Radar da IA: ONU Alerta Impacto em 40% dos Empregos Globais – A Urgência do Posicionamento Brasileiro
abril 4, 2025 | by Matos AI

O panorama global da inteligência artificial está se transformando com velocidade impressionante. De acordo com dados recentes da ONU, estamos à beira de uma revolução no mercado de trabalho que demandará ações urgentes, especialmente de países como o Brasil que parecem ainda não ter despertado completamente para esse cenário. Nas últimas 24 horas, o noticiário nos trouxe diversos sinais claros de que precisamos acelerar nosso posicionamento estratégico como nação.
ONU alerta: 40% dos empregos globais serão impactados pela IA
O dado mais impactante das últimas horas vem diretamente da Organização das Nações Unidas. A IA poderá afetar 40% dos empregos em todo o mundo, com o mercado global de inteligência artificial projetado para atingir a impressionante marca de US$ 4,8 trilhões (aproximadamente R$ 26,8 trilhões) até 2033, segundo relatório divulgado pela ONU.
Esse impacto massivo traz um paradoxo interessante: ao mesmo tempo em que a IA promete ganhos significativos de produtividade, ela também ameaça ampliar as desigualdades existentes. A UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) enfatiza que economias avançadas estão melhor posicionadas para aproveitar os benefícios dessa tecnologia, enquanto países em desenvolvimento podem acabar ficando para trás.
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O relatório ressalta algo que venho defendendo há anos em minhas palestras e mentoria: a necessidade urgente de cooperação internacional para garantir que a IA promova um desenvolvimento humano inclusivo, e não apenas o lucro de algumas corporações e nações já privilegiadas.
A mobilização global em IA: uma corrida em que o Brasil está atrasado
Enquanto muitos países já entenderam que a IA é uma tecnologia de propósito geral, com impacto profundo e transversal na economia, cultura e sociedade, o Brasil parece ainda não ter despertado completamente para essa realidade. Segundo artigo publicado na Folha de S.Paulo, estamos observando uma intensa mobilização internacional:
- A França anunciou um investimento de US$ 113 bilhões para impulsionar projetos na área, incluindo a construção do maior centro de dados da Europa
- O Reino Unido lançou um Plano de Ação para Oportunidades em IA, com um investimento estimado em US$ 18 bilhões
- A China divulgou o Plano para a Construção de uma Nação Educacional Forte, com diretrizes até 2035
Enquanto isso, o Brasil permanece tímido em sua abordagem. Essa timidez não é apenas preocupante; é potencialmente devastadora para nosso futuro econômico e social.
O paradoxo brasileiro: líder em pesquisa, retardatário em aplicação
O Brasil apresenta um paradoxo interessante no cenário de IA. De acordo com reportagem da Agência Brasil, somos líderes do ranking de publicações sobre Inteligência Artificial na América Latina, mas caímos para a 20ª posição no ranking mundial.
Nosso país conta com 144 unidades de pesquisa em IA, com grande potencial para iniciativas em ciências da vida, energia e agricultura. No entanto, o grande desafio continua sendo transformar esse conhecimento em aplicações tecnológicas comerciais.
Em minha trajetória apoiando milhares de startups, tenho visto esse cenário de perto. Temos talentos extraordinários, mas falta uma estrutura que conecte efetivamente a pesquisa acadêmica com o mercado. Essa é uma das áreas onde minha mentoria tem conseguido criar pontes importantes, ajudando empreendedores a navegarem esse complexo ecossistema.
Microsoft: 50 anos e um futuro focado em IA
Enquanto debatemos nossa posição nacional, gigantes tecnológicos seguem avançando. A Microsoft, que completou 50 anos em 4 de abril, está determinada a cimentar sua liderança no mundo da IA. Após um investimento inicial de US$ 13 bilhões na OpenAI, a empresa viu seu valor de mercado aumentar significativamente ao integrar o ChatGPT ao Bing.
Mais impressionante ainda, segundo reportagem do Estadão, a Microsoft agora planeja construir seus próprios chips para oferecer IA, sinalizando que não quer depender de terceiros para dominar esse mercado.
A mensagem é clara: empresas que não se adaptarem rapidamente a essa nova realidade ficarão para trás. O mesmo vale para países.
Aplicações práticas: quando a IA encontra propósito social
Nem tudo são notícias preocupantes. Um exemplo inspirador vem da USP, onde um professor diagnosticado com autismo desenvolveu ferramentas de IA que utilizam reconhecimento de padrões faciais e análise de sinais cerebrais para diagnosticar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Segundo o Correio Braziliense, o trabalho busca garantir diagnóstico preciso e celeridade nos processos, essencial para crianças que muitas vezes não são diagnosticadas na infância.
Este é exatamente o tipo de aplicação que defendo: tecnologia com propósito social claro. Em minha jornada empreendedora, sempre busquei apoiar iniciativas que não apenas criam valor econômico, mas também impacto social positivo. Este é o caminho para uma IA verdadeiramente brasileira – que resolva nossos problemas específicos e crie oportunidades alinhadas com nossas necessidades.
A polêmica cultural: IA e questões de colonialismo digital
A IA também está levantando importantes questões culturais. Um debate interessante surgiu em torno das ferramentas de IA generativa que transformam selfies em desenhos de anime. De acordo com reportagem do Brasil de Fato, isso gerou discussões acaloradas sobre implicações para a cultura, sustentabilidade e questões de colonialismo digital.
Essas discussões levantam a necessidade de maior conscientização e ação diante do desperdício de recursos e da extração de valor cultural das populações do Sul Global. Como alguém que sempre defendeu a diversidade e a inclusão no ecossistema de inovação, vejo essas questões como fundamentais para construirmos um futuro tecnológico mais justo e representativo.
O futuro do trabalho: como nos preparar?
Diante desse cenário de profundas transformações, a pergunta que muitos fazem é: como nos preparar? De acordo com reportagem da CNN Brasil, pesquisadores estão preocupados com o impacto negativo da IA em habilidades humanas essenciais, como empatia e capacidade de decisão.
Por outro lado, não devemos perder de vista a possibilidade de criação de novos tipos de trabalho. A dependência tecnológica traz à tona questões sobre polarização e desigualdade social que a IA pode perpetuar.
Em minhas palestras sobre o futuro do trabalho, tenho destacado o conceito CACACA – um acrônimo que criei para descrever as seis principais habilidades necessárias aos trabalhadores do futuro: Criatividade e Autonomia; Colaboração e Adaptabilidade; Conexão e Afeto. São justamente essas habilidades fundamentalmente humanas que nos diferenciarão das máquinas e algoritmos.
O que podemos fazer como país?
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: o que podemos fazer como nação para não ficarmos para trás? Na minha visão, precisamos de uma abordagem em três níveis:
1. Políticas públicas estruturantes
Precisamos de uma estratégia nacional de IA que vá além de documentos e diretrizes genéricas. Isso inclui:
- Investimentos significativos em infraestrutura de dados e computação
- Marcos regulatórios claros que garantam inovação com segurança
- Incentivos fiscais para empresas que desenvolvam e implementem soluções de IA
- Programas de capacitação em larga escala, desde o ensino básico até a formação avançada
2. Ecossistema de inovação fortalecido
O Brasil já possui um ecossistema de startups vibrante, mas precisamos:
- Fortalecer a conexão entre academia e mercado
- Aumentar o volume de capital de risco disponível para startups de IA
- Criar programas específicos de aceleração para startups de deep tech
- Fomentar parcerias internacionais estratégicas
3. Transformação na mentalidade empresarial
As empresas brasileiras precisam enxergar a IA não como uma ameaça, mas como uma oportunidade competitiva:
- Investir em capacitação interna
- Experimentar e implementar soluções de IA em processos críticos
- Desenvolver uma cultura de dados robusta
- Buscar parcerias com startups e centros de pesquisa
Conclusão: o momento é agora
Os dados e tendências das últimas 24 horas reforçam o que venho dizendo há anos: estamos vivendo um momento decisivo na história da tecnologia e do trabalho. A IA não é apenas mais uma inovação incremental – é uma tecnologia de propósito geral que está remodelando fundamentalmente como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
O Brasil tem todos os ingredientes para ser um protagonista nesse cenário: talentos extraordinários, um mercado interno relevante e uma criatividade que é reconhecida mundialmente. O que nos falta é uma visão estratégica integrada e a coragem de fazer apostas ousadas.
Nas minhas atividades de mentoria e consultoria, tenho ajudado empresas a navegarem por essa transformação, identificando oportunidades concretas e construindo capacidades internas. A janela de oportunidade está aberta, mas não permanecerá assim por muito tempo. O momento de agir é agora.
Como diria o poeta Maiakovski: “Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta.” E assim faremos com a IA – não como espectadores, mas como protagonistas desse futuro que já começou.
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