EUA Dependem ‘Desesperadamente’ da China em Baterias Para IA Enquanto Trump Dobra Aposta em Big Techs — Por Que Esta Tensão Geopolítica Define a Próxima Década da Inteligência Artificial
dezembro 25, 2025 | by Matos AI

Existe um paradoxo fascinante acontecendo agora mesmo no epicentro da corrida global pela inteligência artificial: enquanto os Estados Unidos declaram “amor” pela IA e prometem liderança tecnológica absoluta, o país enfrenta uma dependência crítica da China justamente na infraestrutura que sustenta todo esse ecossistema — as baterias de íon-lítio.
E isso não é um detalhe técnico. É uma questão estratégica que pode redefinir quem realmente controla o futuro da IA.
Nas últimas 24 horas, vimos um conjunto de notícias que, quando analisadas em conjunto, revelam uma tensão geopolítica sem precedentes: de um lado, Trump impulsiona crescimento de 4% ao ano apostando tudo na inteligência artificial; de outro, investidores fogem de Wall Street com medo de bolha especulativa e migram para empresas chinesas de IA; enquanto isso, no Brasil, vemos exemplos práticos de como a tecnologia já está multiplicando produtividade por 72 vezes em projetos reais.
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Vamos destrinchar o que está acontecendo — e, mais importante, o que isso significa para quem quer entender e aproveitar este momento de transformação.
A Fraqueza Oculta da Superpotência: Por Que os EUA Precisam ‘Desesperadamente’ das Baterias Chinesas
Segundo reportagem do New York Times, apesar da corrida pela liderança em IA, os Estados Unidos têm uma “fraqueza” crítica: a necessidade desesperadora das baterias produzidas pela China.
Por que isso importa tanto?
Data centers que alimentam os sistemas de IA — desde o ChatGPT até os modelos proprietários das big techs — consomem quantidades monumentais de eletricidade. E esses sistemas precisam de baterias de backup sofisticadas para garantir operação ininterrupta. Qualquer queda de energia pode significar perda de dados, interrupção de serviços críticos e prejuízos milionários.
O problema? A China lidera em quase todos os componentes industriais de baterias de íon-lítio. Os números são impressionantes:
- 99% das células LFP (Lithium Iron Phosphate) do mundo são fabricadas pela China
- Mais de 90% dos principais componentes de baterias vêm de cadeias chinesas
- O Pentágono depende de fornecedores chineses para cerca de 6 mil componentes de baterias em programas de armamento
Dan Wang, pesquisador da Hoover Institution, resume bem: “Construir uma indústria independente da China será extremamente difícil”.
Washington está despejando bilhões em subsídios domésticos para tentar reverter essa dependência, mas a vantagem competitiva chinesa foi construída ao longo de décadas de investimento industrial planejado. Não é algo que se resolve com cheques grandes e discursos inflamados.
A OpenAI, em comunicado citado na reportagem, deixou claro: “A eletricidade não é simplesmente um serviço público. É um ativo estratégico que garantirá nossa liderança na tecnologia mais importante desde a eletricidade”.
Perceba a ironia: a “tecnologia mais importante desde a eletricidade” depende de outro país para funcionar de forma confiável.
Trump Declara ‘Eu Amo IA’ e Wall Street Fica de Cabelo em Pé: Crescimento de 4% ou Bolha Perigosa?
Enquanto isso, do lado político americano, vemos um cenário de euforia quase religiosa com a inteligência artificial.
Segundo O Globo, o apoio irrestrito de Donald Trump às big techs e à IA está impulsionando o crescimento econômico dos EUA para uma taxa anual superior a 4% no último trimestre. Trump está removendo barreiras regulatórias para data centers, energia e venda de chips, abraçando a IA como motor de crescimento a qualquer custo.
Kevin Hassett, do Conselho Econômico Nacional, vincula diretamente o “boom” da IA ao sucesso presidencial. É uma aposta política gigante.
Mas analistas de Wall Street estão cada vez mais nervosos. A preocupação? Bolhas financeiras e sustentabilidade do crescimento. Glenn Hubbard alerta sobre o risco de substituição massiva de empregos, enquanto pesquisas de Erik Brynjolfsson indicam uma remodelação violenta da força de trabalho, afetando desproporcionalmente os jovens.
Por outro lado, Lisa Cook, do Federal Reserve, monitora um potencial efeito positivo: a IA pode ajudar no combate à inflação através de ganhos reais de produtividade.
Estamos, portanto, em um momento de dualidade extrema: otimismo político versus ceticismo financeiro institucional.
Investidores Fogem Para a IA Chinesa: Alibaba, Moore Threads e a Nova Fronteira de Oportunidades
E aqui entra um movimento que poucos esperavam: investidores globais estão diversificando agressivamente, aumentando apostas em empresas chinesas de inteligência artificial.
Segundo a CNN Brasil, o receio de uma bolha especulativa em Wall Street está direcionando capital para a China. Os números de valuation são reveladores:
- Nasdaq está sendo negociada a 31 vezes o lucro
- Hang Seng Tech está sendo negociada a 24 vezes o lucro
Empresas como Alibaba (com o modelo de IA Qwen), Moore Threads (apelidada de “Nvidia da China”) e MetaX estão capitalizando esse interesse crescente.
A consultoria Ruffer está adicionando posições em empresas chinesas, reconhecendo que a China está “diminuindo rapidamente essa diferença” tecnológica com os Estados Unidos. O UBS Global Wealth Management considera a tecnologia chinesa “a mais atraente” devido ao apoio político massivo de Pequim e à capacidade de rápida monetização.
A Rayliant até lançou um fundo focado especificamente nas “versões chinesas de Google, Meta, Tesla, Apple e OpenAI”.
Claro, há ceticismo. Kamil Dimmich argumenta que as avaliações de chips chineses listados são “quase que totalmente impulsionadas pelo hype”. Mas o cenário geopolítico está forçando a China a investir pesadamente em autossuficiência tecnológica — e isso cria oportunidades reais para quem sabe onde olhar.
O Caso Brasileiro: Como a IA Multiplicou Produtividade Por 72 Vezes em Projeto Real
Mas chega de falar só de geopolítica e mercados. Vamos ao que realmente interessa: o que a IA está fazendo na prática?
Em artigo que publiquei no Estadão, compartilhei um caso que continua impressionando até hoje: um projeto para o Sebrae onde transformamos um relatório denso de 200 páginas em uma plataforma web interativa e inteligente.
O tempo? 2 meses.
O detalhe? Esse mesmo projeto levaria, pelos métodos tradicionais, cerca de 12 anos. Estamos falando de 72 vezes mais rápido.
Como isso foi possível? Usando agentes de IA que realizaram mais de 16,4 mil pesquisas e 220 mil análises — tarefas que seriam humanamente impossíveis no prazo disponível.
A grande implicação aqui é que a IA está quebrando o famoso “triângulo de ferro” de projetos (prazo, custo, qualidade). Tradicionalmente, você tinha que escolher dois dos três. Agora, é possível entregar mais rápido, com melhor qualidade e menor custo simultaneamente.
Mas há uma mudança fundamental de mentalidade: o trabalho humano migra de executor para orquestrador. Não é mais sobre “o que fazer”, mas sim sobre “como fazer” — sobre arquitetar soluções, fazer as perguntas certas, validar resultados, garantir alinhamento estratégico.
E aqui está a pergunta que deixo para líderes e empreendedores: “O que você faria se seu concorrente começasse a entregar 20 vezes mais cobrando 10 vezes menos?”
Porque essa não é uma hipótese futurista. É o presente de quem já domina IA avançada.
Desenvolvedores no Limbo: 65% Acreditam Que Suas Funções Mudarão em 2026
E o impacto no mercado de trabalho já está sendo sentido — especialmente entre desenvolvedores de software, uma das categorias profissionais mais valorizadas da última década.
Segundo o Valor Econômico, 65% dos desenvolvedores acreditam que suas funções mudarão já em 2026. As expectativas são claras:
- 74% acreditam que se concentrarão mais no design de soluções (arquitetura, estratégia)
- 58% preveem redução de tarefas operacionais por automação, levando a equipes menores
- 37% veem a IA como uma “nova colega de trabalho” que amplia oportunidades
É um cenário de transformação acelerada. A boa notícia? Há otimismo geral sobre adaptação profissional no setor — desde que os profissionais se movimentem rapidamente para adquirir novas competências.
E essa é uma tendência que se replica em outros setores. No varejo brasileiro, por exemplo, vimos resultados impressionantes com IA conversacional:
- C&A: taxa de conversão cinco vezes maior com “AI Personal Shopper”
- Magazine Luiza: conversão no WhatsApp três vezes maior que busca tradicional
- O Boticário: aumento de 46% na conversão e ticket médio 7,4% maior
Pesquisa da Bain & Company indica que mais da metade dos brasileiros migraria suas compras para um assistente virtual. A IA não só vende mais, mas reduz o esforço cognitivo do consumidor.
IA Generativa e Código Aberto: A Estratégia Multimodelo Que Está Dominando Empresas
Do lado corporativo, a IA generativa deixou de ser “experimentação” e se tornou componente mandatório nas estratégias de negócios.
Segundo o Canaltech, empresas estão adotando uma abordagem “multimodelo”, usando soluções open source como Llama e Mixtral para inovar rapidamente e evitar dependência de um único fornecedor.
No Brasil, o principal obstáculo para adoção em escala continua sendo a qualidade e organização dos dados — não a tecnologia em si. É um problema de governança, não de capacidade técnica.
O impacto organizacional é profundo. A IBM, por exemplo, reportou economia de 40% no orçamento operacional de RH em casos internos usando automação com IA. E a previsão é que agentes de IA especializados sejam orquestrados por departamento até 2026.
Novas funções profissionais estão surgindo, como o engenheiro de prompt, enquanto competências como comunicação clara e pensamento estratégico se tornam ainda mais valiosas.
O Alerta de Yoshua Bengio: “Todos os Empregos Serão Eliminados”
Mas nem tudo são números positivos e casos de sucesso. É preciso olhar também para os alertas dos cientistas que construíram essa tecnologia.
Yoshua Bengio, vencedor do Prêmio Turing e um dos criadores da IA moderna, expressou recentemente arrependimento profundo sobre o caminho que a tecnologia está tomando.
Segundo InfoMoney, Bengio alerta que o emprego de “quase todos” está sob risco em até cinco anos, impactando tanto trabalhos cognitivos quanto manuais. Ele teme riscos “potencialmente catastróficos” e alerta que a democracia pode colapsar em duas décadas no ritmo atual.
O ponto de virada de Bengio foi o surgimento do ChatGPT. Ele observa que empresas como Intel e Google já congelaram vagas, sinalizando a transformação estrutural do mercado de trabalho.
O cientista apela a CEOs: “Dêem um passo atrás” e colaborem em busca de soluções seguras, antes que a competição desenfreada gere riscos extremos.
Eu tendo a concordar com a urgência do alerta, embora seja menos alarmista quanto ao prazo. A história da tecnologia nos mostra que transições levam mais tempo do que previsto — mas quando acontecem, são mais profundas do que imaginávamos.
O Que Este Momento Geopolítico Significa Para Brasil, Empresas e Profissionais
Então, como conectar todos esses pontos?
Estamos vivendo um momento de tensão geopolítica extrema onde:
- Os EUA apostam tudo na liderança em IA, mas dependem criticamente da China para infraestrutura
- Investidores fogem de possível bolha em Wall Street e migram para empresas chinesas
- A China acelera investimentos em autossuficiência tecnológica, criando alternativas competitivas
- Brasil e outros países emergentes têm janelas de oportunidade em nichos específicos
Do ponto de vista prático, para empresas e profissionais, isso significa:
1. A corrida não é mais por “ter IA”, mas por “saber orquestrar IA”
Assim como no caso do Sebrae que mencionei, o diferencial competitivo está em saber arquitetar soluções, fazer as perguntas certas, validar resultados e garantir alinhamento estratégico. A tecnologia está cada vez mais acessível — a escassez está no conhecimento de aplicação.
2. Estratégias multimodelo e open source reduzem dependência e aceleram inovação
Apostar em um único fornecedor de IA é arriscado tanto tecnicamente quanto financeiramente. Empresas inteligentes estão construindo arquiteturas flexíveis que permitem trocar modelos conforme necessidade, custo e performance.
3. O abismo de conhecimento cresce exponencialmente
A diferença entre quem domina IA avançada e quem não domina está se ampliando de forma dramática. Não estamos falando de 10% ou 20% de vantagem competitiva — estamos falando de multiplicadores de 20x, 50x, 72x em produtividade e eficiência.
4. Qualidade de dados é o novo petróleo (de novo, mas agora de verdade)
No Brasil, o principal obstáculo não é tecnologia ou talento — é a qualidade e organização dos dados. Empresas que investirem seriamente em governança de dados hoje terão vantagem competitiva brutal amanhã.
5. O impacto no trabalho é real, mas o futuro não está escrito
Sim, haverá substituição de tarefas e até funções inteiras. Mas também surgirão novas oportunidades para quem se adaptar. O otimismo dos desenvolvedores de software (37% veem IA como ampliadora de oportunidades) sinaliza que a narrativa não precisa ser catastrofista — mas exige movimento ativo, não passividade.
Por Que a Geopolítica da IA Importa Para Sua Estratégia de Negócio
Você pode estar pensando: “Ok, Felipe, entendi a geopolítica, mas o que isso muda no meu dia a dia?”
Muda tudo.
A tensão entre EUA e China não é apenas um conflito diplomático distante. Ela afeta diretamente:
- Custo de infraestrutura: A escassez de componentes críticos (como baterias) pode encarecer data centers e serviços de IA
- Acesso a modelos: Restrições comerciais podem limitar quais tecnologias ficam disponíveis em quais mercados
- Oportunidades de mercado: Países que não se alinham rigidamente a um dos blocos (como o Brasil) podem se tornar pontes estratégicas
- Velocidade de inovação: A competição geopolítica está acelerando investimentos e avanços técnicos de ambos os lados
Empresas inteligentes não estão esperando para ver “quem vence” essa disputa. Estão construindo estratégias de resiliência que funcionam em múltiplos cenários.
No meu trabalho com empresas e governos, tenho visto que as organizações mais preparadas são aquelas que:
- Mantêm arquiteturas tecnológicas flexíveis (multimodelo, multi-cloud)
- Investem em capacitação interna profunda, não apenas treinamentos superficiais
- Desenvolvem governança de dados robusta antes de escalar IA
- Criam comitês de ética e uso responsável desde o início
- Entendem IA como transformação organizacional, não apenas ferramenta técnica
O Momento é Agora — E a Janela Está Se Fechando
Se você chegou até aqui, provavelmente já entendeu a urgência do momento.
Não estamos mais na fase de “devo ou não devo investir em IA?”. Estamos na fase de “como construo vantagem competitiva sustentável usando IA antes que meus concorrentes façam?”
A diferença entre liderar e ficar para trás está se consolidando agora, nas decisões que você e sua organização tomam nas próximas semanas e meses.
Os casos que compartilhei — desde o projeto 72x mais rápido do Sebrae até os resultados de conversão do varejo brasileiro — mostram que a tecnologia funciona. A questão não é “se” ela vai transformar seu setor, mas “quando” — e se você estará preparado quando isso acontecer.
No meu programa de mentoring e nos cursos imersivos que conduzo, trabalho exatamente essas questões com executivos, empreendedores e líderes de inovação: como traduzir o potencial da IA em resultados práticos e mensuráveis, como construir estratégias de adoção que funcionam na realidade brasileira, e como desenvolver as competências críticas para liderar nesta nova era.
Porque no final das contas, a maior tensão geopolítica não está entre EUA e China. Está entre quem se move rápido e quem fica para trás.
E você?
De que lado dessa linha você quer estar?
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