparando-se para um Mundo Transformado pela IA
A aceleração tecnológica não mostra sinais de desaceleração. Pelo contrário, com o avanço da computação quântica mencionado pelo professor Viola, devemos esperar saltos ainda mais significativos nos próximos anos.
Para empresas, o momento de agir é agora. Não se trata apenas de implementar ferramentas de IA, mas de repensar modelos de negócio, desenvolver talentos e construir uma cultura organizacional adaptativa. Em meu trabalho de mentoria com empresas, tenho insistido que a transformação digital genuína é 20% tecnologia e 80% cultura e pessoas.
Para profissionais, o caminho passa por desenvolver o que chamo de “portfólio de habilidades resistentes à automação” – capacidades como pensamento crítico, criatividade, inteligência emocional, adaptabilidade e aprendizado contínuo.
E para o Brasil como nação? Precisamos de liderança visionária que entenda o que está em jogo. O abismo tecnológico não é apenas uma questão econômica, mas uma ameaça à nossa soberania e relevância global no século XXI.
Em minhas mentorias com startups brasileiras, percebo que temos o talento e a criatividade necessários para competir globalmente. O que falta são as condições sistêmicas e o senso de urgência que o momento exige.
O tempo de debates teóricos passou. Precisamos de ação concreta, investimentos significativos e uma visão estratégica que posicione o Brasil como protagonista, não como mero espectador da revolução da IA.
O futuro não espera. E você, o que está fazendo para se preparar para este mundo transformado pela IA?
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