Meta Investe US$ 14,3 Bilhões em IA Enquanto 59% da Geração Z Teme Perder Empregos — Por Que Esta Tensão Define o Momento Mais Estratégico da Inteligência Artificial
diciembre 11, 2025 | by Matos AI

Você já reparou como as manchetes sobre IA parecem viver em universos paralelos? De um lado, bilhões sendo investidos por gigantes da tecnologia. Do outro, uma geração inteira de jovens profissionais olhando para o futuro com medo genuíno de se tornarem obsoletos.
Nas últimas 24 horas, acompanhei notícias que cristalizam perfeitamente essa tensão — e acredito que ela define o momento mais estratégico (e delicado) que vivemos na história da inteligência artificial.
A Aposta Bilionária da Meta: Quando o Futuro Custa US$ 14,3 Bilhões
Mark Zuckerberg está reestruturando completamente a Meta. Segundo reportagem de O Globo via The New York Times, ele contratou Alexandr Wang, fundador da Scale AI e defensor de modelos fechados de IA, por impressionantes US$ 14,3 bilhões, para liderar o novo TBD Lab (“to be determined” — literalmente “a ser determinado”).
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A mensagem é clara: a Meta está migrando sua estratégia. Depois da decepção com o Llama 4, o foco agora é o Avocado, um modelo de IA fechado previsto para o primeiro trimestre de 2026, conforme relata El globo. Modelos fechados podem ser rigidamente controlados e monetizados — uma virada de 180 graus na postura anterior de código aberto.
Mas o custo é astronômico. A Meta elevou sua projeção de despesa de capital para 2025, chegando entre US$ 70 bilhões e US$ 72 bilhões. Zuckerberg prometeu ainda investir US$ 600 bilhões em infraestrutura nos EUA nos próximos três anos.
E aqui está o detalhe importante: esse dinheiro está vindo, em parte, de outros setores da empresa. Andrew Bosworth, diretor de tecnologia e líder do Reality Labs (divisão de realidade virtual e aumentada), foi instruído a cortar US$ 2 bilhões do orçamento proposto para o próximo ano. O dinheiro foi redirecionado para a equipe de Wang.
Tensões Internas: Quando as Superestrelas de IA Batem de Frente
Aqui começa a ficar interessante — e revelador.
Segundo as fontes do New York Times, surgiu uma mentalidade de “nós contra eles” dentro da Meta. De um lado, os pesquisadores do TBD Lab veem a missão como alcançar uma “superinteligência de IA quase divina”. Do outro, executivos veteranos como Chris Cox (diretor de produto) e Bosworth querem usar os dados do Instagram e Facebook para melhorar feeds e o negócio de publicidade — que, convenhamos, gera mais de US$ 160 bilhões anuais.
Wang resistiu. Ele argumentou que o objetivo deveria ser alcançar os modelos rivais da OpenAI e do Google antes de focar em produtos.
Essa tensão não é apenas política interna. Ela expõe um dilema fundamental: estamos perseguindo avanços tecnológicos radicais ou resultados de negócio imediatos? E, mais importante, quem fica para trás nessa corrida?
Do Outro Lado: 59% da Geração Z Vê a IA Como Ameaça ao Emprego
Enquanto bilhões são investidos em “superinteligência”, a percepção da força de trabalho jovem é bem diferente.
Uma pesquisa de Harvard divulgada pelo InfoMoney via Fortune entrevistou 2.040 americanos de 18 a 29 anos em novembro de 2025. Os números são eloquentes:
- 59% consideram a IA uma ameaça ao emprego — superando terceirização (48%) e imigração (31%).
- Quase 45% esperam redução de oportunidades causada pela IA.
- Apenas 14% esperam ganhos.
- 41% acham que a IA tornará o trabalho menos significativo.
Pense nisso por um momento. Estamos diante de uma geração que está entrando no mercado de trabalho justamente quando a maior transformação tecnológica desde a internet está acontecendo — e eles não estão otimistas. Eles estão com medo.
Eu trabalho diariamente com empresas e executivos na implementação de IA, e vejo essa desconexão de perto. Os líderes falam em “liberar tempo para trabalho mais significativo” ao automatizar tarefas repetitivas. Mas os jovens profissionais ouvem: “você vai ser substituído”.
O Que Dizem os Dados Reais de Produtividade?
Aqui está o paradoxo: quando as pessoas realmente usam IA, os resultados são mensuráveis.
Uma pesquisa da OpenAI com 9.000 trabalhadores, reportada pela Folha de S.Paulo via Bloomberg, sugere que seus produtos de IA economizam entre 40 a 60 minutos por dia, com três quartos dos entrevistados reportando melhoria na velocidade ou qualidade da produção.
Mas — e este é um “mas” importante — estudos do MIT não encontraram retorno sobre investimento em IA generativa, e pesquisas de Harvard e Stanford apontaram a criação de “workslop” (trabalho superficial gerado por IA).
No Brasil, os números também revelam tensões. Uma pesquisa da Alura com 1.000 profissionais brasileiros, citada pela Forbes Brasil, mostra que:
- 86% acreditam que a IA impactará diretamente sua área nos próximos anos.
- 68% veem o domínio da IA como essencial para manter o emprego.
- Mais da metade já buscou aprendizado em IA.
- Mas persistem desafios: 22% citam falta de tempo y 18% mencionam custo como barreiras à capacitação.
Thais Pianucci, Diretora Geral da Alura, resume bem: “Fluência digital e domínio de tecnologias emergentes não é mais diferencial, é pré-requisito”.
A Guerra Silenciosa: OpenAI Declara “Code Red” Enquanto Google Avança
Voltemos ao topo da pirâmide tecnológica. Enquanto a Meta reestrutura, a OpenAI não está confortável.
Segundo coluna de Pedro Doria no El globo, Sam Altman declarou “Code Red” — um estado de alerta máximo — forçando concentração total no desenvolvimento do GPT. A razão? O Google está se aproximando rapidamente com o Gemini.
Atualmente, a hierarquia é OpenAI > Google > Anthropic, mas o Gemini está reduzindo a diferença. E o Google tem vantagens estruturais enormes: é autônomo no design de chips (não depende da Nvidia como a OpenAI) e já integra o Gemini em todo seu ecossistema — Gmail, buscador, YouTube.
A OpenAI precisa de um investimento massivo de US$ 100 bilhões para se manter na frente.
Como Pedro Doria bem coloca: “A guerra da IA deve dominar 2026. A OpenAI, apesar de ser ágil, enfrenta a profundidade de bolsos do Google.”
Mas Esta Guerra Não É Apenas Tecnológica
Uma análise da Folha de S.Paulo via The New York Times levanta uma questão crucial: o boom da IA se parece com o das pontocom?
Há similaridades: retórica de futuro glorioso, avaliações extravagantes de novas empresas, concentração alta de investimentos (64% em startups de IA em 2025, similar aos 80% da era pontocom).
Mas há diferenças cruciais:
- A IA está sendo financiada por empresas multitrilionárias (Microsoft, Google, Meta) que não correm risco de desaparecer.
- As barreiras regulatórias são baixas atualmente.
- A escala de capitalização é drasticamente superior (Nvidia vale mais de US$ 4,5 trilhões).
- Diferente da internet (uma rede), a IA é vista como um computador que pode gerar valor imediatamente.
Giuseppe Sette estima que a adoção de IA avança entre 15 e 60 vezes mais rápido que o acesso inicial à internet.
Jerome Powell, presidente do Fed, nota que as empresas de IA têm modelos de negócio e lucros, ao contrário das antigas startups pontocom.
Mas isso não elimina o risco de correções de avaliações extravagantes. E, mais importante, não responde à pergunta fundamental: quem se beneficia dessa transformação?
Da Teoria à Prática: Agentes de IA e a “Fase Dois” da Transformação
Três anos após o lançamento do ChatGPT, a discussão migrou dos modelos de linguagem (LLMs) para as aplicações práticas — os chamados “agentes de IA” que agem, em vez de apenas responder.
Rafael Martins, em coluna na GaúchaZH, resume perfeitamente: “IA é aquilo que falamos quando o ChatGPT sai da sala”.
Exemplos incluem plataformas no-code/low-code como Gamma (apresentações) e Lovable (criação completa de sites). Um ex-motorista conseguiu migrar de carreira usando essas ferramentas — um caso real de democratização do desenvolvimento de software, ou “vibe coding”, como alguns chamam.
A fase atual foca em agentes capazes de:
- Ler e preencher planilhas
- Gerar relatórios automáticos
- Enviar e-mails contextualizados
- Reorganizar fluxos de trabalho completos
Consultorias como McKinsey e BCG confirmam que o uso real de IA aumenta a produtividade e reduz o medo. Mas apenas cerca de 1% das empresas é considerado maduro em IA.
A verdadeira relevância migrou de “qual modelo é melhor” para “onde este motor está plugado” e como ele redefine o fluxo de trabalho.
Casos Setoriais: Jurídico, Contabilidade e Diversidade
Vamos olhar para aplicações concretas em três setores que ilustram bem a transformação em curso.
Departamento Jurídico: De Centro de Custo a Parceiro Estratégico
Uma análise publicada no jota mostra como o departamento jurídico está em transição através de KPIs (Indicadores de Performance) e IA.
O relatório da OAB SP (2024) indica que o uso frequente de IA Generativa correlaciona-se com postura positiva em relação à tecnologia no setor.
Os KPIs essenciais incluem:
- Tempo de resposta (SLA)
- Eficiência na gestão contratual
- Redução de passivos (taxa de sucesso)
- Satisfação de clientes internos
- Gestão de escritórios parceiros
O uso responsável da IA, em conjunto com KPIs e governança estratégica, é fundamental para demonstrar valor objetivo e mudar a percepção do jurídico dentro da organização — exigindo sempre revisão humana constante sobre o conteúdo gerado pela tecnologia.
Contabilidade: Classificação e Conferência Automatizadas
Segundo reportagem do portal Contabilidad, a IA está transformando a classificação e a conferência contábil, trazendo mais precisão, velocidade e segurança.
Essas ferramentas estão ganhando espaço nos escritórios, sugerindo uma redefinição da rotina profissional dos contadores nos próximos anos — mas, novamente, não eliminando a necessidade de expertise humana.
Diversidade e Inclusão: IA Especializada e Gratuita
A consultoria Tree lançou a Iara, uma assistente de IA gratuita focada em orientações especializadas em Diversidade e Inclusão (D&I) para ambientes corporativos, segundo o Tierra.
O diferencial? A Iara foi treinada com um banco de dados exclusivo da Tree, construído ao longo de oito anos de atuação em mais de 300 empresas, o que reduz o risco de vieses e dependência de fontes aleatórias.
Sua persona é intencionalmente construída como uma mulher negra, LGBTI+ e PcD, refletindo o olhar interseccional do trabalho da consultoria. É um exemplo concreto de como a curadoria de dados e intencionalidade no design podem criar ferramentas verdadeiramente úteis — e gratuitas.
O Elefante na Sala: Ética, Supervisão e Responsabilidade
Não posso falar de IA sem abordar a dimensão ética — especialmente quando vemos casos que beiram o absurdo.
Uma reportagem da BBC News Brasil revelou que psicólogos estão utilizando IA generativa (como ChatGPT) para transcrição de sessões, resumos e até sugestões de intervenção clínica.
Dez dos 50 psicólogos consultados confirmaram usar a tecnologia. Empresas como PsicoAI e PsiDigital oferecem esses serviços.
O CFP (Conselho Federal de Psicologia) reconheceu o uso, mas impôs a necessidade de supervisão crítica. As grandes preocupações são:
- Terceirização do pensamento crítico
- Falha da IA em compreender a incerteza terapêutica
- Questões de confidencialidade (LGPD)
- Reprodução de vieses (a IA não é neutra)
O uso exige consentimento explícito e por escrito do paciente sobre como os dados serão tratados. Plataformas pagas tendem a oferecer melhor segurança de dados, e o profissional é integralmente responsável por suas respostas.
Este caso ilustra perfeitamente o que eu costumo dizer: a IA é uma ferramenta poderosa, mas não substitui julgamento humano, ética e responsabilidade profissional. Quando lidamos com saúde mental, os riscos são ainda maiores.
O Que os Líderes Devem Fazer: Ponte Entre Investimento e Confiança
Voltemos à tensão inicial: bilhões sendo investidos de um lado, medo genuíno do outro.
Como construímos uma ponte entre esses dois mundos?
Trabalho com executivos e empresas que enfrentam exatamente este desafio. E o que tenho observado é que a desconexão não é tecnológica — é de comunicação e cultura.
Cinco Princípios Para Líderes
1. Transparência Radical Sobre Mudanças de Função
Como o InfoMoney destaca, um relatório do McKinsey Global Institute sugere que, embora a IA possa automatizar 57% das horas de trabalho nos EUA, isso é potencial técnico, não perda de emprego garantida, pois as habilidades humanas continuam relevantes.
Líderes precisam comunicar claramente: quais tarefas serão automatizadas, quais novas habilidades serão necessárias, e qual o caminho de transição.
2. Investimento Estruturado em Capacitação
Como Thais Pianucci da Alura enfatiza, “o desafio atual é a estruturação da formação corporativa para transformar o aprendizado em vantagem competitiva”.
Não basta oferecer um curso online genérico. É preciso:
- Programas de letramento em IA adaptados a cada função
- Mentorias práticas com casos reais
- Espaços seguros para experimentação
- Tempo dedicado durante o expediente para aprendizado
3. Demonstração de Valor Co-Criado
Em vez de “impor” IA de cima para baixo, envolva as equipes na identificação de quais problemas a IA pode resolver no dia a dia deles.
Quando as pessoas veem a IA como aliada (economizando 40-60 minutos por dia, como mostra a pesquisa da OpenAI) em vez de ameaça, a resistência diminui.
4. Governança Clara e Ética por Design
Como vimos no caso dos psicólogos, o uso de IA sem supervisão adequada é perigoso. Estabeleça:
- Protocolos claros de revisão humana
- Políticas de privacidade e consentimento
- Comitês de ética em IA
- Auditorias regulares de viés algorítmico
5. Foco em Trabalho Significativo
Lembre-se: 41% da Geração Z acham que a IA tornará o trabalho menos significativo. Contraponha isso mostrando concretamente como a automação de tarefas repetitivas libera tempo para criatividade, resolução de problemas complexos e conexão humana.
No meu trabalho de mentoring, ajudo executivos e empresas a implementar exatamente esses princípios, conectando estratégia de IA com cultura organizacional e desenvolvimento de talentos.
O Momento Mais Estratégico: Por Que Esta Tensão É Inevitável (e Produtiva)
Olhando para as notícias das últimas 24 horas — desde os US$ 14,3 bilhões da Meta até o medo de 59% da Geração Z — percebo algo fundamental: esta tensão não é um bug, é uma feature.
Toda transformação tecnológica profunda gera esse tipo de desconexão temporal. Os investidores e líderes corporativos olham para horizontes de 5-10 anos. Os trabalhadores olham para o próximo ano, o próximo projeto, a próxima promoção.
A questão não é eliminar a tensão — é gerenciá-la de forma responsável.
E isso exige:
- Investimento não apenas em tecnologia, mas em pessoas
- Comunicação transparente sobre mudanças
- Criação de redes de segurança para transições de carreira
- Foco em IA como amplificador de capacidades humanas, não substituto
- Governança ética rigorosa
Como Rafael Martins bem coloca, a verdadeira questão não é mais “qual IA é melhor”, mas “onde este motor está plugado” e como ele transforma fluxos de trabalho reais.
E como Pedro Doria destaca, relatórios de Stanford já indicam que a IA alavancou patentes e descobertas de materiais, mostrando ganhos concretos mesmo na infância da tecnologia.
Reflexão Final: Construindo a Ponte
Se você é líder, executivo ou empreendedor, sua responsabilidade neste momento é dupla:
Investir na tecnologia — porque a corrida está acontecendo, e ficar para trás tem consequências reais para competitividade.
E investir nas pessoas — porque nenhuma transformação tecnológica se sustenta sem confiança, capacitação e senso de propósito.
A Meta pode estar investindo US$ 14,3 bilhões em seu novo diretor de IA. Mas se 59% da próxima geração de talentos vê a IA como ameaça, algo está profundamente errado na forma como estamos comunicando essa transformação.
Nos meus cursos imersivos e programas de mentoria, trabalho exatamente nessa ponte: como traduzir estratégia de IA em cultura, como capacitar equipes com alfabetização digital real, e como construir governança que gere confiança.
Porque, no final das contas, a IA mais avançada do mundo não vale nada se as pessoas que deveriam usá-la estão paralisadas pelo medo.
E este — o momento em que bilhões são investidos enquanto milhões temem o futuro — é exatamente quando a liderança consciente faz toda a diferença.
Vamos construir essa ponte juntos?
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