Radar da IA: Pesquisador Brasileiro Barrado, Avanços da China e o Paradoxo Ambiental
março 22, 2025 | by Matos AI

Tensões Geopolíticas e Barreiras Para Talentos Brasileiros em IA
A geopolítica da inteligência artificial continua mostrando sua face mais dura e, dessa vez, um brasileiro está no centro da questão. Rodrigo Nogueira, um dos principais pesquisadores de IA do Brasil, teve seu visto negado para entrar nos Estados Unidos, onde daria uma palestra na Universidade Harvard. O caso é emblemático e preocupante.
Segundo reportagem do Estadão, Nogueira percebeu uma clara mudança na postura dos entrevistadores do consulado americano quando mencionou que trabalhava com inteligência artificial. O consulado solicitou documentos adicionais sobre sua viagem a Taiwan e sua pesquisa na Universidade de Nova York, culminando na negativa do visto.
Esse incidente não é isolado. Reflete uma tensão crescente no cenário global da IA, onde o conhecimento em tecnologias avançadas está se tornando fator de segurança nacional. A reação americana parece ser parte de uma estratégia mais ampla de contenção tecnológica direcionada principalmente à China.
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Em outra frente dessa mesma batalha, o Poder360 reporta que os EUA detiveram a startup chinesa DeepSeek sob acusações de representar uma ameaça. O padrão é claro: estamos diante de uma verdadeira corrida armamentista tecnológica, onde o conhecimento em IA virou moeda de alto valor estratégico.
China Avança com Startups de IA Apoiadas pelo Governo
Enquanto isso, a China segue sua própria estratégia para dominar o cenário da IA. A Folha de S.Paulo noticia que Pequim está impulsionando a startup Manus, que recentemente anunciou seu assistente de IA com ambições de competir com modelos já estabelecidos.
O suporte governamental à Manus sinaliza a abordagem chinesa ao desenvolvimento de IA: um esforço coordenado entre Estado e iniciativa privada. É fascinante observar como, mesmo com regulamentações rigorosas sobre o uso de IA, o governo chinês encontra caminhos para fomentar inovação em áreas estratégicas.
Essa dinâmica reforça algo que venho defendendo há anos em minhas mentorias e palestras: a importância crucial de políticas públicas bem estruturadas para o desenvolvimento tecnológico. No Brasil, tivemos algumas iniciativas nesse sentido, como o programa Start-Up Brasil que tive a honra de dirigir, mas precisamos avançar muito mais se quisermos ter relevância global.
A Evolução da IA: Do Processamento à “Capacidade de Pensar”
Um dos desenvolvimentos mais interessantes nas últimas 24 horas vem da reportagem do UOL Tilt sobre o que chamam de “robô que pensa”. Estamos assistindo a uma mudança de paradigma na forma como as IAs funcionam, com maior ênfase no raciocínio em vez da simples resposta a prompts.
A OpenAI aparentemente introduziu uma mudança significativa nessa direção, e diversos modelos com essa nova habilidade estão surgindo rapidamente entre os concorrentes. É uma evolução esperada, mas não menos impressionante.
Contudo, precisamos olhar com cautela para estas afirmações. O teste “Humanity’s Last Exam”, mencionado pelo GZH, vem medindo a performance de IAs em diversas áreas e revelando um quadro mais nuançado. Apesar da melhora em capacidades de raciocínio, o desempenho dessas IAs ainda é inferior a especialistas humanos em muitas áreas.
Isso reforça uma das minhas principais mensagens quando falo sobre IA em meus treinamentos corporativos: precisamos de uma visão realista das capacidades e limitações dessas tecnologias, evitando tanto o hype excessivo quanto o ceticismo paralisante.
IA e Educação: CAPES Investe em Inovação Pedagógica
Uma notícia que me deixa particularmente otimista vem do setor educacional. A CAPES anunciou que selecionará até 30 propostas que utilizem IA na educação com foco em inovação pedagógica. Os projetos selecionados receberão financiamento para implementação, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Brasil.
Esta iniciativa dialoga diretamente com minha experiência como fundador da primeira neo-universidade da América Latina. Na Sirius, sempre trabalhamos com a perspectiva de que a tecnologia deve ser uma aliada na transformação da educação, não apenas um acessório.
A aplicação de IA em contextos educacionais é um campo promissor que pode ajudar a superar alguns dos gargalos históricos da educação brasileira. No entanto, precisamos garantir que essas tecnologias sejam implementadas de forma inclusiva e ética, evitando aprofundar desigualdades já existentes.
Consumo e Atendimento: IA Criando Experiências Mais Fluidas
No setor de atendimento ao cliente, a IA também está causando transformações significativas. De acordo com o Terra, a inteligência artificial está transformando o atendimento com interações mais ágeis e precisas. A capacidade da IA de compreender interações e gerar insights vem se tornando essencial, especialmente com os avanços da IA generativa.
Tenho observado esse movimento de perto em meu trabalho com startups e empresas estabelecidas. Aquelas que conseguem implementar soluções específicas de IA, integrando sistemas avançados de gestão do conhecimento, estão criando vantagens competitivas significativas.
A questão central para empreendedores e gestores é: como implementar essas tecnologias de forma eficiente e segura? Em meus programas de mentoria, enfatizo que não basta adotar a tecnologia – é preciso redesenhar processos e, principalmente, preparar as pessoas para trabalhar em conjunto com essas ferramentas.
O Paradoxo Ambiental da IA
Uma dimensão frequentemente esquecida no entusiasmo com os avanços da IA são seus impactos ambientais. Especialistas alertam, segundo a Radioagência Nacional, que o uso de IA gera impactos ambientais consideráveis, com a demanda de eletricidade podendo dobrar até 2026.
Este é um paradoxo interessante: por um lado, a IA pode ajudar a otimizar sistemas, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência energética; por outro, os próprios sistemas de IA são energeticamente intensivos. Modelos de linguagem de grande porte (LLMs) como GPT-4 ou Claude consomem quantidades enormes de energia tanto em seu treinamento quanto em sua operação.
O Brasil tem uma posição privilegiada nesse debate, graças à nossa matriz energética predominantemente renovável. Podemos e devemos aproveitar essa vantagem competitiva para desenvolver soluções de IA mais sustentáveis, posicionando-nos como líderes em tecnologias verdes.
IA e Mídia: Jornalismo Totalmente Automatizado
No campo da mídia, uma notícia chama a atenção: o jornal italiano Il Foglio lançou uma edição feita completamente por IA, segundo a Folha de S.Paulo. Essa iniciativa levanta questões importantes sobre o futuro do jornalismo e o papel da supervisão humana na produção de conteúdo.
Durante minha trajetória profissional, sempre defendi que a tecnologia deve amplificar as capacidades humanas, não substituí-las completamente. No caso do jornalismo, há elementos como contexto cultural, sensibilidade ética e discernimento editorial que exigem uma compreensão profundamente humana.
Ao mesmo tempo, não podemos ignorar o potencial da IA para automatizar tarefas repetitivas e liberar jornalistas para trabalhos de maior valor agregado, como investigações aprofundadas e análises complexas. O desafio está em encontrar o equilíbrio certo.
Perspectivas para Empreendedores e Inovadores
Ao observar esse panorama de notícias das últimas 24 horas, fica evidente que estamos em um momento de inflexão na evolução da IA. As tensões geopolíticas, os avanços técnicos, as aplicações em diversos setores e as preocupações éticas e ambientais criam um cenário complexo, mas repleto de oportunidades.
Para empreendedores brasileiros, recomendo atenção especial a três pontos:
- Desenvolvimento de soberania tecnológica: O caso do pesquisador brasileiro barrado nos EUA demonstra a importância de construirmos nossa própria infraestrutura e conhecimento em IA, como bem apontou Nogueira em sua entrevista.
- Foco em soluções específicas para problemas locais: Em vez de tentar competir frontalmente com gigantes globais, identifique problemas brasileiros ou latino-americanos que podem ser resolvidos com IA.
- Atenção aos impactos ambientais e sociais: Desenvolva desde o início uma visão responsável sobre como sua tecnologia impacta o mundo, considerando aspectos ambientais, éticos e sociais.
Ao longo dos meus 25 anos de experiência com tecnologia e inovação, aprendi que momentos de transformação como este são os mais férteis para empreendedores visionários. No meu trabalho de mentoria e aconselhamento para startups, tenho ajudado fundadores a navegarem nesse cenário complexo, identificando oportunidades concretas em meio às incertezas.
Conclusão: O Brasil na Encruzilhada da IA
As notícias das últimas 24 horas mostram que estamos em uma encruzilhada global no desenvolvimento da IA. As disputas geopolíticas se intensificam, as tecnologias avançam rapidamente, e os impactos sociais, econômicos e ambientais se tornam cada vez mais evidentes.
O Brasil precisa definir seu papel nesse cenário. Temos talentos de classe mundial (como demonstra a própria história de Rodrigo Nogueira), uma matriz energética privilegiada para sustentar desenvolvimento tecnológico verde, e desafios sociais que podem se beneficiar enormemente de aplicações inteligentes de IA.
No meu trabalho com empresas, startups e instituições de apoio ao empreendedorismo, tenho enfatizado a necessidade de uma abordagem estratégica, que combine visão de longo prazo com execução pragmática. Não podemos nos dar ao luxo de ficar à margem dessa revolução tecnológica.
Se você está desenvolvendo soluções baseadas em IA ou buscando aplicar essas tecnologias em sua organização, estou à disposição para compartilhar insights e experiências acumuladas ao longo dos anos ajudando mais de 10 mil startups. O futuro da IA no Brasil está sendo escrito agora, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa história.
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