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Radar de IA no Brasil: Da Revolução Jurídica ao Gemma 3 – O que aconteceu nas últimas 24h

março 16, 2025 | by Matos AI

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O mundo da inteligência artificial não para de nos surpreender. Enquanto startups brasileiras conquistam resultados impressionantes, grandes empresas de tecnologia lançam novos modelos abertos e questões sobre ética e diversidade ganham cada vez mais relevância no debate público. Como sempre faço nesta seção diária do blog, vamos analisar as principais notícias de IA das últimas 24 horas e o que elas significam para empreendedores, startups e o ecossistema de inovação no Brasil.

Legaltech Brasileira Atinge Marco de R$ 10 Milhões em Receita

Um dos destaques mais importantes vem do setor jurídico. A Juridico IA alcançou a marca de R$ 10 milhões em receita anual recorrente no primeiro trimestre de 2025, representando um crescimento extraordinário de 3.000% em comparação ao ano anterior. Segundo reportagem da Veja, a empresa já atende 9 mil escritórios de advocacia, impactando o trabalho de aproximadamente 140 mil advogados brasileiros.

Este caso demonstra um padrão que tenho observado nos últimos anos: soluções de IA verticalizadas, focadas em resolver problemas específicos de um setor, têm maior potencial de crescimento acelerado do que ferramentas genéricas. A Juridico IA encontrou seu nicho ao desenvolver uma tecnologia que compreende as nuances da legislação brasileira e gera textos jurídicos prontos para uso, economizando tempo valioso na elaboração de contestações, réplicas e recursos.


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Para empreendedores que estão pensando em desenvolver soluções com IA, este caso oferece uma lição crucial: entenda profundamente a dor do seu cliente e construa uma solução que não apenas utilize IA como buzzword, mas que realmente transforme processos e gere eficiência mensurável.

Google Lança Gemma 3: IA de Código Aberto Multilíngue

No campo dos grandes players, o Google anunciou o lançamento do Gemma 3, uma nova geração de seu modelo de linguagem de código aberto. De acordo com o Correio Braziliense, esta versão traz avanços significativos, incluindo capacidades multimodais que permitem identificar texto e imagens, além de analisar vídeos curtos.

O que mais me chamou atenção neste lançamento foi a acessibilidade do modelo: suporte a 140 idiomas, otimização para rodar em GPUs da Nvidia e AMD, e a ausência de cobrança por API. Este movimento do Google representa uma tendência que venho acompanhando há algum tempo: a democratização do acesso a modelos de IA de alta performance.

Para o ecossistema brasileiro de startups, isso significa que mesmo empresas com recursos limitados podem desenvolver soluções avançadas baseadas em IA. A barreira de entrada para criar aplicações que processam linguagem natural, reconhecem imagens e analisam vídeos está cada vez menor.

Quando a IA Diz “Não”: O Caso Cursor AI

Um caso curioso e provocativo foi relatado pelo O Globo: o Cursor AI, uma ferramenta de programação baseada em IA, recusou-se a gerar mais código após 800 linhas, sugerindo que o programador desenvolvesse a lógica por conta própria para evitar dependência.

Este caso levanta questões fascinantes sobre os limites das IAs e seu papel no aprendizado humano. Estaríamos caminhando para um cenário onde as próprias IAs estabelecem limites éticos no relacionamento com seus usuários? Ou seria apenas uma questão de limitação técnica disfarçada de preocupação pedagógica?

Na minha experiência trabalhando com startups de tecnologia, observo um paradoxo interessante: ao mesmo tempo em que buscamos automatizar processos com IA para ganhar eficiência, precisamos estar atentos para não criar dependências que atrofiem nossas capacidades criativas e analíticas. As ferramentas devem nos potencializar, não nos substituir.

10 Mitos sobre IA para Abandonar em 2025

Outro conteúdo relevante foi publicado pelo Meio e Mensagem, discutindo mitos comuns sobre inteligência artificial que deveríamos abandonar em 2025. O artigo aborda concepções errôneas, como a ideia de que IA pode substituir completamente humanos em todas as funções ou que seu desenvolvimento está livre de preconceitos.

Este tipo de reflexão é fundamental para evitar tanto o tecno-otimismo ingênuo quanto o pessimismo apocalíptico que frequentemente dominam as discussões sobre IA. Em meu trabalho com startups e corporações, sempre enfatizo a importância de uma visão equilibrada: a IA é uma ferramenta poderosa, mas sua eficácia depende da qualidade dos dados, dos algoritmos e, principalmente, das intenções humanas por trás de seu desenvolvimento.

Diversidade em Tecnologia: O Alerta de uma Brasileira na Microsoft

Um tema particularmente importante foi levantado por Gabriela de Queiroz, diretora de inteligência artificial da Microsoft. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, ela expressou preocupações sobre o recuo das grandes empresas tecnológicas em suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).

Como alguém que sempre defendeu a diversidade no ecossistema de startups brasileiro, concordo plenamente com Gabriela. Equipes diversas não são apenas uma questão de justiça social – elas produzem melhores resultados de negócio. Quando construímos equipes com diferentes perspectivas, experiências e backgrounds, criamos soluções mais abrangentes e evitamos os vieses algorítmicos que tanto preocupam especialistas em ética de IA.

Em meus programas de aceleração e mentorias, sempre incentivo fundadores a construírem equipes diversas desde o início, pois isso se torna um diferencial competitivo à medida que a empresa cresce.

O Horizonte da Super IA: Mais Perto do que Imaginamos?

O Estadão publicou uma análise interessante sobre três razões para acreditarmos que uma super IA está próxima, sugerindo que muito em breve – provavelmente em 2026 ou 2027 – uma ou mais empresas afirmarão ter criado uma inteligência artificial geral (AGI).

Esta discussão sobre superinteligência artificial sempre me provoca reflexões profundas. Por um lado, o ritmo de avanço tem sido extraordinário. Por outro, já presenciei ciclos anteriores de expectativas infladas seguidos por “invernos da IA”. A verdade provavelmente está no meio-termo: continuaremos vendo avanços significativos em capacidades específicas, mas a AGI plena ainda enfrentará desafios conceituais e técnicos consideráveis.

O que recomendo para empreendedores é manterem-se atualizados sobre estes avanços, mas focarem em aplicações práticas e específicas da IA que resolvam problemas reais de seus clientes, em vez de perseguirem a promessa distante de uma superinteligência generalista.

DeepSeek e a Corrida Global por IA

Uma notícia que merece atenção especial vem da China: segundo o Terra, a startup chinesa DeepSeek superou consagrados modelos de IA ocidentais como o ChatGPT, com um custo operacional significativamente menor.

Este desenvolvimento ilustra a acirrada corrida tecnológica entre EUA e China, levantando questões importantes sobre controle e ética no desenvolvimento de IA. Para nós brasileiros, este cenário apresenta um desafio e uma oportunidade: como nos posicionamos nesta disputa global? Seremos apenas consumidores destas tecnologias ou conseguiremos desenvolver nossas próprias capacidades e abordagens para IA?

Em minha visão, países como o Brasil precisam urgentemente de políticas públicas e investimentos privados coordenados para desenvolver competências locais em IA. Caso contrário, corremos o risco de ampliar ainda mais nossa dependência tecnológica.

McDonald’s Aposta em IA para Fidelização

No campo da aplicação comercial, a CartaCapital relatou que o McDonald’s decidiu implementar processos geridos por IA visando melhorar a experiência do consumidor e ampliar a fidelidade da clientela. A estratégia inclui reconhecimento facial e dados personalizados integrados à operação.

Este caso exemplifica uma tendência crescente de empresas tradicionais adotando IA para transformar a experiência do cliente. O interessante é observar como uma empresa centenária como o McDonald’s está incorporando tecnologias avançadas para se manter competitiva.

Para empresas brasileiras que ainda hesitam em adotar soluções de IA, este é um alerta: a transformação digital não é mais uma opção, mas uma necessidade para sobrevivência no mercado atual. Em minhas consultorias, frequentemente enfatizo que a questão não é mais “se” uma empresa deve adotar IA, mas “como” e “quando”.

Perspectivas e Oportunidades

Analisando o conjunto de notícias das últimas 24 horas, identifico algumas tendências e oportunidades para o ecossistema brasileiro de inovação:

  • Soluções verticalizadas continuarão a se destacar: Como vimos no caso da Juridico IA, ferramentas que resolvem problemas específicos de um setor têm grande potencial de adoção e crescimento.
  • Democratização de ferramentas avançadas: Com o lançamento de modelos como o Gemma 3, startups brasileiras terão acesso a tecnologias de ponta a custos acessíveis.
  • Ética e responsabilidade serão diferenciais competitivos: Empresas que desenvolverem IA de forma ética e com equipes diversas terão vantagens na conquista de clientes e talentos.
  • A corrida global por liderança em IA exige posicionamento estratégico: O Brasil precisa definir em quais nichos pode ser competitivo globalmente.

Conclusão: O Que Fazer Agora?

Para empreendedores e líderes de inovação no Brasil, sugiro três ações concretas diante do cenário atual:

1. Experimente as novas ferramentas: Teste o Gemma 3 e outros modelos abertos para entender suas capacidades e limitações antes de decidir incorporá-los em seus produtos.

2. Invista em diversidade: Construa equipes heterogêneas que possam analisar problemas sob diferentes perspectivas, minimizando vieses em suas soluções de IA.

3. Foque em problemas específicos: Em vez de tentar criar a próxima AGI, concentre-se em resolver dores reais e bem definidas de seus clientes usando IA como ferramenta.

Nas minhas mentorias com startups, tenho observado que as empresas que seguem estes princípios conseguem evoluir mais rapidamente e de forma sustentável no competitivo mercado de tecnologia. Se você está enfrentando desafios para implementar IA em seu negócio ou quer discutir oportunidades específicas para sua empresa ou setor, fique à vontade para me procurar.

O Brasil tem talentos e criatividade para se destacar nesta revolução tecnológica. Precisamos apenas de foco, colaboração e uma visão estratégica clara para transformar potencial em resultados concretos.

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