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IA-nomics: A Nova Era Econômica da Inteligência Artificial e Quem Vai Prosperar

março 19, 2025 | by Matos AI

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Vivemos a alvorada de uma nova era econômica impulsionada pela Inteligência Artificial. O mercado latino-americano de IA deve alcançar impressionantes US$ 17,4 bilhões até 2027, segundo projeções da IDC citadas em recente estudo da Lenovo. Mais que um avanço tecnológico, estamos testemunhando uma mudança fundamental na maneira como as organizações geram valor e se posicionam competitivamente. Bem-vindos à era da IA-nomics.

O Nascimento da IA-nomics: Quando a Tecnologia se Transforma em Resultado de Negócio

Durante anos de trabalho com startups e inovação, observei um padrão consistente: tecnologias revolucionárias só geram valor real quando traduzidas em resultados tangíveis de negócio. A IA está seguindo exatamente este caminho, saindo da fase de promessa para a de entrega.

O conceito de IA-nomics captura perfeitamente esta transição: empresas estão deixando de focar apenas no desenvolvimento da tecnologia para priorizar os resultados econômicos que ela pode proporcionar. Não é mais sobre ter IA, mas sobre o que a IA pode fazer pelo seu negócio.


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As projeções são impressionantes: 50% dos investimentos em tecnologia até 2025 serão direcionados para IA generativa. A corrida já começou, e quem souber alinhar IA com estratégia de negócios sairá na frente.

O Novo Corredor de Desenvolvimento: Entre EUA e China

Enquanto debatemos adoção, os gigantes globais travam uma batalha geopolítica pela supremacia em IA. De um lado, a Nvidia acaba de anunciar o Vera Rubin, seu novo superchip que promete entregar 3,3 vezes o desempenho do Blackwell Ultra. Do outro, a China avança rapidamente com a DeepSeek, que se tornou o aplicativo de IA mais baixado nos EUA após seu lançamento.

O resultado? Os americanos estão reagindo com medidas restritivas contra a tecnologia chinesa, repetindo a estratégia usada contra o TikTok. Paralelamente, após o CEO da DeepSeek, Liang Wenfeng, apertar a mão do presidente Xi Jinping, a tecnologia da empresa virou ordem estatal e passou a ser adotada em tribunais e hospitais chineses.

Esta disputa geopolítica molda não apenas o desenvolvimento tecnológico, mas também o cenário econômico global da IA. Para nós no Brasil, compreender esta dinâmica é essencial para posicionar nossas empresas e nosso ecossistema de inovação no contexto internacional.

Os Quatro Pilares da IA-nomics: O Que Realmente Importa

Com base no estudo CIO Playbook 2025 da IDC, e combinando com minha experiência de mais de duas décadas no ecossistema de inovação, identifiquei quatro fatores essenciais para o sucesso na economia da IA:

  • Pessoas: A IA não substitui o capital humano, mas exige novas competências. As organizações precisam investir em capacitação e na atração de talentos com as habilidades certas para trabalhar com estas tecnologias.
  • Integração de sistemas legados: Modernizar a infraestrutura existente é um desafio recorrente. A integração eficiente da IA com os sistemas já estabelecidos é um fator crítico para o sucesso.
  • Qualidade dos dados: Sem dados confiáveis, não há IA eficiente. A estruturação e governança de dados se tornaram competências estratégicas.
  • Governança: Estabelecer diretrizes claras para o uso ético e responsável da IA é fundamental para mitigar riscos e garantir conformidade regulatória.

Como tenho observado em meu trabalho com startups e programas de aceleração, quem consegue harmonizar estes quatro pilares desbloqueia o verdadeiro potencial transformador da IA.

A Outra Face da Moeda: Os Impactos da IA no Mercado de Trabalho

A ascensão da IA-nomics traz consigo transformações profundas no mundo do trabalho. Um dado alarmante: um em cada quatro empregos em programação nos EUA desapareceu nos últimos dois anos. É a maior queda já registrada neste setor, que ironicamente era visto como um porto seguro na economia digital.

Curiosamente, aprender a programar foi apresentado como o grande caminho de salvação profissional para milhões de pessoas, mas hoje há menos programadores nos EUA do que em qualquer momento desde 1980. Será que estamos repetindo o mesmo erro no Brasil, focando apenas em habilidades técnicas que podem ser automatizadas?

Em minhas palestras sobre o futuro do trabalho, venho defendendo o conceito de CACACA – um acrônimo para as seis habilidades essenciais para profissionais na era da IA: Criatividade, Autonomia, Colaboração, Adaptabilidade, Conexão e Afeto. São justamente estas habilidades humanas que complementam a IA, em vez de competir com ela.

Democratização vs. Centralização: O Paradoxo da IA

Enquanto a discussão sobre o futuro do trabalho avança, observamos um fenômeno interessante no desenvolvimento de ferramentas de IA: a democratização do acesso. Pesquisas apontam que 75% das pequenas e médias empresas planejam adotar soluções com IA até o final de 2025, e plataformas como Wix, Shopify e WordPress já integram assistentes virtuais para automatizar a criação de sites.

Isso cria um interessante paradoxo: por um lado, a tecnologia de IA está se tornando mais acessível para pequenos empreendedores e empresas; por outro, a infraestrutura que alimenta essa tecnologia (chips de IA, data centers, modelos de linguagem) está cada vez mais concentrada em poucas empresas gigantes.

Em meu trabalho com startups, tenho incentivado empreendedores a encontrarem nichos específicos onde podem criar valor com IA, mesmo sem competir diretamente com os gigantes. A especialização e o conhecimento de domínio são os grandes diferenciadores neste cenário.

A IA na Saúde: Quando Algoritmos Salvam Vidas

Um dos campos mais promissores para aplicação da IA é a saúde. Pesquisadores chineses desenvolveram uma ferramenta capaz de prever com 82,2% de precisão o risco de recorrência de câncer no fígado — a terceira principal causa relacionada ao câncer no mundo, com uma taxa de recorrência pós-operatória de até 70%.

Chamado Times, este sistema utiliza IA para quantificar os padrões de distribuição espacial das células imunes dentro do tumor. É um exemplo poderoso de como a tecnologia pode transformar áreas críticas para o bem-estar humano.

No Brasil, temos um enorme potencial para desenvolver aplicações de IA em saúde, especialmente considerando nossos desafios de acesso e distribuição de recursos médicos. Durante minha atuação com aceleração de startups, tenho visto um número crescente de healthtechs explorando este caminho, mas ainda estamos longe de nosso potencial pleno.

A Urgência de um Marco Regulatório Equilibrado

Com o avanço rápido da IA, a criação de um marco regulatório equilibrado se torna cada vez mais necessária. Em artigo recente, o deputado Reginaldo Lopes destacou sua participação em um evento em Bruxelas sobre regulação da IA, promovido pela Comunidade Europeia, onde especialistas debateram os desafios e soluções adotadas na Europa.

O Brasil precisa avançar nesta discussão, buscando um equilíbrio que proteja direitos e estimule a inovação. Como membro fundador da Associação Dínamo, sempre defendi que o melhor caminho regulatório é aquele que protege sem sufocar, que estabelece diretrizes claras sem impedir a experimentação.

A Lei de Serviços Digitais e a Lei de Mercados Digitais da Europa oferecem referências importantes para a distribuição de responsabilidades entre empresas e consumidores, buscando impedir abusos sem comprometer a liberdade de criação e inovação.

Criatividade Humana vs. IA: A Batalha pelos Direitos Autorais

Outro tema que tem ganhado relevância é o impacto da IA nos direitos autorais. Centenas de astros de Hollywood pediram em carta aberta que a Casa Branca proteja os direitos do cinema, da TV e da música das gigantes da tecnologia e da IA.

O documento, assinado por cerca de 400 artistas e diretores, é uma resposta às grandes empresas que defendem que seus modelos de IA devem ter permissão para serem treinados em uma ampla gama de trabalhos protegidos por direitos autorais, sob o argumento de que ficariam atrás das concorrentes chinesas caso contrário.

Este debate reflete uma tensão fundamental: como equilibrar avanço tecnológico e proteção da criatividade humana? As respostas que encontrarmos para esta questão moldarão não apenas o futuro das artes, mas também o desenvolvimento de toda a indústria de IA.

O Brasil na Era da IA-nomics: Oportunidades e Desafios

O Brasil tem uma oportunidade única neste momento. Segundo a pesquisa do Google em parceria com a Ipsos mencionada no artigo sobre IA e criação de sites, 54% dos brasileiros utilizaram IA generativa em 2024, acima dos 48% da média global. Além disso, 65% dos respondentes brasileiros estão confiantes em relação às possibilidades da IA, superando a média global de 57%.

Estes dados mostram que, apesar de nossos desafios estruturais, temos uma população aberta e receptiva às novas tecnologias. Esta característica pode ser um diferencial competitivo importante.

Em minha trajetória apoiando mais de 10 mil startups, tenho visto um crescimento significativo de empreendimentos focados em IA no Brasil. O desafio agora é transformar esta energia empreendedora em empresas competitivas globalmente, que não apenas adotem tecnologias existentes, mas que desenvolvam soluções originais para problemas locais e globais.

Como Se Posicionar na Era da IA-nomics: Um Guia Prático

Para finalizar, gostaria de compartilhar algumas recomendações práticas para empreendedores, gestores e profissionais que querem prosperar na era da IA-nomics:

  • Foco em resultados, não em tecnologia: A IA deve ser um meio para atingir objetivos de negócio, não um fim em si mesma.
  • Invista em dados antes de investir em IA: Sem uma estratégia sólida de dados, sua IA será apenas mais um custo sem retorno.
  • Desenvolva competências CACACA: Criatividade, Autonomia, Colaboração, Adaptabilidade, Conexão e Afeto são as habilidades que complementam a IA, não competem com ela.
  • Busque nichos específicos: Especialização e conhecimento de domínio são os grandes diferenciadores no mundo da IA.
  • Priorize a experiência do usuário: A IA deve tornar a vida das pessoas mais fácil e agradável, não mais complicada.
  • Esteja atento às questões éticas e regulatórias: Antecipe-se às discussões sobre privacidade, viés e transparência algorítmica.
  • Construa alianças estratégicas: Poucas empresas terão todos os recursos necessários para desenvolver soluções completas de IA. Parcerias serão essenciais.

Nestes tempos de rápida transformação, lembro-me frequentemente do que aprendi trabalhando com startups: a adaptabilidade é tão importante quanto a visão estratégica. No meu trabalho de mentoria com empreendedores, tenho enfatizado a importância de manter um olho no horizonte de longo prazo, mas com a flexibilidade para ajustar o curso conforme o cenário evolui.

A era da IA-nomics apenas começou, e aqueles que conseguirem combinar visão tecnológica com foco em resultados de negócio estarão melhor posicionados para capitalizar as oportunidades que surgirão. Estou otimista quanto ao potencial do Brasil neste novo cenário, desde que consigamos alinhar políticas públicas, investimentos privados e formação de talentos em uma estratégia coerente de longo prazo.

Na minha prática como mentor de startups e consultor de inovação, tenho ajudado empresas a navegar por essa transição, identificando oportunidades específicas em seus setores e construindo capacidades internas para aproveitar o potencial da IA. Se você está buscando orientação para posicionar seu negócio na era da IA-nomics, entre em contato para conversarmos sobre como posso apoiar sua jornada.

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